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James Potter: um recomeço?

Aqueles que gostam de imaginar o que aconteceu antes, durante – os missing moments – e depois da história contada nos livros costumam gostar também de colocar isso no papel. E assim nascem as fanfics. Mas quando uma fanfic passa de pura entretenimento de fã e vira motivo para comércio e violação de direitos autorais? Nessa coluna Igor Silva trata de uma série de fanfictions que está, inclusive, sendo vendida ao lado dos livros de Rowling em alguns países!

Para ler e discutir se a saga de James Potter é uma sucessora ou um plágio de Harry leia a coluna aqui!

Por Igor Silva

O fim da saga Harry Potter deixou uma abertura enorme para a nossa imaginação. Um epílogo de apenas seis páginas, na minha visão e na de muitos fãs também, não foi o suficiente para sete livros que nos acompanharam por tanto tempo.

Talvez Rowling tenha feito isso de propósito. Sem um final satisfatório de fato, muitas fan fictions pós-DH surgiram e, de certa forma, continuam o legado deixado pelas obras do bruxinho.

No Brasil, dois grupos de escritores de fics se destacam: os Obliviadores de J. K. (Harry Potter e o mistério do véu negro, Harry Potter e a inversão às trevas e Harry Potter e a Fonte Lunar) e os Aurores de Rowling (Harry Potter e a maldição do espelho). Acompanhando a tendência do desaquecimento do mundo potteriano, os mesmos há muito não lançam nenhuma história nova.

Entretanto, de forma verdadeiramente espantosa, uma fic adquiriu uma fama mundial (uma lista de lugares que vai dos EUA a Hong Kong): James Potter e a Travessia dos Titãs (já traduzido para o português pela Máfia dos Livros, Armada Tradutora, LLL – Divisão de Traduções Luso-Brasileira e HP Images), escrito por George Norman Lippert.

Eu conheci este e-book através de um post em uma das (milhares de) comunidades destinadas à Harry Potter. À época, me surpreendi com a ansiedade dos fãs quanto ao “lançamento” do segundo volume da série (James Potter e a Maldição do Guardião), algo que não é muito comum no mundo das fan fictions.

Mesmo não nutrindo costume de ler fics (algumas são muito desconexas e sem noção), me desafiei e acabei fazendo o download. Qual não foi a minha surpresa quando vi um e-book com um texto acima da média das traduções amadoras, bem ilustrado, formatado, com uma arte de capa em português (o que é raro quando se trata de um original escrito em inglês) e detentor de uma história interessante.

O autor não possui o mesmo talento de Jô na hora de escrever, mas por mais incrível que possa parecer, Lippert conseguiu prender minha atenção até a última das 432 páginas que constituem a sua história em português.

Logo fiquei sabendo que o livro impresso era vendido nas livrarias americanas normalmente, ao lado das consagradas obras de Rowling que já tem espaço reservado nas estantes das mesmas. E, pasmem, foi gravado um filme da obra, produzido por fãs.

Bem verdade que o filminho não pode ser comparado com as mega-produções da Warner: a câmera não é de boa qualidade, os atores não são lá uma maravilha e o áudio, vez ou outra, falha. Entretanto, tratando-se de uma produção amadora, os efeitos especiais surpreendem.

A história de Lippert foi rejeitada três vezes pelo Mugglenet, o que estimulou ao autor a abrir um site dedicado exclusivamente para o mesmo. Depois de muitos acessos, ele escreveu uma continuação e dia 01/01/2010, será lançado o terceiro livro da saga.

George ainda pegou carona e escreveu uma outra obra com fins lucrativos claramente embasada em Harry Potter: a personagem principal também é uma bruxa, possui uma varinha e usa a vassoura como esporte.

Surgiu então um impasse: se por um lado, as histórias de James Potter são um consolo para quem ainda não esqueceu Harry, por outro infringe as leis de copyright internacional pela qual os livros escritos por J. K. Rowling são protegidos. Afinal, o autor não estaria praticando plágio?

A autora ensaia um processo e os diálogos entre ambas as partes encontram-se em andamento. Segundo a Wikipedia, G. N. Lippert estaria colhendo provas para apresentar à Senhora J. K. Rowling de que não existe lucro na vendagem das obras (não tomem isso como fato, por favor. A Wikipedia não é confiável).

Mas aí fica um questionamento: no momento em que Rowling publicou a sua obra e a mesma teve alcance mundial, os seus personagens então não pertencem igualmente a todo mundo? Contudo, pessoas podem usar o mundo de Hogwarts para lucrar em cima de uma idéia que não é sua?

Fato mesmo é que não existe um consenso e isso tem divido alguns fãs pelo mundo: os que apóiam e os que repudiam a fic de George Lippert. Mas, mesmo com toda essa problemática, James Potter pode ser um recomeço para aqueles que não aceitam o fim de Harry Potter? Eu deixo a palavra com vocês.

Igor Silva é estudante.