Quem não gosta de uma boa história de suspense ou de romance? Se você prefere os dois juntos, vai gostar de “Sussurro”, o primeiro de uma série de livros de Becca Fitzpatrick. A protagonista é uma moça, Nora, que vive um relacionamento complicado com o misterioso Patch.
[meio-2] Segundo nossa resenhista Luciana Zulpo, a capa do livro já traz um certo spoiler… “Sussurro” é uma história sobre anjos, mas sem pretensão. A intenção é acompanhar o relacionamento entre Nora e Patch, descobrir os segredos da trama e dar algumas risadas no caminho. Leia o texto e deixe seu comentário!
“Sussurro”, de Becca Fitzpatrick
Tempo: para ler de um tiro só no fim de semana | |
Finalidade: para ficar na ponta da cadeira | |
Restrição: para quem tem dificuldades com pontos de vista alternativos | |
Princípios ativos: anjos, romance, colegial, suspense, nephilim. |
“…deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas os lançou ao inferno e os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo…
— 2 pedro 2:4”
Nora Grey é uma colegial de cabelos encaracolados com notas perfeitas. Nora é bonita. Nora tem uma melhor amiga engraçadíssima. Nora tem um ótimo relacionamento com a mãe. Tudo está bem com Nora.
Até que em uma fatídica aula de biologia (começo a achar que só as minhas aulas de biologia eram sem graça) ela é obrigada a ser parceira de Patch, o garoto transferido.
Patch.
Olhos negros e gelados, um sorriso que promete encrenca. Pronto para afogar Nora em sarcasmo e em perguntas constrangedoras (você dorme nua?). Aparentemente, ele sabe tudo – perturbadoramente tudo – sobre Nora. Coincidência ou não, a partir daí a vida de Nora começa a fervilhar com incidentes perigosos e inexplicáveis. Ela começa a se perguntar se é seguro confiar em sua própria mente, se não está enlouquecendo.
Há algo que eu tenho que comentar – a capa do livro. É linda. Como esse foi meu primeiro contato com a série, minhas expectativas foram parar no telhado. No final, fiquei com a sensação de que estava faltando alguma coisa.
Nora é um personagem que não tem medo de dizer o que quer ou de fazer algumas loucuras se necessário. Ela não é lenta para sacar o que está acontecendo, para o alívio dos leitores que não tem que agüentar um suspense inútil. Todos já sabem previamente o que Path é na verdade – afinal, digamos que a capa é o spoiler mais artístico que eu já vi. É divertido acompanhar sua narração, que é dinâmica e nunca perde o ritmo.
Os diálogos são rápidos e sempre com algumas boas sacadas. O romance despertado entre Nora e Patch equilibra-se entre desejo, irritação mútua e amor, sem ficar meloso demais (nem picante demais, não criem falsas expectativas).
Entretanto, o livro é uma fantasia e, como tal, deve ser limitada por regras que sustentem o mundo criado. Acabamos sabendo muito pouco sobre os anjos – apenas o suficiente para a história andar. Não há dados suficientes para construirmos em nossas mentes esse mundo dos anjos, o que tira muito da credibilidade deles.
Além disso, o tempo todo somos alertados sobre como Patch é perigoso, como seu passado é negro…mas nada disso é mostrado, pelo menos não o suficiente para tornar esse perigo real. O fato dele ter caído do paraíso, por escolha própria, não é explorado a contento, então nós não chegamos a entender todo o significado dessa condição. Sinceramente, era por essa explicação que eu mais ansiava.
O drama motivador do/a vilão/vilã não comove por não ter sido devidamente preparado, sendo um dos últimos focos de atenção. É claro, a narração em primeira pessoa contribui para isso, já que só vemos o lado de Nora. O suspense, por outro lado, é bem construído e prende até as últimas páginas.
Se você estava esperando um tratado inovador sobre anjos e sua queda, esse ainda não é o livro. Se você quer um suspense com doses certas de romance e risadas, não irá se decepcionar.
Resenhado por Luciana Zulpo
264 páginas, Editora Intrínseca 2010.
*Título original: Hush Hush. Publicado originalmente em 2009.