Filmes e peças ︎◆ O Enigma do Príncipe

Variety elogia técnica de EdP em nova crítica

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Muitas críticas, construtivas em sua grande maioria, em relação ao filme Enigma do Príncipe foram feitas ultimamente. Na crítica preparada pela revista americana Variety, os elogios vão desde o diretor, David Yates, até o núcleo adulto do elenco.
Segundo a revista, Yates “se mostra visivelmente mais confiante neste aqui, injetando uma maior dose de realismo em algo que começou oito anos atrás como pura fantasia infantil“, fazendo, desse modo, um filme que é “claro e equilibrado“.

O representante do periódico pôde ver a película na última quarta-feira, numa exibição especial para a imprensa na sede estadunidense da produtora Warner Bros., em Burbank, e não poupou elogios para as performances dos veteranos Alan Rickman e Helena Bonham Carter:

Neste capítulo da saga de Potter, o sempre asqueroso e ambíguo Severo Snape é obrigado a mostrar suas verdadeiras cores e o indispensável Rickman, como sempre, atinge seu objetivo com uma interpretação que é a verdadeira personificação do sarcasmo. De vez em quando, ele é estimulado pela pérfida Belatriz Lestrange, um papel que Helena Bonham Carter trata com uma impulsividade tão hipnotizante que o público espera que a personagem mostre a que veio no último volume.

Você poderá conferir a tradução completa da crítica na extensão e dar sua opinião quanto às expectativas relacionadas à adaptação através dos comentários.

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE
Crítica de ‘Harry Potter e o enigma do Príncipe’

Variety ~ Todd McCarthy
05 de julho de 2009
Tradução: Renan Lazzarin e Ricardo Olissil

Infantilidade é coisa do passado em “Harry Potter e o enigma do Príncipe”. De repente, parecendo um pouco mais maduros, os estudantes de Hogwarts são forçados a lidar com pesados assuntos de mortalidade, memória e perdas neste sexto episódio da adaptação cinematográfica da história de Potter escrita por J. K. Rowling. Feito de forma estupenda e talvez deliberadamente menos fantasioso que os seus antecessores, este filme é interpretado de modo a aproximar-se palpavelmente de um drama de vida ou morte do que qualquer um dos outros e, como tal, um tanto eficaz nisso. Atrasado pela Warner Bros. de um lançamento tardio em 2008 para que pudesse colher a mesma riqueza que “Batman – O Cavaleiro das Trevas” conseguiu no último verão, “Príncipe” está pronto para seguir os seus predecessores como um dos 2 ou 3 filmes que mais arrecadaram no ano.

Após seu trabalho em “Ordem da Fênix”, o roteirista Steve Kloves felizmente voltou mais uma vez à habilidosa tarefa de condensar um volumoso livro num bem administrado drama. Entre muitas difíceis decisões na narrativa, ele cortou a violência em volta do clímax e deixou de lado para o próximo episódio a apresentação do ministro da magia Rufo Scrimgeour.

O diretor David Yates, após uma prosaica estreia em séries no filme anterior, se mostra visivelmente mais confiante neste aqui, injetando uma maior dose de realismo em algo que começou oito anos atrás como pura fantasia infantil. Corujas mensageiras e elfos-domésticos falantes foram substituídos por flertes descarados numa casa de chá subterrânea, controle de segurança na escola e hormônios à flor da pele nos adolescentes. Os sets foram despojados de forma a amenizar a visão de contos de fadas no castelo de Hogwarts e enfatizar seu lado cinzento e medieval, e mesmo a obrigatória partida de quadribol é realizada com uma maior preocupação espacial do que nunca.

Assim, a história global caminha para a morte de um importante personagem no final dessa sexta parte, que já antecede o que poderemos ver em um confronto de Harry versus seu arqui-inimigo Voldemort já no clima de “Harry Potter e as Relíquias da Morte”. Este está sendo filmado em duas partes, o que representa um aumento ótimo à série. É difícil imaginar assistir “enigma do Príncipe” sem ter uma noção sobre Harry Potter para saber como aquilo chegou até ali, mas é formidável a abertura com um peso e textura cinematográfica, mas que peca apenas por certa falta de modulação dramática.

Estamos com a vilã Dolores Umbridge fora do caminho, mas o invisível Lord Voldemort está surgindo, e nem Londres, sujeita a um ataque dos Comensais da Morte na abertura, ou mesmo Hogwarts podem se considerar a salvo da tempestade que é o Lorde das Trevas. Enquanto isso, Dumbledore leva Harry ao longo de sua jornada para recrutar o ex-colega Horácio Slughorn. Ele que será o novo professor de Poções de Hogwarts facilitando a providência de revelações importantes sobre Voldemort. Do outro lado, porém, temos Draco Malfoy, o inimigo de Harry na escola, que se prepara para cometer um crime hediondo destinado a preparar a volta triunfal de Voldemort.

Conquanto Harry continue consciente de seu posto como “o Eleito,” ele não está totalmente isento da cobiça, inveja e intrigas que preocupam seus colegas adolescentes como nunca antes. Enquanto a crescente atração de Harry pela irmã de Rony, Gina, se desenvolve demoradamente, Rony é alvo fácil para as atenções da irreprimível Lilá Brown. Mas, como sabemos, existe o fato inexplicável de que a brilhante Hermione ama o comparativamente lento Rony e tem apenas o ombro de Harry para chorar; isso quando ele não está na companhia da sonhadora Luna Lovegood.

Mas avaliar as relações românticas não é nem de longe tão divertido quanto simplesmente observar as grandes mudanças físicas nos atores mirins, cujo crescimento nas telonas tem sido documentado no decorrer de uma década na qual falar é fácil [tudo é dito e feito]. A maior mudança desde “Fênix,” lançado há dois anos, foi registrada por Tom Felton, que interpreta Malfoy; agora um rapaz alto nos moldes de Jimmy Stewat e com um rosto semelhante ao de Jonathan Pryce, que se eleva em frente ao Harry de Daniel Radcliffe, que parece ser o menor integrante do elenco (o que não era verdade quando Imelda Stauton estava por perto).

Rupert Grint, como Rony, sempre pareceu um tantinho mais velho que os outros e, à medida que o tempo passa, continua a mostrar mais personalidade. Emma Watson, persistentemente atraente como Hermione, se tornou uma jovem muito cativante, e a Gina de Bonnie Wright intriga como o tipo de companheira leal que, no fim, acaba conquistando.

Quem se junta aos colegas veteranos como Michael Gambon, Alan Rickman, Maggie Smith, Robbie Coltrane e Warwick Davis no corpo docente de Hogwarts é Jim Broadbent, que surge num disfarce maravilhoso e, mais tarde, se torna o velho professor excêntrico que Harry pressiona para obter as memórias de Voldemort; a encarnação estudantil deste último como Tom Riddle é vista em duas sequências cruciais das memórias.

Neste capítulo da saga de Potter, o sempre asqueroso e ambíguo Severo Snape é obrigado a mostrar suas verdadeiras cores e o indispensável Rickman, como sempre, atinge seu objetivo com uma interpretação que é a verdadeira personificação do sarcasmo. De vez em quando, ele é estimulado pela pérfida Belatriz Lestrange, um papel que Helena Bonham Carter trata com uma impulsividade tão hipnotizante que o público espera que a personagem mostre a que veio no último volume.

Os detalhes da última expedição de Dumbledore com Harry podem se provar um pouco confusos aos leigos, embora seja improvável que haja muitos deles na plateia a esta altura. Fora isto, o filme é equilibrado e organizado; agora que já se sente em casa com o material, Yates fez uma película de “Potter” menos desesperado para superar os antecessores, um sinal da maturidade que a série atingiu.

Entre os valores sempre ressaltados da produção e os efeitos especiais e visuais acima da média, considerações excedentes devem ser feitas quanto à fotografia de atmosfera excepcional de Bruno Delbonnel e a trilha exageradamente emocionante de Nicholas Hooper, que contém levíssimos traços dos temas originais de John Williams.

Depois de dois lançamentos classificados como PG-13, este recebeu o selo PG, como os três primeiros filmes. Com 153 minutos, “Enigma do Príncipe” é o terceiro maior longa da série e parece ter cabido bem nessa duração; “Ordem da Fênix,” com 138, parecia muito curto.