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A magia não tem fim

Nossa colunista, Isadora Cecatto, continua nossa área de Crônicas com uma viagem pelo mundo de Harry Potter ao longo dos 10 anos da série. Você acha que acabou? Pois ainda tem muito mais, e aquilo que os leitores aprenderam com Harry Potter estará presente em suas vidas por muito tempo.Se você ainda não leu Harry Potter and the Deathly Hallows e não quer saber de spoilers, não aconselhamos a leitura.

Você pode conferir a coluna completa aqui.

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A magia não tem fim

Por Isadora Cecatto

É, parece que acabou. O último livro, a última jornada, o fim dos mistérios, enfim. Depois de dez anos para os fãs e quinze para a grande mente que criou esse mundo incrível, a mágica saga teve seu tão esperado e tão temido desfecho. As cortinas do grande espetáculo se fecharam, as luzes foram apagadas e o cenário retirado. Mas há uma diferença crucial entre o fim de Harry Potter e como seria o fim de um show qualquer. Tudo acabou, mas a platéia continua sentada em frente ao majestoso palco, uns com lágrimas nos olhos, outros exibindo sorrisos exultantes, todos compartilhando a sensação de grande vazio que se instala com rapidez no peito, o apertando com crueldade. Mas qual o grande significado disso tudo?

Não é fácil transmitir em palavras o que o fim de tudo isso significa para os fãs dessa obra maravilhosa. Foram anos – ou meses, para os fãs mais recentes – na companhia quase diária das personagens, que envolveram a cada dia mais e mais a todos que tiveram oportunidade de conhecer o Mundo da Magia.

Seria hipocrisia dizer que “é só um livro”, ao passo que uma jornada como essa que fizemos junto de Harry, Ron, Hermione e todos os outros, está longe de ser apenas uma história de ficção qualquer. Quem leu esses sete livros com o fervor e o envolvimento que um verdadeiro fã sente ao fazê-lo, entende melhor do que ninguém o que eu quero dizer.

Harry Potter foi e continua sendo um grande sonho. J.K. Rowling nos apresentou um mundo novo, cheio de uma magia que vai além daquela praticada por uma varinha. O encanto das criaturas, do lugar incrível que é Hogwarts, das personagens intensas e da seqüência de acontecimentos incríveis que se sucederam ao longo dessa grande jornada, ultrapassaram os limites da imaginação que um autor de ficção poderia alcançar. O leitor foi convidado a adentrar uma realidade completamente nova, e aceitou o convite sem arrependimentos posteriores. Porque ler Harry Potter, ao menos para mim, vai além de ser espectador de uma história bem escrita. Ler Harry Potter é estar lá, participando de toda a aventura, fazendo parte dela de diversas formas. E somente quem mereceu a linda dedicatória de J.K. Rowling é capaz de compreender isso da maneira certa. Apenas quem tocou a Pedra Filosofal junto de Harry, quem mergulhou nas profundezas da Câmara Secreta e enfrentou todos os perigos que ela encerrava; só aqueles que sobreviveram ao Torneio Tribruxo com os corajosos competidores que o enfrentaram, aqueles que bateram de frente com Lord Voldemort por tantas vezes – e aprenderam a dizer seu nome não porque ele não existe, mas sim pelo que Dumbledore nos ensinou a respeito do medo -, aqueles que, então, estiveram com Harry até o fim da longa e dura jornada pela qual o herói e seus amigos passaram e se sentiram entorpecidos ao conhecer os pequenos futuros grandes bruxos que embarcaram no Expresso de Hogwarts, dezenove anos depois da dor. Só esses compreendem o que Jo quis expressar, e eu me orgulho de dizer que sou um deles.

Não importa qual foi a reação que se teve ao fechar o último livro. Seja os que se viram sorrindo abertamente em frente a ele, seja os que entraram num estado de transe, seja os que choraram por horas a fio como eu fiz, não faz diferença. Existe uma coisa que une todos os diferentes fãs pelo mundo afora, uma energia positiva que se sustenta a partir desse amor em comum. E essa é, na verdade, a verdadeira magia.

O poder de eternizar a obra que tanta felicidade nos proporcionou, está em nossas mãos. A arte de tornar a saga de Harry Potter uma obra atemporal, ao contrário do que muitos imaginam, não cabe à Warner, às editoras pelo mundo, tampouco à J.K. Rowling; tudo isso vai, afinal, terminar um dia. Essa tarefa cabe à nós. E por mais que tudo isso pareça um grande exagero, é preciso dizer que deixar essa magia acabar seria como deixar que uma parte de nós mesmos, fãs da saga, se fosse de repente. Deixar Harry Potter cair no esquecimento como se fosse apenas mais um livro no meio de tantos, seria renegar as lições que aprendemos com essa série e ignorar a importância que isso teve na vida de cada um de nós. É por isso que eu digo que, não importa onde eu estiver, seja dentro de alguns meses ou daqui a dez anos, vou levar esse mundo no meu coração, jamais deixando de fazer parte dele. Outros livros virão, ao passo que não podemos nos limitar a um único tipo de leitura. Mas sei que todo fã de verdade vai carregar eternamente a noção de que aqueles sete livros têm um significado especial, bem como a certeza de que cada segundo agonizante de espera valeu a pena.

Que todos, portanto, consigam transformar esse vazio que a falta da expectativa incrível de mais um livro novo nos traz, em um sentimento de gratidão e admiração eterna. Depois de ler o Epílogo que nos foi deixado como desfecho, só posso supor que todos tenham sentido a mesma sensação: J.K. Rowling sabiamente nos deixou a lição de que não há um fim, afinal. Há na verdade um constante recomeço. Os tempos de escola de Harry, Ron, Hermione e Ginny acabaram, é certo. Mas o Expresso de Hogwarts, de alguma forma, continuará partindo a cada primeiro de setembro como sempre fez, pois isso é eterno. E basta querer enxergar.

Isadora Cecatto é estudante e escritora de fanfics.