Artigos

Oh, crianças, isso é só um fim

Está chegando a hora. O momento que todos nós aguardamos e não queremos que chegue ao mesmo tempo. O lançamento do último filme de Harry Potter. Nos últimos anos, temos passado por um longo processo de “despedida”: o último livro, dia de filmagem, primeira parte do último capítulo, etc. Porém, depois de julho, o que nos resta?

Mariana Nascimento está aqui para responder! Nossa colunista oferece uma série de ideias para que nós continuemos firmes e fortes, acessando o Potterish, fazendo colunas e mantendo o mundo mágico em nossas vidas. Confira a íntegra aqui e deixe sua colaboração/lamento/desabafo nos comentários!


Estou triste. Perto do fim. Estou triste. (Kamila)
P.S.: Não é o fim. =’) (@camiilaaneves)

Ta, quando eu vi a notícia comecei a chorar que nem uma louca hasuhuashuas
Nunca pensei que fosse dizer isso, mas não quero que chegue a estreia, não quero mesmo x.x
(Annie)

Com a aproximação do último filme de “Harry Potter”, é comum encontrarmos manifestações de ansiedade, nostalgia antecipada e até desespero por parte dos pottermaníacos. Para muitos, “Relíquias da Morte – parte 2” marca o fim definitivo da série, mesmo que a publicação dos livros já tenha terminado há tempos.

No meu caso, confesso que há mais curiosidade e animada expectativa do que qualquer tipo de aflição, já que nunca me apeguei aos filmes, de modo que a leitura da última página de “Relíquias da Morte” foi o momento mais triste para mim. Assim, considerando meu relativo distanciamento emocional quanto a essa última estreia, atrevo-me a sugerir algumas ocupações ligadas a “Harry Potter” para aqueles que precisam exteriorizar de alguma forma seu fanatismo pela série.

Faça você mesmo

Esse calor insuportável
Não abranda o frio da alma
A vida já não é tão segura
E nada mais lhe acalma
(Só o fim – Camisa de Vênus)

Se depois do filme você começar a sentir algo parecido com os efeitos da presença de dementadores, uma das saídas (além de comer chocolate) é tentar filmar sua própria versão das histórias criadas por J.K. Rowling, especialmente aquelas que provavelmente não serão contempladas pelos grandes estúdios, como os contos de Beedle, o bardo.

Como inspiração, sugiro uma visita a http://www.thehuntforgollum.com/, site do filme “The Hunt for Gollum”, feito por fãs de “O Senhor dos Anéis”.

Caso essa não seja sua praia, você pode analisar os diversos assuntos abordados pela série e participar de discussões. Uma boa maneira de fazer isso, aliás, é ler e comentar as colunas do Potterish e de outros sites. Isso é válido não só porque deixa os colunistas felizes ou porque mantém o vínculo com os livros, mas também porque procurar entender uma obra de que se gosta é um caminho para compreender a si mesmo e pelo menos uma parte do mundo (afinal, uma obra é uma parte do mundo).

Outra possibilidade é tentar trazer J.K. Rowling ao Brasil para ter uma conversa com os fãs e conhecer a família da cobra que Harry libertou no zoológico britânico. É verdade que Rowling não costuma fazer visitas públicas por aí, e por isso essa ideia talvez pareça um tanto fantasiosa (mas quando se trata de “Harry Potter”, a fantasia é quase obrigatória); porém, ultimamente alguns sites de mobilização para financiamento de shows (por exemplo, o www.mobsocial.com.br) têm recebido bastante atenção, pois permitem que milhares de fãs criem a oportunidade de ver uma apresentação de seus artistas preferidos. Não seria nada mau se essa prática se estendesse a outro tipo de ídolo.

É provável, contudo, que essa ideia não vingue. Ainda assim, se o mundo da magia não vem a nós na forma de sua criadora, nós podemos ir ao mundo da magia – mais precisamente, a uma simulação dele. Para tanto, é só começar a economizar dinheiro para um dia embarcar rumo ao Mundo Mágico de Harry Potter.

“Ah, mas o que será de mim até conseguir juntar essa montanha de dinheiro?”, alguém deve ter se perguntado. Nesse caso, há simulações mais acessíveis do mundo da magia, como os eventos organizados por fãs e os jogos eletrônicos. E por falar em jogos, seria bem divertido se fosse criado um campeonato real de quadribol no Brasil.

Espere que alguém faça

Você chegou até este ponto do texto e não se animou a colocar em prática nada do que foi sugerido (exceto, espero, a parte sobre ler colunas…). Considerando que você de fato gosta de “Harry Potter” e não está no site errado, existem três hipóteses para explicar esse fato: 1) minhas sugestões são muito bestas; 2) você não liga muito para os filmes ou já cortou o cordão umbilical; e 3) você está deprimido(a) com o fim dos filmes, mas é do tipo de fã que aprecia apenas o que é feito pela própria autora ou aqueles produtos chamados oficiais.

Perdão, mas se você se enquadra na hipótese 1 ou 2, seu caso não interessa a esta coluna. Portanto, parabéns aos que se identificam com a hipótese 3! Vocês serão premiados (ou não) com dicas desenvolvidas sob medida.

Em primeiro lugar, antes de cair em depressão profunda, é preciso que você espere pelo lançamento do último DVD, que provavelmente trará alguns extras ao menos curiosos. Depois disso, resta entregar-se à espera, uma das coisas mais chatas da vida.

O melhor acontecimento a ser esperado é a publicação de uma enciclopédia sobre o mundo da magia escrita pela própria Rowling. Além disso, para ficar no campo das publicações impressas, não seria absurdo contar com uma adaptação da história para os quadrinhos, como já fizeram com “O Hobbit” e com vários clássicos da literatura. Por fim, aqueles que ficaram insatisfeitos com a versão cinematográfica da série podem alimentar a esperança de que, daqui a alguns anos – talvez décadas –, resolvam refilmar as aventuras de Harry. Se já fizeram isso com “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “Bravura Indômita”, filmes dos quais ninguém reclamou, podem muito bem produzir de novo uma história com grande apelo de público como “Harry Potter” e cuja primeira adaptação para as telas deixou a desejar em alguns aspectos.

Epílogo

“Relíquias da Morte – Parte 2” marca o fim de uma época febril no mundo potteriano, mas não o fim da afeição e da reflexão relacionadas a Harry, Rony, Hermione e todos os outros. Para quem cresceu esperando o próximo livro da série, ou mesmo para os admiradores mais recentes, “Harry Potter” continuará vivo na memória por muito tempo; e mesmo se começar a se apagar, os exemplares continuarão disponíveis na estante.

Porém, tal como nos mostra o epílogo de “Relíquias da Morte”, a vida precisa se renovar. Assim como Harry não pode permanecer em Hogwarts para sempre, pois há outras experiências para ele viver e outros alunos para frequentar a escola, os aficionados por “Harry Potter” também devem dar espaço para outras histórias. Chegará uma época em que, sem perceber, a maioria de nós já não procurará notícias sobre “Harry Potter” ou J.K. Rowling nem precisará falar sobre isso todos os dias, simplesmente porque surgirão outras preocupações e interesses – algo que pode parecer triste por um lado, mas por outro é realmente desejável.

Mariana Nascimento lançará o livro “Como superar o fim de Harry Potter” no final de julho.