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Luna, Di-Lua, de boa…

João Victor na sua quinta semana escreve sobre a carismática porém diferente Luna Lovegood. Conheça a opinião de nosso colunista sobre uma das personagens mais intrigantes que JK Rowling criou.

Você pode conferir a coluna completa aqui.

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Luna, Di-Lua, de boa…
Por João Victor

Relacionamentos humanos não são fáceis. Relacionamento familiar, amoroso, profissional e até mesmo entre colegas de escola… É muito difícil saber escutar e procurar identificar em nós mesmos os defeitos alheios que condenamos. A relação entre as pessoas é imensamente complicado por uma questão que podemos chamar de pré-julgamento ou preconceito. Essa palavra é extremamente simples de se entender: “pré+conceito”, ou seja, é o julgamento precipitado de uma pessoa seja pela sua raça, religião, opção sexual, aparência, crença partidária, entre outros.

O preconceito é muito debatido hoje em dia por ser um aspecto cada vez mais normal nas relações humanas. Normal e perigoso, porque é gerador de violência que a cada dia cresce em todo o mundo. É muito normal vermos desde cedo, durante a infância, as vítimas do preconceito. Nas salas de aula sempre tem aquele menino ou menina diferente que foge dos padrões. O mais baixinho, o mais gordinho, o que usa óculos, com sardas, etc. Inevitavelmente acabam sendo alvo de piadas e outras perseguições psicológicas. São excluídos dos grupos e quase sempre são vistos isolados absortos nos próprios pensamentos e criam seu universo paralelo, muitas vezes sem sequer mostrando aquilo que têm de bom. A lamentável atitude cometida pelas outras crianças acaba sendo reflexo da própria educação que estas recebem de suas famílias, e acabam gerando essa terrível injustiça.

No mundo da magia de Rowling encontramos essas situações entre os alunos de Hogwarts. A principal representante da categoria é a personagem Luna Lovegood. Estuda no ano anterior ao de Harry, pertence à Corvinal e é uma menina muito diferente das demais: “cabelos loiros, sujos e mal cortados, até a cintura, sobrancelhas muito claras e olhos saltados, que lhe davam um ar
de permanente surpresa”. De aspecto lunático, parece sempre estar viajando em seus pensamentos e dizendo coisas inusitadas, muitas das quais ouve na revista onde seu pai é editor chefe – O Pasquim – que é mal visto pela maioria dos bruxos. Para reforçar seu aspecto incomum, Luna pode ser vista usando colares feitos de rolhas de cerveja amanteigada ou grandes brincos de vegetais. Acha graça nas situações que normalmente as outras pessoas não acham.

Harry não teve uma visão diferente da maioria dos alunos. Quando Cho o avistara na mesma cabine de trem que Neville e Luna, o garoto foi invadido pelo pensamento que qualquer outro teria: de que gostaria de estar em companhia de um grupo supostamente mais interessante. No seu pré-julgamento Luna, assim como Neville, estava longe de ser uma garota que merecesse crédito.

Pois bem, os acontecimentos do quinto ano de Harry, levaram à criação de um grupo secreto para o treinamento de Defesa Contra Arte das Trevas, a AD – Armada de Dumbledore. O grupo era formado por uma grande quantidade de alunos que estavam comprometidos com o segredo das ações da AD por uma espécie de contrato mágico. Porém, uma das integrantes delatou a
organização para a então diretora de Hogwarts, Dolores Umbridge. E apesar de toda aura de biruta de Luna, não foi ela a delatora. Muito pelo contrário, Luna continuou firme, apoiando o grupo e foi uma das poucas que participou da batalha travada no Ministério da Magia. Foi ela, a estranha Luna, que se manteve fiel a Harry Potter, e o ajudou a enfrentar os Comensais da Morte,
quando o garoto quis salvar seu padrinho e caiu numa terrível emboscada.

Podemos tirar grande proveito da lição que Rowling nos dá com sua personagem Luna. Não devemos pré-julgar as pessoas. Precisamos conhecê-las antes de mais nada. Dar a chance das pessoas mostrarem o que elas têm de melhor. Não realizamos nada nessa vida que não seja necessária a ajuda alheia. Quando menos esperamos as pessoas que julgamos diferentes,
podem ser acima de tudo especiais.