J. K. Rowling

J.K. Rowling fala sobre imagem que a inspirou a fundar a “Lumos”

Ontem (27), o Sunday Times publicou em seu site uma entrevista onde J.K. Rowling fala sobre a imagem que a inspirou a fundar a Lumos, instituição de caridade que tem por objetivo auxiliar crianças órfãs. A imagem em questão é de Vasek Knotek, um menino deficiente mental que é mantido em uma jaula em uma casa de cuidado na Republica Checa.

“A imagem daquele menino ficou marcada em mim. Eu não consegui tirar ele ou a história toda da minha cabeça”

A imagem foi compartilhada pelo próprio Sunday Times em 2004, Jo, após ler sobre a situação de Vasek e de várias outras crianças mantidas em situações similares decidiu agir. Ela fez várias cópias da matéria e enviou a vários conhecidos que, segundo ela, poderiam auxilia-la na mudança daquela situação.

“Eu não acho que percebi, mesmo que inconscientemente, que ele estava em uma gaiola. Tudo o que senti foi uma repulsão imediata e instintiva através da imagem, e eu já estava no meio do caminho para virar a página antes que a vergonha me fizesse voltar.
“Se você ler a matéria e ela for tão horrível quanto a foto,” eu pensei, “então você tem que fazer alguma coisa sobre isso.” E então eu voltei, li o artigo de Justin Sparks, e lá estavam todas as minhas piores coisas do mundo.” Disse Jo em um de seus textos sobre a Lumos

Você saber mais sobre essa entrevista ao Sunday Times no nosso modo noticia completa.

J.K ROWLING RELEMBRA HORRÍVEIS CIRCUNSTÂNCIAS QUE LEVARAM À CRIAÇÃO DA LUMOS

Por Margarette Driscoll

The Sunday Times – 27/03/2016

Traduzido por:Rodrigo Cavalheiro em 27/03/2016

Revisado por: Anna Constantino em 28/03/2016

Todos sabemos sobre o trabalho de importância vital que a Lumos faz em melhorar a vida de crianças vulneráveis e suas famílias.

Tudo começou em 2004, quando Rowling viu esta foto no jornal:

JK-Rowling_Lumos_Vasek-Knotek_Czech-2004

Este é Vasek Knotek, um jovem garoto deficiente de uma casa de cuidado tcheca. Ele era mantido numa jaula e ser retirado uma vez por dia para ser limpo era seu único contato humano. A descrição que acompanhava a foto anunciava as esquálidas condições em que Vasek e outras crianças eram mantidas e isso fez o estômago de Rowling revirar.

“A imagem do rosto daquele menino me marcou. Eu não conseguia tirar nem ele e nem a história da minha cabeça. Ele era um rapaz deficiente muito novo, que ficava preso em uma cama-gaiola o dia todo. O jornalista descreveu um ambiente que você esperaria ter desaparecido com os asilos vitorianos. Eu não conseguia pensar numa pessoa mais vulnerável e impotente do que aquele garoto.”

O Sunday Times prossegue para descrever como Rowling agiu imediatamente:

Depois de ler sobre o garoto enjaulado, Rowling arrancou a pagina do Sunday Times. No dia seguinte, ela tirou 50 cópias e escreveu cartas para todos que ela achou que pudessem ajudar: Membros do parlamento escocês, o embaixador tcheco na Grã-Bretanha, o primeiro ministro tcheco. Ela falou com a baronesa Emma Nicholson, que tinha montado uma organização de caridade na Romênia, onde os orfanatos “eram como a visão de Hieronymus Bosch do inferno”, e aceitou seu convite do lançamento de um grupo de lobby em Bucareste. Então, ela levou seu marido, Neil, um médico, para uma longa caminhada.

Ela estava grávida, tinha uma filha de 10 anos e um bebê e estava no meio da escrita de Harry Potter e o Enigma do Príncipe, o sexo na serie de Hogwarts, “um romance que várias pessoas estavam esperando impacientemente”. Ela tinha vários outros compromissos com a caridade: Em outras palavras, ela estava sobrecarregada. Neil já tinha dado uma bronca sobre manter as coisas sob controle, mas quando ela falou sobre a historia das crianças em camas-jaula, ele simplesmente disse “Sim, você tem que fazer isto.”

Lumos nasceu. O artigo de hoje reconta a diferença que a organização fez na Bulgária, especificamente no seu trabalho com uma instituição gerida pelo governo chamada Krushari. Mais de quatro dúzias de crianças haviam morrido na década anterior à intervenção da Lumos, as crianças que lá viviam em negligência e vivendo em condições esquálidas. Um grande numero dessas crianças eram deficientes, geralmente retiradas de famílias pobres com poucos recursos para lidar com necessidades especiais. Mesmo que as próprias famílias quisessem cuidar de suas crianças, não havia infraestrutura que as permitissem fazê-lo.

Aqui está o horripilante relato de uma agente enviada pela Lumos quando eles começaram seu trabalho:

Cath Irvine, um terapeuta de fala e linguagem de Somerset, relembra sua primeira visita ao Krushari. Ela foi parte de um time de resgate mandado pela Lumos – sob o pedido do governo búlgaro – sob a égide do relatório de Helsinki. O que ela se lembra mais vividamente é do silêncio: “Não cheirava mal, pois estavam nos esperando. Eu entrei no Bloco Dois”, ela diz. “Haviam 43 crianças ali – bem, eu digo crianças, a mais velha tinha uns 30 anos – e o lugar estava completamente silencioso. Alguns eram maiores que seus berços, e tinham que deitar com suas pernas permanentemente dobradas. Todas, inclusive os adultos, usavam mamadeiras. Eu andei pelo lugar, dizendo “olá”. Um membro da equipe me seguiu, dizendo: “Essa criança tem os miolos moles, essa daqui não faz nada além de ficar deitada o dia todo…”, mas você podia perceber as crianças que tinham uma faísca, porque elas se acendiam”
O trabalho da Lumos ajudou a fechar o Krushari, mas os efeitos dos maus tratos ainda são sentidos pelas crianças que passaram por lá, detalhados pelas experiências de Georg Petrova e sua família (leia o artigo original para mais detalhes sobre a experiência de Georg). E ainda há muito trabalho para ser feito.

“As pessoas geralmente mencionam a Romênia; eles lembram das filmagens assustadoras de crianças mantidas em condições sub-humanas, mas eles tendem a assumir que acabou, que o problema foi resolvido. Nada poderia estar tão distante da verdade. A escala massiva de encarceramento infantil vai além da imaginação. Nós sabemos que pelo menos 8 milhões de crianças vivem longe de suas famílias e que 80% delas têm parentes ou parentes próximos que querem cuidar delas. Espalhar esses fatos é uma batalha constante.”

Por favor, considere fazer uma doação para a Lumos, para que eles possam continuar a ajudar as crianças que mais precisam, e leia o artigo original do Sunday Times aqui. Se você não pode doar, espalhe a informação sobre a Lumos com seus amigos e família – apenas juntos podemos fazer alguma mágica para garantir que essas terríveis circunstâncias sejam coisa do passado.