Filmes e peças ︎◆ O Enigma do Príncipe

Estadão publica a primeira crítica brasileira de EdP

Com os exatos oito dias para o lançamento da sexta película, as críticas sobre a mesma não param! E nesse momento reportamos sobre a primeira delas originada em solo brasileiro, que é a do jornal “O Estadão“. E parece que essa, também traçou um perfil positivo sobre o filme.
Logo de início, a crítica confirma a tão comentada frase de David Yates, que há algum tempo disse que o filme seria sobre “sexo, drogas e rock n roll” e que nas telonas veríamos a síntese de hormônios adolescentes exaltados e demasiada ação.

Após isso, o filme é contextualizado e todos os aspectos da trama são avaliados, dando ênfase – em um momento – para o romance muito presente nessa parcela da série.

“E haja poção do amor para dar conta da ciranda: Hermione ama Ron, que é amado por Lavender Brown. Harry ama Ginny, que namora Dean Thomas. E Draco Malfoy não ama ninguém.”

Finalizando, o balanço da crítica para o filme é boa. O que soma ela à maioria das outras, que também avaliaram positivamente EdP. Já o Hollywood Reporter publicou uma análise comentando como se desenrola a adaptação do sexto volume Potter. Veja a sua opinião abaixo:

Um desengonçado começo de pura exposição e história secundária dá lugar a uma vigorosa narrativa no mais novo capítulo de Harry Potter. Raramente há um momento de reflexão silenciosa. Aqueles que ocorrem estão direcionados mais às vontades românticas não realizadas do que à contemplação de um destino opressivo.

Confira os dois textos na íntegra clicando em notícia completa!

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE
Novo Harry Potter traz muita ação e hormônios à flor da pele

Flavia Guerra ~ O Estadão
06 de julho de 2009

Há pouco, em sessão exclusiva para a imprensa, o Estado assistiu ao sexto filme da série e confirmou que, se os fãs esperam muitas cenas de ação, um clima de romance no ar e a morte de um personagem muito importante, é exatamente o que terão.

Quem leu o livro sabe. Quem não leu, e não sabe, vai ter de esperar a estreia para descobrir quem ama quem e quem mata quem no final. Mas já é possível adiantar que o diretor David Yates, que também dirigiu o penúltimo longa da série, Harry Potter e a Ordem da Fênix, traz de volta Harry, Hermione e Ron em um clima de High School e descobertas que a adolescência traz. Para contar nas telas a história escrita por J.K. Rowling, contou novamente com o roteirista Steve Kloves (que escreveu os primeiro quatro filmes da série e ficou de fora de A Ordem da Fênix).

Como havia já comentado o diretor, desta vez o filme é sobre ‘sexo, drogas e rock n roll’. Na verdade, tiram-se as drogas e colocam-se no lugar as poções mágicas. Uma metáfora óbvia, mas que funciona. Além de lidar com seus hormônios borbulhantes, os alunos de Hogwarts têm de aprender que para usar a poção mágica, por melhor que ela seja, tem hora. E haja poção do amor para dar conta da ciranda: Hermione ama Ron, que é amado por Lavender Brown. Harry ama Ginny, que namora Dean Thomas. E Draco Malfoy não ama ninguém.

Enquanto isso, Dumbledore quer preparar Harry para a batalha final contra Voldermort. Para isso, quer que o garoto se aproxime do novo professor (na verdade um veterano, que se afastou da escola e voltou a pedido do mestre Dumbledore) de Hogwarts: Horace Lughorn.

Encarregado de ensinar os jovens bruxos a prepararem suas poções mágicas, Lughorn (impecavelmente interpretado por Jim Broadbent) esconde um detalhe sombrio em seu passado como professor. Não é preciso dizer que o tal detalhe envolve o Senhor das Trevas.

Resta saber afinal quem é o enigmático half-blood Prince (no original, em inglês, o título mantém a referência ao Príncipe Mestiço). E seu poder nesta fase é muito maior que a do livro aparentemente inofensivo que Harry herda por acaso.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe promete ser sucesso do verão e já tem milhares de ingressos antecipadamente vendidos. A propósito, o filme também chegará e alguns cinemas em versão IMAX.

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE
Hollywood Reporter ~ Kirk Honeycutt
05 de julho de 2009
Tradução: Sylvia Souza

Ponto principal: Um desengonçado começo de pura exposição e história secundária dá lugar a uma vigorosa narrativa no mais novo capítulo de Harry Potter.

Um ar de presságio definitivamente se apoderou de Hogwarts em “Harry Potter e o Enigma do Príncipe,” o sexto episódio da fantasticamente bem-sucedida série da Warner Bros. David Yates, na sua vez de comandar, joga a ênfase nas nuvens carregadas que se aproximam mesmo enquanto Harry e seus amigos estudantes de magia fazem descobertas envolvendo o sexo oposto.

De fato, o confronto que rapidamente se aproxima entre Harry e as forças de tenaz maldade liderada por Lord Voldemort tende a obscurecer os momentos de humor ou fuga romântica.

Sim, o fim está próximo, e mesmo assim muito precisa ser desenvolvido e resolvido para os estudantes de Hogwarts, corpo docente, amigos – e inimigos. O que significa que este filme, que estreia dia 15 de julho em alguns cinemas no formato 35mm ou Imax, será avidamente saudado e dissecado por milhões de fãs ao redor do mundo.

O filme começa em uma correria. Os Comensais da Morte promovem cercos tanto no mundo dos bruxos quanto dos trouxas. Mergulhando do céu em escuras e espiraladas cortinas de fumaça que os trouxas não conseguem ver, estes demônios espalham a devastação por Londres e até fazem ruir a Millennium Bridge.

Abruptamente, o Professor Dumbledore (Michael Gambon) aparece em uma plataforma da estação de trem para interceptar seu aluno-troféu, Harry (Daniel Radcliffe, parecendo mais velho mas mais instável), que está à beira de um encontro improvisado. Dumbledore exige, no entanto, que Harry o acompanhe em uma missão urgente.

Segurando no braço do professor e viajando a uma velocidade estilo “Star Trek”, eles chegam na calada da noite a um pequeno e isolado vilarejo, e entram no que parece ser uma casa repetidamente saqueada. Lá Harry conhece o novo coadjuvante, visitando o professor do próximo ano letivo, Horácio Slughorn (Jim Broadbent), um antigo professor de Poções.

Dumbledore pretende atrair Slughorn de volta a Hogwarts para que Harry possa extrair uma pista chave que diz respeito ao Lord das Trevas da mente resistente do professor. Parece que Slughorn certa vez teve um pupilo chamado Tom Riddle, um bruxo que se transformou em – você adivinhou – Voldemort.

Tudo isso em uma percepção apressada. Não deveria haver repercussões sobre a queda de uma ponte de Londres? O filme nunca pára para perguntar. Steve Kloves, que fez o roteiro dos quatros primeiros filmes da série mas pulou o quinto, está de volta para liderar as platéias por entre grandes eventos que se passam num piscar de olhos.

Esta série de filmes tem sido marcada por uma tensão entre seus realizadores sobre como direcioná-la para uma audiência maior do que os leitores da romancista J.K. Rowling. Os primeiros filmes temiam deixar no ar. Os dois do meio – dirigidos por Alfonso Cuarón e Mike Newell, respectivamente – descartaram o excesso e rumaram às emoções. Os dois mais recentes, sob a direção de Yates, ferveram e destilaram de abandono, mas o leigo freqüentemente é deixado atordoado.

Raramente há um momento de reflexão silenciosa. Aqueles que ocorrem estão direcionados mais às vontades românticas não realizadas do que à contemplação de um destino opressivo.

Mas aqueles desejos românticos oferecem sim um alívio aos sombrios acontecimentos. Harry está chegando mais perto de Gina Weasley (Bonnie Wright), mas há um namorado no caminho. Entre seus melhores amigos, a admiração secreta de Hermione (Emma Watson) por Rony (Rupert Grint) se transformou em uma atração totalmente desenvolvida. Mas Rony está sufocado demais por sua “perseguidora” romântica, Lilá Brown (Jessie Cave), para notar.

Do lado das trevas, o antigo opositor de Harry, Draco Malfoy (o eternamente brilhante Tom Felton) está agindo estranhamente até mesmo para seus próprios padrões. Incumbido de uma inominável tarefa pelo Lord das Trevas, ele se esgueira para um solitário depósito no castelo de Hogwarts para testar um antigo Amário Sumidouro. A tarefa pesa tanto para ele, fazendo com que suma seu ar presunçoso, que sua mãe intervém e pede a Severo Snape (Alan Rickman) que ajude seu filho. Severo zomba, como só Severo pode.

Na segunda metade, com algumas revelações passadas e algumas linhas de batalha tomando forma, o filme encontra um melhor alicerce. A identidade de Harry como “O Escolhido” é firmemente estabelecida, enquanto Dumbledore cada vez mais coloca o fardo sobre ele para defender, tanto o mundo mágico quanto o mundo dos trouxas, de Lord Voldemort.

Encontra-se um clímax quando os dois mais uma vez dão uma escapadela, desta vez para uma caverna no fundo de um ventoso e ameaçador, pontiagudo penhasco. O que eles buscam é fracamente definido, e o episódio inteiro é meio que uma trapaça, porque é na verdade um falso ápice que leva ao confronto real entre Dumbledore e Malfoy e Severo, que não se importa mais em ocultar a quem realmente é leal.

Isto de fato coloca Harry de lado, como deve ser, no confronto. Dumbledore proibiu seu envolvimento. Tudo isso será recompensado em dois outros filmes (o último livro de Rowling será divido em dois filmes), mas por enquanto ele foi deixado em uma posição fisicamente – e narrativamente – enfraquecida.

O compositor Nicholas Hooper, diretor de fotografia Bruno Delbonnel e o designer Stuart Craig nos fornecem um singular, forte e vigoroso capítulo, enquanto todos os efeitos visuais e digitais se misturaram agora, com um bom acabamento, ao todo.