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As dificuldades e os benefícios do 3D estereoscópico

O site Post Production publicou um artigo no qual David Kenneth, o fundador da companhia I.E. Effects – que trabalhou na conversão de 2D para 3D estereoscópico do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 -, comenta sobre os efeitos criados para a película Potter e quais foram as maiores dificuldades.

Diversas cenas na sequência inicial incluíram vários elementos finos, como cabelo balançando ao vento. “O personagem de Olivaras (John Hurt) é um bruxo velho e sábio com cabelo delgado,” disse Michel. “Cabelo é um desafio interessante para qualquer trabalho de efeito visual. Para esse filme tivemos um pequeno grupo de artistas pintando e retocando fios individuais por algum tempo até o efeito 3D estéreo ficar bom.

Para quem gosta de ler matérias mais técnicas sobre o cinema, a tradução completa se encontra na extensão!

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE: PARTE 2
I.E. Effects entrega a conversão para estéreo de Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

I.E. Effects
27 de julho, 2011
Tradução: Juliana Torres

As instalações em L.A. e Michigan trabalham ininterruptamente na tarefa complexa da pós-produção.

Os fãs de Harry Potter ao redor do mundo estão se amontoando nos cinemas nesse verão para o oitavo e último segmento da série amplamente famosa. Sendo exibido para grandes críticas, Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 é o primeiro filme da franquia que será lançado em 3D estereoscópico. Com sua base em L.A., a casa de efeitos especiais I.E. Effects contribuiu para essa tarefa complexa da pós-produção, fornecendo conversões de 2D para 3D para diversas sequências chaves, incluindo algumas das cenas de abertura.

Um time de mais de 50 artistas nas instalações da I.E. Effects em L.A. e Traverse City, Michigan, trabalhou junto por mais de seis meses para aperfeiçoar o efeito estereoscópico, fazendo ajustes quadro a quadro para criar uma experiência 3D para as audiências.

“O propósito de um bom 3D é para ajudar a contar a história,” diz o fundador da companhia Kenneth. “Quando você acerta, o efeito estéreo não é o foco. Simplesmente ajuda a audiência a ser mais absorvida pela história.”

O Processo de Conversão Estéreo

Converter um filme 2D para 3D estéreo é de um trabalho exaustivo e requer artistas hábeis em efeitos especiais para criar um resultado final natural. Além de uma imagem apenas para cada quadro, 3D estéreo tem duas – uma para cada olho.

Criar duas imagens separadas de apenas um quadro requer ajustes sutis no ângulo de visão de cada elemento da imagem. O processo começa com a rotoscopia – cortar manualmente elementos da imagem e então atribuir a eles valores de profundidade para fazer com que partes diferentes da imagem pareçam mais próximas ou mais distantes. Esses valores de profundidade permitem o artista a repor cada elemento para o olho direito e para o esquerdo. Quando eles estão em seu lugar, os detalhes que faltam para as imagens do olho direito e do esquerdo precisam ser “pintadas” quadro a quadro.

As cenas feitas pela I.E. Effects para Harry Potter incluíram tanto cenas internas como externas. “Você tem que forçar o 3D muito mais em cenas exteriores, então essas costumam ter muito mais pintura,” disse Dennis Michel, supervisor de efeitos visuais na I.E. Effects. “Mas as cenas internas normalmente tem um campo de profundidade mais raso, o que significa que temos que fazer ajustes mais sutis,” ele explicou.

Diversas cenas na sequência inicial incluíram vários elementos finos, como cabelo balançando ao vento. “O personagem de Olivaras (John Hurt) é um bruxo velho e sábio com cabelo delgado,” disse Michel. “Cabelo é um desafio interessante para qualquer trabalho de efeito visual. Para esse filme tivemos um pequeno grupo de artistas pintando e retocando fios individuais por algum tempo até o efeito 3D estéreo ficar bom.”

Áreas fora de foco do quadro apresentavam-se como outro desafio no processo da conversão para estéreo. Cineastas frequentemente usam de um campo pouco profundo para dar um ar “de filme” que chama a atenção de quem assiste para uma área na imagem. Essa técnica cria um foco fraco, ou até mesmo um borrão nos elementos no plano próximo ou no de fundo.

“Conversão para estéreo é tanto arte como ciência, então olhamos individualmente para cada cena e a mudamos artesanalmente,” disse Michel. “Isso não é algo que você pode apertar um botão e deixar a máquina fazer o trabalho.”

Para rotoscopiar, e rejuntar as imagens, o time da I.E. Effects usa o sistema de composição Nuke de Foundry junto com ferramentas de softwares da casa que conduzem o fluxo de trabalho e conectam as duas instalações da companhia. “Usamos automação para apressar os passos do processo, mas esse tipo de trabalho sempre se resume ao olho do artista e muita paciência.”

A I.E. Effects abriu sua instalação em Traverse City, norte de Michigan, no final do ano passado. Desde sua abertura, a instalação tem feito conversões 2D para 3D para grandes projetos como o Lanterna Verde e as Viagens de Gulliver, como o atual filme de Harry Potter. “Estamos radiantes por estar fazendo esse tipo de trabalho artístico de ponta aqui em Michigan,” disse David Kenneth.

A expansão do 3D estéreo em filmes

Houve várias discussões na mídia e no público geral sobre o crescente número de lançamentos em 3D para o cinema. “Algumas pessoas podem pensar que é apenas uma engenhoca, mas o 3D estéreo está aqui pra ficar,” disse Kenneth. “Nós viemos vendo 3Ds sensacionais nos últimos anos, onde objetos saem da tela na direção da audiência, mas truques assim ficam velhos logo. Não é pra isso que o 3D serve.”

Em vez de sair da tela, Kenneth acredita que a boa estereoscopia é mais sutil e leva a audiência para dentro da cena, tornando em algo confortável e natural. “A finalidade do 3D é oferecer uma experiência imersiva que se aproxime da vida real o máximo possível dentro do cinema. É como se fosse um som e um visual surround, tornando a história mais imediata.”

Kenneth compara o 3D estéreo com os desenvolvimentos no começo do cinema, que agora se tornaram componentes estáveis da arte. “Que nem quando os filmes começaram a ganhar som, e depois cores e efeitos especiais, 3D é uma adição poderosa para o conjunto de ferramentas dos cineastas, e, quando usado apropriadamente, aprimora a experiência no cinema.”

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 foi dirigido por David Yates, que também encabeçou os três filmes mais recentes da série. Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint estrelam o filme. David Heyman, que produziu a série completa, foi produtor junto com David Barron e J.K. Rowling, autora dos livros nos quais os filmes se baseiam. Lional Wigram é o produtor executivo. Produção da Heyday Films, Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 foi lançado em 15 de julho, 2011, pela Warner Bros. Pictures.