Filmes e peças ︎◆ O Enigma do Príncipe

Ain’t It Cool publica duas resenhas negativas de EdP!

Como fez com os filmes anteriores, o Capone publicou hoje no site Ain’t It Cool duas críticas baseadas na exibição de teste do filme Harry Potter e o Enigma do Príncipe, e a nossa equipe acabou de traduzir ambos os textos para vocês!O primeiro, de autoria do Jimbo Wage, afirma que algumas cenas novas foram completamente desnecessárias, cujos cortes seriam muito melhores se fossem em prol das originais do livro que ficaram de fora.

Michael Bravo, por sua vez, critica o intenso romance adolescente presente no longa, responsável por deixar todas as outras subtramas – e até mesmo as histórias mais importantes, como a do Príncipe Mestiço – em segundo plano.

Os dois textos têm algo em comum; ambos são desfavoráveis ao novo longa Potter e nos passam o sentimento de decepção sentido pelos seus autores. Eles podem ser lidos clicando em notícia completa!

Alertamos, como sempre, que eles estão repletos de spoilers da sexta adaptação!

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE
Primeira prévia publicada pelo Capone

Ain’t It Cool ~ Jimbo Wage
08 de julho de 2008
Tradução: Daniel Mählmann

Oi. Eu vi Harry Potter e o Enigma do Príncipe, no sábado passado, em Chicago. Ele foi apresentado nos panfletos como uma exibição misteriosa, e logo antes de começar, um homem com um microfone disse que nós seríamos as primeiras pessoas a vê-lo. Talvez 75% dos efeitos especiais estavam completos. Além disso, alguns trechos de música do Batman Begins estava na trilha sonora, indicando que ela ainda deveria ser totalmente preenchida. O tempo de execução dessa versão foi de aproximadamente 145 minutos.

Eu li os livros uma vez, talvez duas alguns deles, mas eu definitivamente não sou aquilo que chamo de fanático. Tenho visto os filmes, mas comecei a perder o interesse por eles depois do quarto, com o qual eu senti que eles poderiam ter feito um trabalho muito melhor. Eu li Enigma do Príncipe há cerca de três anos e não me lembro de todos os detalhes, então, por favor, sejam tolerantes comigo.

E aqui existem spoilers, então não diga que eu não avisei.

O filme começa com um ataque a uma ponte em Londres pelos Comensais da Morte. Eles voam ao redor dela como numa formação ondulatória estilo saca-rolhas, provocando a queda da ponte na água abaixo. Eles fazem seu caminho para o Beco Diagonal, colocam uma mala sobre a cabeça de algum cara e levam-no embora. Foi uma abertura bastante espetacular, e eu entendi, depois de falar com umas duas pessoas, que os cineastas decidiram mostrar alguns dos ataques dos Comensais da Morte aos trouxas, ao invés de ter dois caras numa sala falando sobre isso, como foi retratado no livro, mas em relação ao resto do filme, eu não poderia entender por que aquilo estava ali. Quem quer que seja o sequestrado, ele não reaparece no resto do filme, e o dinheiro gasto nessa seqüência de abertura (que não está no livro) poderia ser desviado para algo que acontece mais tarde, para a ausência do que deveria deixar os fãs dos livros decepcionados. (A pessoa sendo sequestrada talvez seja o Olivaras, e a pessoa sendo atingida pela mala pode ter sido um dublê dele – nem todos os efeitos foram finalizados. Por quê eles fariam isso digitalmente, porém, não faz sentido para mim.)

Somos apresentados ao Horácio Slughorn, que é interpretado por Jim Broadbent. Quando eu ouvi pela primeira vez que ele não seria gordo e não teria um bigode, fiquei irritado, mas a personagem de Broadbent é facilmente a mais agradável do filme. Há duas cenas durante as quais ele está bebado que são ótimas. Ele assume o cargo de professor de Poções, e Harry encontra um livro que uma vez pertenceu ao Príncipe Mestiço. Em uma cena, Harry segue as instruções de mistura de poções modificadas do livro e consegue bons resultados enquanto o resto dos seus colegas ao seu redor falham. Isto me leva a outro problema que eu tive com o filme – o mistério quanto a quem é o Príncipe Mestiço é deixado em segundo plano por todas os assuntos de namoros. Alguns deles são agradáveis e divertidos, mas deveriam ter ficado como alívio cômico de segundo plano para ajudar a equilibrar o drama principal. Há uma parte onde Harry briga com Malfoy em um banheiro e ele usa algum feitiço violento, fazendo o peito de Malfoy sangrar, mas o fato de que Harry pegou esse feitiço do livro de poções se perdeu para mim. Eu posso ter deixado escapar alguma coisa, mas independente disso, qualquer cena ou fala de diálogo para supostamente enfatizar esse fato definitivamente precisa de mais atenção. Além disso, existe uma cena durante o Natal, que não estava no livro, na qual alguns Comensais da Morte atacam o lar dos Weasley, atraindo primeiro Harry e Gina para um campo de trigo (ou algo parecido), e depois Lupin e mais alguém, que me esqueci. A cena soa completamente desnecessária – levada adiante para dar à platéia para uma injeção de ação por volta da metade do filme.

Eu tive a maioria dos problemas com o terceiro final do filme. A viagem de Harry e Dumbledore para a caverna pareceu vir do nada, assim como a declaração de Dumbledore que ele deveria beber o líquido da bacia na qual o medalhão que eles buscavam estava escondido. Eu não me lembro se foi assim que aconteceu no livro, mas lembro chegando a esse ponto e concluindo de algum modo que, pelo menos, senti isso mais natural.

Depois disso, eles fazem seu caminho para a torre e, em vez de utilizar o feitiço para imobilizar o Harry e cobrí-lo com a Capa da Invisibilidade como no livro, Dumbledore apenas manda Harry se afastar, e Harry vai para o andar debaixo, pára e assiste a cena seguinte através de rachaduras no chão acima dele. Malfoy tenta matar Dumbledore, mas percebe que não consegue. Snape chega no andar debaixo e sinaliza para Harry ficar quieto, o que ele faz de maneira nada característica. Snape então sobe as escadas e envia Dumbledore para sua morte. As modificações feitas dessa cena do livro para o filme são terríveis, e elas parcialmente estragam o que poderia ser a maior surpresa de toda a franquia.

Mais tarde, não existe uma enorme batalha. Os Comensais da Morte caminham para fora silenciosamente. Lembro-me da luta no livro ser fantástica, e eu, pessoalmente, prefereria ter tido uma cena breve no início com dois caras conversando sobre coisas horríveis que os Comensais da Morte estavam fazendo do que eliminar a batalha do final. Harry corre atrás deles e confronta Snape, que discretamente conta a ele que é o Príncipe Mestiço. Novamente, devido à falta de atenção dada a essa subtrama, eu realmente não me importei. No livro, ele grita a sua resposta. O livro mostra Snape gritando, e o filme o tem usando sua voz profunda. O que foi decepcionante.

E como se isso não fosse suficiente, não há nenhum enterro para o Dumbledore. Ele foi cortado.

Eles têm quase um ano antes desse filme ser lançado, então há tempo em abundância para a edição, o que é uma boa notícia, porque esse corte foi bastante tolo. Uma mulher em nossa discussão de pós-exibição de aproximadamente 20 a 25 pessoas disse que ela costuma chorar nos filmes, mas não teve reação alguma quando Dumbledore morreu. Esperançosamente, os cineastas vão aliviar nos assuntos dos relacionamentos e enfatizar mais na trama do livro de poções/Príncipe Mestiço. Eu gostaria de pensar que eles filmaram a batalha final que faltou e também filmaram o funeral, mas duvido que o estúdio estaria disposto a gastar ainda mais dinheiro, especialmente por causa da forma como foi elaborada a batalha no livro.

Ain't It Cool publica duas resenhas negativas de EdP!

HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE
Segunda prévia publicada pelo Capone

Ain’t It Cool ~ Michael Bravo
08 de julho de 2008
Tradução: Daniel Mählmann

Olá. Eu vi um teste de exibição incrivelmente cedo de Harry Potter e o Enigma do Príncipe, no sábado, em Chicago. Foi um evento envolto em sigilo, a audiência só foi avisada de qual filme eles tinham ido ver segundos antes das luzes se apagarem, e eu honestamente fiquei empolgado. Empolgado como um garoto de cinco anos de idade.

Minha decepção com o que se seguiu foi infinita.

Atenção: esse relato contém muitos, muitos spoilers.

Em primeiro lugar, vamos começar com o que foi bom, por nenhuma outra razão além de que vai levar menos tempo. A abertura, muito diferente do romance, foi muito forte. Nós vemos a ponte destruída pelos Comensais da Morte, o Beco Diagonal quase sem ninguém, Harry e Dumbledore com sinais de luto antes de uma abordagem da Imprensa Mágica, e Snape fazendo o muito assustador Voto [muito] Perpétuo. Eu tive um sentimento verdadeiro de urgência, de ameaças chamando atenção para as coisas que estavam por ir. E elas estavam. Apenas não no sentido que eu havia esperado.

Havia também a atuação inspiradora feita por Jim Broadbent como o Prof. Horácio Slughorn. Facilmente o personagem mais agradável no filme, eu me vi distraído nas cenas que ele estava ausente e em expectativa pela próxima na qual ele estaria. Na realidade, houve uma série de bom humor, não apenas de Broadbent. Há bastante drama adolescente nesse filme, mais notavelmente um triângulo amoroso entre Harry, Gina e Dino Thomas. Uma poção do amor inexistente acrescenta um pouco de leveza ao Rony Weasley (que finalmente ganha um espaço no Quadribol, um dos muitos pontos ansiados cortado do último filme).

E, bem, isso é tudo.

O problema com todo esse romance é Todo Esse Romance. Ele domina o filme, tirando nosso foco não apenas dos pontos mais importantes da trama – que caem desastrosamente através das fendas – mas também afasta o humor que, em um (quase) penúltimo filme, deveria estar como primeiro lugar.

O título desse filme é Harry Potter e o ENIGMA DO PRÍNCIPE, mas a personagem-título quase não tem tempo na tela e muito menos explicação, salvo por algumas exceções que, se você não leu o livro, poderiam muito bem ter sido cortadas. Melhor chamar o filme de Harry Potter e os Hormônios de Hedes e nos salvar de nossa desilusão.

A maior parte dos meus problemas com esse filme estão relacionados com os cortes e as alterações do livro, que seriam bons se fossem para a melhoria da experiência em andamento do filme, exceto que elas não são. Vão embora personagens notáveis como Rufo Scrimgeour, Fleur Delacour, Gui e Carlinhos Weasley. Outros regulares como Maggie Smith e Robbie Coltrane são reduzidos a duas falas de camafeu.

Para um livro baseado na missão de Harry e Dumbledore de descobrir mais sobre Voldemort e como detê-lo, através de suas memórias, todas as três memórias foram cortadas do filme. Por que os cinestas decidiram que era mais importante se focar no amor adolescente ao invés dos momentos definitivos da trama que são indivisíveis? Trata-se de um aneurisma induzindo a lógica que certamente vai me levar à morte na minha banheira.

E o final. Bom Deus, o final. Não só a cena da luta entre os Comensais da Morte e a Ordem da Fênix foi completamente removida, mas o mesmo acontece com o enterro de Dumbledore. Os três últimos desses filmes foram tão incrivelmente maltratados que a morte de Dumbledore soa mais como um infeliz acidente do que uma verdadeira tragédia. Ninguém no filme parece sequer remotamente chateado que ele se foi, e os Comensais da Morte que o mataram, incluindo o que seria-um-bom-cara Severo Snape (Alan Rickman, o personagem título em forma de camafeu), vão embora de Hogwarts sem sofrer danos.

Qualquer um que tenha lido o livro (um incrível número de camaradas que a Warner Bros. parece ter esquecido ser o público-alvo – isso ou eles têm alguma vingança pessoal contra os fãs) ficará cruelmente, CRUELMENTE decepcionado com esse filme. Vamos apenas esperar que nos meses de separação entre agora e o lançamento do filme, a Warner terá tempo e dinheiro para consertar essa bagunça incrível.

Infelizmente, eu não estou prendendo a respiração.