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Questionando o Chapéu Seletor

Você concorda com a escolha do Chapéu Seletor a seu respeito? Nossa nova colunista Gabriela Lutfi tem algumas considerações a fazer sobre isso em sua coluna de estreia.

O Chapéu Seletor cometeu, na opinião da nossa colunista, grandes acertos e grandes erros na escolha de alguns personagens da série. Será que a escolha do Chapéu é tão definitiva assim? Ao final da análise, ela propõe um questionamento. Não se esqueça de responder e deixar o seu comentário!

Por Gabriela Lutfi

Muita gente esquece-se desse icônico personagem da saga de Harry Potter, mas recentemente eu estive pensando sobre as escolhas que foram feitas por esse objeto. O Chapéu Seletor, originalmente propriedade de Godric Gryffindor, é um objeto que foi enfeitiçado para que possa ler a mente das pessoas e determinar qual casa as abrigará pelos seus próximos anos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

No entanto, o que ninguém parece fazer é questionar as escolhas feitas por esse chapéu. Depois de muito debater comigo mesma, cheguei à conclusão de que, realmente, o Chapéu Seletor faz suas escolhas baseado nas características naturais da pessoa, no entanto, a reputação da casa auxilia no desenvolvimento de certos traços. Afinal, sou só eu que acho coincidência que todos os sonserinos são “malvados” e todos os grifinórios são “heroicos”?

Obviamente, existem exceções para esses casos, e essas exceções me ajudaram em meu conflito interno. Afinal, quem é louco o suficiente para questionar um chapéu que é utilizado uma única vez no ano? Ele deve se sentir terrivelmente sozinho na maioria das vezes, e não precisa de inimigos.

A primeira casa sobre a qual vou falar é uma da qual eu sou particularmente fã. As características das pessoas que são alocadas nessa casa são: liderança, determinação, inteligência e fraternidade, dentre muitas outras. Você consegue adivinhar qual casa é essa?

Se você acredita que essa casa é a Grifinória, errou. É a Sonserina.

Sério. Você acha que alguém que está nessa casa é perverso, traidor, infiel e tudo mais de ruim que se possa imaginar?
A Sonserina é tradicionalmente uma casa para as pessoas ruins, mas de onde se tirou isso dentre todas essas características maravilhosas? Existe um ditado que diz: “se as pessoas te odeiam sem motivo, dê-lhes um motivo para te odiarem”. É exatamente isso que a Sonserina faz. Uma das quatro casas precisava abrigar os futuros Comensais da Morte, e foi isso que a Sonserina fez.

Mas vamos começar. O meu primeiro exemplo é o sempre clássico Severo Snape. Snape, como muita gente sabe, é um orgulhoso sonserino. Ele fez coisas horríveis, como se juntar aos Comensais da Morte e ser um espião em Hogwarts. Mas também fez coisas maravilhosas, como jurar o voto inquebrável para proteger Draco Malfoy caso ele não fosse bem sucedido na sua tarefa de matar Dumbledore. Snape, que foi agredido constantemente por seu pai trouxa quando era criança, que foi torturado pelos marotos, que perdeu o grande amor de sua vida duas vezes. Eu acho que ele tinha motivos suficientes para ser cruel. Talvez seu futuro tivesse chances diferentes caso tivesse ido para outra casa. Snape tinha sim características da Sonserina, mas ele era em parte todas as outras casas. Infelizmente, a reputação de sua casa escolhida não era nada favorável. No momento da seleção, ele era sonserino, mas eu garanto que ele era tudo menos isso no momento em que viu Lílian sem vida no chão.

O meu próximo exemplo é, talvez, um dos personagens que eu mais odeio na série. Pedro Pettigrew. Pedro era da Grifinória. Grifinórios são bravos, cavalheiros, ousados, corajosos! Mas pera aí. Corajosos? Pedro Pettigrew foi tudo menos corajoso no momento que se juntou a Voldemort, quando traiu a Lílian e a James e quando se tornou um rato para escapar do seu julgamento. Não consigo imaginar um único momento em que Pedro Pettigrew tivesse sido um verdadeiro grifinório. Eu me questiono quase que diariamente onde o Chapéu Seletor estava com a cabeça (tu-dun-tssss) no momento em que colocou Pedro na Grifinória. Qual foi a memória que ele viu, a conversa que teve, o traço que lhe chamou a atenção? Talvez, imagino eu, o único motivo pelo qual Pedro entrou na casa foi por ter pedido ao Chapéu Seletor, bem como fez Harry.

Mas eu não quero dizer que o Chapéu Seletor sempre erra. Ele faz escolhas excelentes também, e que geralmente levam um tempo para se justificarem.

O meu exemplo favorito disso é Neville Longbottom. Para mim, o Neville sempre demonstrou traços da Grifinória. Vocês sabiam que, durante seu tempo com o Chapéu Seletor, Neville pediu para ser colocado na Lufa-Lufa? O pobre garoto morria de medo da reputação da Grifinória, e acreditava não ser bom o bastante para ela. Mas o Chapéu Seletor escolheu muito bem ao colocá-lo na casa vermelha e dourada. Seu primeiro ato de bravura foi ao tentar impedir Harry, Ron e Hermione de saírem à caça da Pedra Filosofal no primeiro livro, sendo o primeiro personagem a ser petrificado. Daí para frente, Neville só melhorou. Ele sobreviveu a uma breve tortura da maldição Cruciatus, a mesma que deixou seus pais loucos, recusou bravamente se juntar a Voldemort, destruiu Nagini, a última Horcrux, e atuou como Auror por alguns anos após se formar. Neville se saiu muito bem, considerando o menino tímido e amedrontado que era em seus primeiros anos na escola. Para mim, ele se tornou um símbolo da casa, e toda a vez que eu penso no leão dourado, instantaneamente penso em Neville também.

Ao final destes exemplos, o que quero dizer é que o Chapéu Seletor comete alguns erros. Ninguém é perfeito. No entanto, mais importante do que a decisão deste objeto mágico, é a influência que se tem dos demais moradores da casa e do que se fala da casa pelos cantos do grande castelo. No final, nos tornamos quem devemos ser.

Eu voto por uma seleção mais elaborada e a possibilidade de se mudar de casa no meio dos anos escolares. E você?

Gabriela Lutfi vai apresentar esta coluna quando requerer a mudança de Casa à Profª McGonagall