Em homenagem ao falecimento do ator Alan Rickman, o nosso eterno Severo Snape, o editor-chefe de colunas do Potterish Luiz Guilherme Boneto escreveu o que intitulamos um tribulo à imortalidade.
“Alan Rickman não é o tipo de pessoa que morre. Ele deixou um longo e extenso legado, e nós tivermos sorte: foi ele o intérprete de Snape, um dos personagens mais queridos e corajosos do mundo bruxo.”
Juntem-se a nós lendo e compartilhando esta singela homenagem na extensão da notícia.
Por Luiz Guilherme Boneto
Ilustração por Bruna Borges
Você já se acostumou com o fato de que “Harry Potter e a Pedra Filosofal” foi publicado há quase dezenove anos? Já se deu conta de que o primeiro filme da saga foi lançado há quase quinze anos? A primeira geração de fãs é, hoje, adulta. Lá vou eu para os meus vinte e cinco anos de idade, já com medo das primeiras crises, enquanto assisto com absoluta perplexidade o surgimento de um novo e fabuloso grupo de fãs que, quando eu comecei a ler a série, estavam apenas nascendo.
Eu me sinto muito velho falando isso e não é de meu feitio publicar textos neste tom nostálgico, mas ora, é necessário. Relembrar o passado e observar a passagem do tempo é um exercício que todos nós devemos praticar com alguma frequência, ainda mais em dias tristes, como hoje. Faleceu ontem o grandioso Alan Rickman, ator que deu vida a um dos personagens mais polêmicos e controversos da nossa história preferida: Severo Snape.
O impacto dessa perda para a dramaturgia britânica e mundial é extenso. Rickman atuou em mais de trinta filmes e produções televisivas, foi diretor e ganhou prêmios ao longo da carreira. Para nós, sua partida possui especial amargor. De longe, ele foi um dos atores mais amados em “Harry Potter”, ao lado de nomes formidáveis como Maggie Smith, Richard Harris e Robbie Coltrane. Confesso que sou um implicante; ao reler a história, procuro criar eu mesmo o rosto de cada personagem, com as características dadas por Jo Rowling, sem levar em consideração os atores que os interpretam, mas ora: quem consegue imaginar Severo Snape sem a lembrança de Alan Rickman? Ele não apenas interpretou o mestre das poções, mas lhe deu vida.
Alan Rickman não é o tipo de pessoa que morre. Ele deixou um longo e extenso legado, e nós tivermos sorte: foi ele o intérprete de Snape, um dos personagens mais queridos e corajosos do mundo bruxo. Tinha 69 anos, uma vida pela frente, dezenas de personagens a interpretar, milhões de corações a derreter, mas perdeu a batalha contra um câncer, sempre o câncer, essa doença que nos tira seres humanos tão preciosos. Percebe, caro leitor, como o tempo passa? Ele segue seu curso, como um rio caudaloso e implacável, e nos lembra do quão efêmero pode ser. Quando a morte nos lembra disso, levando alguém tão importante e querido, alguém que ainda tinha muito a oferecer ao mundo, nosso sentimento pode ser o desespero. Ocorre que, “para a mente bem estruturada, a morte é somente a grande aventura seguinte”, lembram-se?
Descanse em paz, querido Alan Rickman. Nossas varinhas permanecerão erguidas. Não vamos nos esquecer.