Fundadores de Hogwarts podem protagonizar série sem estragar Harry Potter
Por Pedro Martins*Diferente do que ocorreu na peça Cursed Child, os fundadores de Hogwarts podem protagonizar uma série de Harry Potter sem entrar em conflito com elementos já estabelecidos nos livros que deram origem à franquia e, de quebra, expandir o que conhecemos sobre as casas Corvinal, Grifinória, Lufa-Lufa e Sonserina.
A aposta deste editor que vos escreve surge em meio ao rumor de que uma série de Harry Potter começou a ser produzida pela WarnerMedia para o HBO Max, serviço de streaming lançado nos Estados Unidos em 2020, mas que ainda não chegou ao Brasil nem se espalhou pelo mundo.
A notícia agitou os fãs de Harry Potter após ter sido publicada, nesta segunda-feira (25), pelo The Hollywood Reporter, portal de notícias norte-americano especializado na cobertura de entretenimento que costuma dar furos de reportagem, muitos dos quais no futuro se provaram verdadeiros.
A WarnerMedia e o HBO Max negaram a suposição, mas, dado à força que o streaming ganhou nos últimos anos, impulsionado também pela pandemia do novo coronavírus, a produção de uma série de Harry Potter, cedo ou tarde, é inevitável.
Série de Harry Potter protagonizada pelos fundadores
O portal de notícias afirmou que a série de Harry Potter ainda não tem uma trama definida, mas Godrico Gryffindor, Helga Hufflepuff, Rowena Ravenclaw e Salazar Slytherin bem que poderiam ser os protagonistas.
O quarteto viveu mais de mil anos antes do nascimento de Harry, o que permitiria aos produtores da série expandir o Mundo Bruxo sem correr risco de entrar em conflito com o que foi estabelecido anteriormente, como ocorreu em Cursed Child.
Altamente criticada pelos fãs, principalmente pelos que apenas leram seu roteiro, a peça usa o vira-tempo sem considerar as regras descritas nos livros de Harry Potter e em artigos que J. K. Rowling havia escrito para o extinto Pottermore.
A peça também subverte características de personagens como Voldemort, que nos palcos revela ter uma filha, mesmo sem nunca ter sido capaz de amar nada além do poder ou de ter mostrado interesse em qualquer relacionamento.
Intrigas antigas e atemporais
Além de narrativamente segura, uma série de Harry Potter sobre os fundadores de Hogwarts seria uma oportunidade de explorar intrigas entre as casas que impactam o dia a dia dos alunos de Hogwarts de maneira atemporal.
É o caso da rixa entre Grifinória e Sonserina, tão presente nos anos escolares de Harry, que surgiu a partir da discordância entre Godrico e Salazar, que queria proibir em Hogwarts a presença de bruxos nascidos em famílias trouxas.
É difícil defender quem colocou dentro do castelo um monstro que matou inocentes e ameaçou fechar a escola por duas vezes, mas, como dizia Sirius Black, todos temos luz e trevas, e Salazar de certo não seria diferente.
Em uma série, que teria muito mais tempo do que os filmes para se aprofundar em conflitos dos personagens, as atitudes de Salazar, por exemplo, poderiam ser exploradas de uma lente que quebrasse o maniqueísmo com que ele é lembrado.
E se o motivo pelo qual Salazar não quis permitir a matrícula de nascidos-trouxas em Hogwarts não era preconceito, mas o medo – descabido, mas compreensível – de que eles revelassem aos trouxas existência da magia e desencadeassem uma caça aos bruxos, que por muito tempo foi um medo genuíno da comunidade bruxa?
Da mesma forma, conflitos que marcaram a vida dos outros fundadores poderiam ganhar abordagens antimaniqueístas, como o apreço excessivo de Rowena pela inteligência, que a levou a criar um diadema que provocou sérios conflitos no futuro, inclusive com a própria filha, Helena.
As próprias casas também poderiam ganhar com uma série de Harry Potter sobre os fundadores. Afinal, será que todo sonserino é mau-caráter, da forma como os livros narrados sob a perspectiva de Harry fazem parecer? É claro que não, da mesma maneira que, como Rabicho, nem todo grifinório é honrado.
Ao aprofundar elementos já pincelados nas histórias de Harry, Rony e Hermione, a série enriqueceria a experiência dos fãs com o Mundo Bruxo – além, é claro, de ser ambientada em um cenário nostálgico que é um deleite à parte para quem cresceu sonhando em receber sua carta de Hogwarts.
*Pedro Martins é jornalista e editor-chefe do POTTERISH