Na Seção Granger deste domingo, 12, nossa colunista Débora Jacintho traz a crítica de Um gato de rua chamado Bob, de James Bowen, publicado pela Editora Novo Conceito em 2012 e relançado no ano passado, com a capa inspirada no lançamento do filme homônimo.
“Quem tem animais de estimação sabe o potencial que eles têm de mudar uma vida. Com James não foi diferente. Esbarrar com Bob foi o seu ponto de virada, e ele passa a analisar as coisas com outros olhos…”
Para ler a crítica na íntegra, acesse a extensão deste post.
Crítica por Débora Jacintho
Estou escrevendo este texto enquanto o Mushu, meu gato, fica passando na frente do meu computador, até se sentar ao lado. O que é engraçado, porque Um gato de rua chamado Bob é um relato de James Bowen, que lutava para sobreviver nas ruas de Londres, sobre suas experiências junto a Bob, um gato alaranjado com quem ele se deparou no corredor de seu prédio. O londrino estava batalhando para conseguir superar seu vício em heroína, e Bob, seu novo companheiro, chegou para transformar completamente sua vida e perspectivas futuras.
Tendo passado 10 anos morando nas ruas em meio à dependência química, a sua aproximação com o gato laranja de personalidade forte lhe dá mais forças para continuar o seu programa de recuperação e melhorar de vida. Não é para menos: ele agora se sente responsável por um novo ser além de si próprio.
A narrativa alterna relatos dos acontecimentos correntes com o cotidiano de James e Bob, bem como as memórias do passado do autor, como ele chegou na situação em que se encontra, a relação com a família e com as ruas. O livro é bastante envolvente e cativante; a forma como a história se desenvolve cria sentimentos de empatia do leitor com a vida do humano e do felino. A escrita é leve, mas promove a reflexão sobre aspectos como invisibilidade e a natureza humana para com pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Quem tem animais de estimação sabe o potencial que eles têm de mudar uma vida. Com James não foi diferente. Esbarrar com Bob foi o seu ponto de virada, e ele passa a analisar as coisas com outros olhos, além de despertar em outras pessoas sentimentos mais amigáveis em relação aos dois.
São percebidos alguns pequenos deslizes de continuidade com datas e locais, mas provavelmente justificados pelo fato de que a memória do autor é mesmo um pouco difusa. Esse detalhe, contudo, não tira nem um pouco o mérito do livro. Há situações de ficar sem respiração e também de descer uma lágrima no rosto. Bob é completamente apaixonante, tornando, assim, uma leitura que vale muito, muito a pena.
203 páginas, Editora Novo Conceito, publicado em 2012.
Título original: “A Street Cat Named Bob”.
Tradução: Ronaldo Luís da Silva.
Débora Jacintho é historiadora e colunista do Potterish.