Victoria Schwab está no Brasil para a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, e para comemorar, a colunista da Seção Granger, Ana Alves Rolim, traz a resenha crítica de A Melodia Feroz, sucesso da escritora norte-americana.
Em tempos em que a vida humana tem cada vez menos valor, é o monstro de Schwab quem nos traz um sopro de humanidade. Utilizando a música como estrutura da narrativa, a autora envolve beleza e escuridão em uma história que é, acima de tudo, necessária.
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Por Ana Alves Rolim
“Quando alguém aperta um gatilho, dispara uma bomba, faz um ônibus cheio de turistas cair da ponte, o resultado não são apenas escombros ou cadáveres. Existe outra coisa. Algo mau. Uma consequência. Uma repercussão. Uma reação a todo ódio, dor e morte.”
Essa descrição, que se parece muito com vários cenários do nosso mundo, refere-se a Veracidade, cidade distópica de A melodia feroz, primeira parte da duologia Monstros da Violência‘.
A grande diferença com o que conhecemos é que essa repercussão é de carne e osso na história de Victoria Schwab: todo ato de violência ou morte traz ao mundo três tipos de monstros: corsais, melchais ou os raros sunais, que se alimentam da carne, do sangue e da alma dos humanos, respectivamente. Para piorar, é claro que os habitantes da cidade não concordam sobre como enfrentar a situação, o que leva à divisão de Veracidade, entre os que enfrentam os monstros na Cidade Sul e os que pagam para acreditar que eles não existem na Cidade Norte.
É nesse cenário, onde nenhum lugar é verdadeiramente seguro, que o sunai da Cidade Sul, August Flynn, e Kate Harker, filha do grande chefe da Cidade Norte, se encontram. É claro que um embate parece eminente, mas a verdade é que os sunais não são exatamente monstros que se alimentam de almas. Eles tomam apenas as almas de pecadores, humanos que já criaram outros monstros, e fazem isso através da música.
August, um dos três sunais existentes, se alimenta de almas o mínimo possível, pois não quer ser um monstro, mas um humano. Seu conflito constante é extremamente bem-construído por Schwab. A construção de Kate também é excelente. Ela tem a força e determinação das protagonistas da autora, e mata monstros com o desejo de provar seu valor ao pai. Com personalidades divergentes, esses dois adolescentes iniciam uma jornada em que enfrentarão seus maiores medos.
Em tempos em que a vida humana tem cada vez menos valor, é o monstro de Schwab quem nos traz um sopro de humanidade. Utilizando a música como estrutura da narrativa, a autora envolve beleza e escuridão em uma história que é, acima de tudo, necessária.
A segunda parte da duologia, Our Dark Duet, foi lançada recentemente em Língua Inglesa, e finaliza a história com perfeição. Entretanto, ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.
384 páginas, Editora Seguinte, publicado em 2017.
Título original: This Savage Song
Tradução: Guilherme Miranda
Ana Alves Rolim é pós-graduada em Língua Inglesa e Suas Literaturas, tradutora do Potterish e colunista da Seção Granger.