Na última Seção Granger do mês de maio, trago a resenha crítica de “Jovens de Elite”, primeiro volume da nova trilogia da autora Marie Lu, publicado há alguns meses pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
“Mistura [de] elementos históricos, políticos e magia, com inspiração (não cópia) em ‘Assassin’s Creed’, ‘Game of Thrones” e ‘X-Men’. Narrada sem rodeios, é uma história que prende a atenção do leitor do início ao fim e o deixa extremamente ansioso pela continuação.”
Para ler o texto na íntegra, acesse a extensão do post. Aproveite e assista também uma entrevista nossa com a autora sobre “Harry Potter”, feita pela também escritora Carolina Munhóz.
Resenha crítica por Pedro Martins
Em um mundo medieval alternativo, uma praga – a Febre do Sangue – dizimou milhares de pessoas. Os que sobreviveram, por sua vez, foram marcados fisicamente, desde um estranho tom de pele a uma cor de cabelo peculiar, e caracterizados como malfettos: seres abominados por todos ao seu redor e caçados pela Inquisição.
Adelina Amouteru é uma malfetto. Órfã de mãe e maltratada (por vezes torturada) pelo pai há anos, a garota ainda descobre que seria vendida pelo carrasco genitor, sem qualquer ressentimento, a um homem que nutria interesses adversos por ela. Nessa situação, Adelina não tem outra alternativa senão fugir – e também ser uma anti-heroína, “uma versão feminina e adolescente do Darth Vader”, como a própria autora a caracteriza.
“Estou cansada de perder. Cansada de ser usada, ferida e jogada fora. É minha vez de usar. Minha vez de ferir. Minha vez.”
Em sua fuga, de maneira chocante ela descobre que a Febre do Sangue não só lhe deu uma cicatriz, mas também um fortíssimo superpoder. Capturada e prestes a ser queimada na fogueira santa, Adelina é resgatada pela Sociedade do Punhal – os Jovens de Elite –, que, como ela, são dotados de poderes sobrenaturais – desde o controle dos cinco elementos ao da própria mente humana – e estão sempre lutando contra a Inquisição e a ditadura imposta pela Rainha.
“Jovens de Elite” é o primeiro volume da nova trilogia da escritora Marie Lu, conhecida pelo seu trabalho anterior, a trilogia “Legend”. Sem traçar paralelos entre as duas sagas, esta mistura elementos históricos, políticos e magia, com inspiração (não cópia) em “Assassin’s Creed”, “Game of Thrones” e “X-Men”. Narrada sem rodeios, é uma história que prende a atenção do leitor do início ao fim e o deixa extremamente ansioso pela continuação. Marie Lu entra na psique de cada um dos personagens e os constrói muito bem. O uso da Renascença italiana como fonte de inspiração para vários pontos da obra, inclusive os nomes dos personagens – Dante, Giulietta, Rafaelle etc –, é um deleite à parte. Entretanto, como nem sempre tudo são flores, há uma única ressalva: a autora não se atenta tanto à descrição do cenário físico, e alguns leitores podem ficar à deriva ao imaginá-lo.
De qualquer maneira, é uma ótima história, criativa e de leitura rápida, recomendada a leitores que gostam de distopias e fãs das sagas citadas acima que serviram como fonte de inspiração. “The Rose Society”, o segundo volume, foi lançado nos Estados Unidos em 2015, mas ainda não tem previsão de publicação no Brasil. Torçamos para que seja logo.
304 páginas, Editora Rocco (Jovens Leitores), publicado em 2016.
Título original: “The Young Elites”.
Tradução: Rachel Agavino.
Pedro Martins é estudante, leitor, Webmaster do Potterish e resenhista crítico do The Guardian.