Seção Granger

Seção Granger: “Boa noite”, de Pam Gonçalves

Publicado pela Galera Record no mês passado, “Boa noite” é o livro solo de estreia de Pam Gonçalves – Potterhead, Youtuber e agora escritora. Renato Augusto Ritto, que a acompanha desde a época do blog Garota It, traz na Seção Granger de hoje, 11, suas impressões sobre o romance.

“O que mais chama a atenção nesse livro é a forma original com a qual a história foi tratada. Por mais que tudo se passe no clichê da faculdade e da reinvenção própria, o engajamento na luta feminista se mostra forte da dedicatória inicial até os agradecimentos finais.”

Para ler a crítica na íntegra, acesse a extensão deste post.

“Boa noite”, de Pam Gonçalves
Resenha crítica por Renato Augusto Ritto

Livro solo de estreia da Youtuber e autora Pam Gonçalves, “Boa noite” surpreende com uma narrativa viciante. Nele, Alina é uma jovem que acaba de ser aceita em uma universidade para o curso que sempre quis fazer, Engenharia da Computação, e, por estar em um ambiente totalmente novo e sentir necessidade de se enturmar, decide se reinventar, deixando para trás o rótulo de nerd e aceitando convites para festas e atividades sociais. Em sua nova fase, a garota sai de casa e vai morar na República das Loucuras com Talita, Manu, Gustavo e o morador eventual, Bernardo, namorado de Talita. Veteranos, os quatro fazem com que Alina se sinta cada vez mais em casa e dão a ela a possibilidade de estar em festas mais legais e empolgantes.

Entretanto, na faculdade e nas festas, Alina começa a descobrir um mundo podre que a cerca apenas pelo fato de ela ser mulher: assédios, ofensas, menosprezos e estupros. Sem perceber, Alina cai no meio da rede de fofocas, e ela e suas amigas decidem tentar mudar o futuro das mulheres na universidade em que estudam.

O que mais chama atenção nesse livro é a forma original com a qual a história foi tratada. Por mais que tudo se passe no clichê da faculdade e da reinvenção própria, o engajamento na luta feminista se mostra forte da dedicatória inicial até os agradecimentos finais. A ambientação foi bem trabalhada, dando-nos a impressão de realmente estarmos iniciando a faculdade. Não há cenas desnecessárias, e o contraste entre o lar antigo e o novo também é bem explorado. Além disso, achei a narrativa extremamente viciante, rápida e apresentando muito bem os fatos.

Os personagens são muito bem construídos, cada um com sua personalidade tão bem marcada a ponto de ser fácil descobrir qual será a reação de cada um deles a algumas coisas que acontecem ao longo da trama. Os diálogos, por sua vez, ainda não são os mais fluentes – algo que talvez indique a estreia de Pam em um livro solo (ela lançou um conto em uma antologia há pouco) –, mas isso de forma alguma atrapalha a experiência da leitura, pois a força dos personagens e a simpatia da protagonista põe isso em segundo plano na trama bem construída.

Acompanho a Pam desde a época do blog (Garota It), continuei com ela no YouTube e, obviamente, não seria diferente com os seus livros. Comprei “Boa noite” na Bienal do Livro e ganhei meu autógrafo. Fui surpreendido positivamente, mais uma vez. Não consigo explicar como o livro foi importante para mim, mesmo eu sendo um homem e sabendo que o protagonismo feminista deve ser da mulher. Achei ótimo, e se você gosta de romance e drama, vai adorar também! Pam acabou transferindo para a sua escrita muito das escritoras que mais gosta e as quais agradece: Meg Cabot e Sarah Dessen estão, sem dúvida, aqui e ali pelo livro.

304 páginas, Editora Record (Galera), publicado em 2016.

Renato Augusto Ritto é tradutor do Potterish, estudou Letras e estuda, atualmente, Editoração, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo.