“A Guardiã de Histórias”, escrito pela norte-americana Victoria Schwab e publicado no Brasil há alguns meses pelo selo Bertrand do Grupo Editorial Record, é o tema da Seção Granger deste domingo (10).
“Como em uma biblioteca – e um cemitério –, este local abriga histórias em suas prateleiras. Histórias com letra maiúscula, pois, ao invés de livros, elas são os mortos. Às vezes, essas Histórias se despertam e fogem do Arquivo, chegando violentamente ao Estreito, um corredor que divide o nosso mundo e aquela biblioteca. É trabalho dos Guardiões levá-las de volta ao Arquivo e entregá-las aos Bibliotecários.”
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Resenha crítica por Pedro Martins
Na segunda série de fantasia da norte-americana Victoria Schwab, somos apresentados ao Arquivo. Como em uma biblioteca – e um cemitério –, este local abriga histórias em suas prateleiras. Histórias com letra maiúscula, pois, ao invés de livros, elas são os mortos. Às vezes, essas Histórias se despertam e fogem do Arquivo, chegando violentamente ao Estreito, um corredor que divide o nosso mundo e aquela biblioteca. É trabalho dos Guardiões levá-las de volta ao Arquivo e entregá-las aos Bibliotecários.
E é nessa fantasia que se encontra todo o brilho deste livro. Não que a escrita e a construção de personagens sejam ruins – pois não são –, mas essa ideia inicial é tão bem trabalhada e tão intrigante que naturalmente acaba por ser o que mais chama a atenção de qualquer um que a leia. Se esse leitor for um amante incurável do trabalho com livros, como os próprios bibliotecários (do nosso mundo), então é paixão à primeira vista.
Mackenzie Bishop, a protagonista, enfrenta todas as complicações trazidas pela transição entre adolescência e a vida adulta. Mas com um agravante: ela é uma Guardiã, e, além disso, sofre imensamente a perda do irmãozinho que tanto amava. Há também o espaço do romance, há o personagem que é o interesse amoroso de Mac, e essa parte é complementar à história, a enriquece, mas não necessita de tanta explanação.
Em busca de uma nova vida e tentando fazer com que a filha espaireça um pouco dos traumas de infância, a mãe de Mackenzie decide se mudar com a família para um velho hotel que havia se tornado prédio residencial. Sem saber do trabalho secreto da filha, o contrário acontece: logo nas primeiras horas em sua nova casa, as habilidades de Mac – como tocar um objeto e conseguir “ler” a sua “história” – começam a mostrá-la as particularidades problemáticas do local e a perturbá-la. Como se não bastasse, o seu trabalho no Arquivo começa a ficar cada vez mais intenso, árduo e perigoso; nunca o Estreito estivera tão movimentado, nunca houvera tantas fugas. Alguém está deliberadamente acordando Histórias, apagando trechos essenciais de sua vida e acendendo a faísca do caos.
Em pouco mais de trezentas páginas, Victoria Schwab consegue apresentar, desenvolver e terminar a sua história de maneira misteriosa e eletrizante. Apesar de ser uma série, atualmente com dois volumes já publicados em inglês, o final de “A Guardiã de Histórias” não traz cliffhanger algum; a história é finalizada e os ganchos para a continuação são extremamente suaves, como em “Harry Potter e a Pedra Filosofal”.
322 páginas, Editora Record (Bertrand), publicado em 2016.
Título original: “The Archived”.
Tradução: Daniel Estill.
Pedro Martins é estudante, leitor, Webmaster do Potterish e resenhista crítico do The Guardian.