[ATL] Scholastic prepara novas edições dos livros de Harry Potter para setembro
Por Evandro LiraA editora Scholastic, responsável pela publicação dos livros da série nos Estados Unidos, anunciou hoje que, para celebrar os 15 anos do lançamento de Pedra Filosofal em território americano, irá relançar todos os sete livros da saga numa edição especial, com novas capas.
O trabalho artístico agora é do japonês Kazu Kibuishi, que disse que inicialmente se mostrou resistente a aceitar o trabalho:
“Eu amo tanto as capas originais. Eu sou um grande fã. Mas depois de pensar sobre isso por um tempo, eu percebi que se alguém tinha que fazer, eu deveria tentar.”
Kibuishi, em entrevista ao Publisher Weekly, contou ainda que embora tenha sido difícil no começo, sabia que desafio maior teria enfrentado a artista Mary GranPré, que criou as capas originais dos EUA:
“É como se eu estivesse olhando para eles lá trás a partir do futuro. Eu tenho a vantagem de ver os livros no contexto histórico da coisa.”
As novas edições estão programadas para lançar em setembro, no tipo brochura, sendo vendidas individualmente por preços que ficam entre $12.99 e $16.99. O conjunto também estará disponível, custando $100. A arte da capa do primeiro livro da série pode ser vista na nossa galeria.
“No ano passado, estávamos pensando em como fazer Harry Potter acessível e relevante para uma nova geração, de crianças com oito e nove anos de idade”, diz Ellie Berger, presidente da Scholastic Trade Publishing. “Começamos o Clube do Livro Harry Potter como uma forma de levar as crianças, alguns dos quais talvez apenas conhecia os filmes, de volta para os livros, e apresentar esse mundo maravilhoso para eles. As capas de Mary são tão icônicas para todos nós, e elas vão permanecer na capa dura dos EUA e digerir edições de bolso. Mas nós estávamos tentando descobrir um novo visual, com novos recursos, e com o 15º aniversário chegando, parecia uma boa ideia atender a isso.”
Ainda como parte da celebração dos 15º anos, a editora Scholastic irá lançar em novembro o primeiro box americano da Biblioteca de Hogwarts, que conta com os títulos Quadribol Atraves dos Séculos, Animais Fantásticos e Onde Habitam e os Contos de Beedle, o Bardo. O conjunto será vendido por US $29,99 e as vendas vão beneficiar duas instituições de caridade escolhidas por J.K. Rowling: Lumos e também a Comic Relief.
No ano passado, a editora inglesa Bloomsbury também comemorou os 15º anos de Harry Potter, relembre.
ATUALIZAÇÃO: O ilustrador concedeu também uma entrevista ao site do programa Good Morning America, da rede televisiva norte-americana ABC, na qual ele fala sobre o processo criativo das ilustrações e suas inspirações para as novas capas.
Confira-a traduzida na íntegra!
Primeira olhada na nova capa artística de ‘Harry Potter’
ABC News – Lauren Sher
13 de fevereiro de 2013
Tradução: Gabriel Guimarães
Você sentiu muita pressão criando novas capas artísticas para uma das mais amadas séries infantis de todos os tempos?
Eu já trabalhei com a editora em meu próprio livro, então eu estava trabalhando com amigos. Houve uma quantidade enorme de pressão, mas não houve medo. Como eu estava trabalhando nas capas, eu percebi a influência do projeto, e o trabalho começou a ficar um pouco mais pesado. Não tem sido muito difícil. Quando eu me afasto, eu temo de que eu esteja começando a ficar com medo. […] Eu estou aproveitando cada minuto.
Qual foi a sua inspiração para a nova capa de ‘Pedra Filosofal’?
Essa foi a capa mais clara para eu fazer. Ela provavelmente é o que melhor representa a ideia de Harry Potter tornando-se um novo clássico perene. Eu sinto que ao longo do tempo Harry Potter será visto como nós vemos um romance de Dickens ou um romance de Wells. Eu quis dar para as capas esse aspecto clássico. Foi como se eu estivesse fazendo quase um tipo de fan art de Harry Potter, mas produzido no estilo da literatura clássica. A capa inicial [desta nova edição] era muito Dickens. Eu estava pensando em ‘Grandes Esperanças’ ou ‘Canção de Natal’. Eu tenho um conhecimento sobre o cinema e eu sou um grande fã de cartaz de filme. Provavelmente ela é também reflexo de alguns dos meus cartazes de filme favoritos.
Como você abordou o projeto?
Estou abordando a perspectiva do projeto mais como um historiador de arte. Eu também sou um autor e normalmente não assumo projetos como este, pois estou muito focado em escrever e desenhar meus próprios livros. Sinto que, neste caso, exprimo para as crianças e depois para os bibliotecários. Eu penso que eu posso trazer esse senso de empatia ao trabalho que é único. Então se alguém estava tentando introduzir esses livros para a nova geração de leitores, por que essa pessoa não poderia ser um autor que produz trabalho para essa nova geração?
Você usou o trabalho artístico de Mary GrandPré como um ponto de partida?
Seus trabalhos se destacam sozinhos em sua própria maneira. Eles são como ícones. […] Como eu disse, eu vim para o trabalho das capas mais como um historiador de arte: dando uma olhada em como nós temos um tipo de Harry aceito em nossa cultura e tentando inventá-lo para uma nova geração de leitores. Tentei cortar o máximo de laços [com os trabalhos artísticos anteriores da série] que eu pude, e tento pensar sobre isso como se fosse uma perspectiva completamente nova de prestar respeito ao trabalho que veio antes.
Eu fiz homenagens estilísticas ao trabalho de Mary. Há pequenos elementos e floreios que eu próprio provavelmente não teria colocado [, devido ao corte de laços], mas eles são tão sutis na técnica que eu não tenho certeza se alguém notará.
Que interação você teve com J.K. Rowling ou Mary GrandPré no projeto?
Eu nunca conheci Mary GrandPré ou [J.K.] Rowling. Eu ajudei uma mostra de galeria que exibiu o trabalho de Mary GrandPré. Essa foi minha única pequena conexão que eu tive com o universo de Harry Potter, além de ser publicado pela mesma editora que Joanne e de ser um fã.
Que tipo de orientação você recebeu?
David Saylor [vice-presidente, diretor criativo, editor comercial de livros] é o melhor diretor artístico para o qual eu já trabalhei, e bons diretores artísticos sabem confiar em seu talento. […] Ele colocou muita coisa a cargo de minha decisão, e quando isso acontece o artista realmente tenta acelerar. Ele tem sido o único cliente de trabalho que eu tive.
Você está nervoso para ver quais são as reações dos fãs?
Eu estava mais nervoso para ouvir o que Joanne Rowling pensaria [das capas]. Quando eu ouvi que ela gostou, fiquei feliz. Agora que eu ouvi que ela está satisfeita, vou direcionar meu caminho para o fim dessa coisa.
Qual das sete capas foi a mais difícil de ilustrar?
Todas elas foram incrivelmente desafiadoras em sua própria maneira. Estou perto da conclusão de que todas elas foram quase completamente difíceis de ilustrar, mas a primeira é a única cuja conclusão foi de que ela foi completamente difícil de ilustrar. A primeira foi muito difícil. O que você vê é um rascunho* muito avançado no processo, mas ele foi concluído rapidamente.
O quão rapidamente é rapidamente?
Dois-e-meio a três dias para pintá-lo. A maior parte do processo é extraindo a informação, fazendo a pesquisa, dando uma olhada no que eu vou fazer. Então fazendo a ilustração e renderizando-a. Eu tendo a sentir como se eu gastasse muito tempo, estou mais que enfastiado com isso.
O que está reservado para as capas de ‘A Câmara Secreta’ e ‘Prisioneiro de Azkaban’?
Elas continuam em um estado de mudança contínua. Há muita coisa que eu estou refazendo ou revisando. Nada na história das cenas dos livros ainda.
Mais alguma coisa a respeito do processo que você fez sobre a qual os artistas deveriam saber?
Eu tentei trabalhar em uma única camada no Photoshop. Eu usei muito poucos efeitos. Na maior parte da produção de todas as ilustrações eu não separei elementos. Tentei mantê-lo puro como se eu estivesse trabalhando em uma lona. Impus-me uma limitação, apesar de ter todas essas ferramentas à minha disposição.
*Aparentemente, o entrevistador estava diante de um rascunho da capa da nova edição do primeiro livro.