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“Reflexões sobre Azkaban” e os novos colunistas!

Após uma longa seleção, com mais dezenas de candidatos inscritos, chegamos ao resultado com a lista de escolhidos.

Todos os candidatos foram avaliados criteriosamente, e todos eles têm em comum a paixão por Harry Potter e pela escrita, duas características fundamentais para integrar a equipe, é claro. Eis a lista com os escolhidos:

Bruno Barros, 16 anos, de Três Rios (RJ) estudante do ensino médio.

Heitor Garcia, 16 anos, de Fortaleza (CE) estudante do ensino médio.

Igor Ferreira, 18 anos, de Cantagalo (RJ), estudante de Direito.

Larissa Azevedo, 18 anos, de Cachoeiras de Macacu (RJ) estudante de Letras.

Marcio Oliveira, 22 anos, de Duque de Caxias (RJ), estudante de Letras.

Monique Calmon, 18 anos, do Rio de Janeiro (RJ), estudante de Engenharia Elétrica.

Natallie Alcântara, 25 anos, de Belém (PA), bibliotecária e historiadora.

Orlando Louzada, 18 anos, do Rio de Janeiro (RJ), estudante de Ciências Biológicas.

Para coroar a estreia dos novos integrantes das Colunas, Monique Calmon nos presenteia com um ensaio sobre Azkaban, a prisão que amedronta todos os bruxos, para a qual ninguém quer ir, seja inocente ou culpado.

Não deixe de conferir o texto de estreia de nossa nova colunista e deixar seu comentário!

por Monique Calmon

Frequentemente, na mídia global, nos deparamos com notícias de presos sendo torturados na Líbia, na Síria, no Iraque… E até mesmo no Brasil. Diversas vezes, os presos em questão vivem em países em guerra, e ao protestar em prol de seus direitos, acabaram sendo oprimidos por lideranças autoritárias e corruptas. Outras vezes, são criminosos de fato, pessoas julgadas e condenadas. Em ambos os casos, no entanto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é clara: a tortura é um ato criminoso por si só, ao qual ninguém pode ser submetido.

Em Harry Potter, uma questão sempre me chamou a atenção: em Azkaban, a prisão de segurança máxima do mundo bruxo, os criminosos eram torturados constantemente pelos dementadores. Não é para menos que, toda vez que algum personagem dos livros cita tais criaturas, sorrisos somem e surge uma tensão no ar. Resquícios de medo, repulsa e tristeza, especialmente dos que já sentiram na pele e na mente os efeitos de sua presença. Lupin os descreve, em “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”:

“Os dementadores estão entre as criaturas mais malignas que vagam pela Terra. Infestam os lugares mais escuros e imundos, se comprazem com a decomposição e o desespero, esgotam a paz, a esperança e a felicidade do ar à sua volta. Até os trouxas sentem a presença deles, embora não possam vê-los. Chegue muito perto de um dementador e todo bom sentimento, toda lembrança feliz serão sugados de você. Se puder, o dementador se alimentará de você o tempo suficiente para transformá-lo em um semelhante… desalmado e mau. Não deixará nada em você exceto as piores experiências de sua vida.”

Harry tantas vezes escutou a voz de sua mãe durante seus últimos momentos, deseperada tentando salvá-lo de Voldemort. Quando ele descobre a verdade sobre Peter Pettigrew, o verdadeiro traidor dos Potter, pede para que Lupin e Sirius não fizessem o trabalho sujo de matá-lo. Ao invés disso, decide que Peter merecia receber o Beijo da Morte e ter sua alma sugada de seu corpo pelos dementadores.

É fácil dizer que Peter, como muitos outros Comensais da Morte, deveria ter sofrido as piores consequências. Mas é uma questão moral em jogo. E uma questão muito subjetiva, provavelmente sem resposta. Imagine perder um ente querido, ou ser torturado. Qualquer um sentiria um desejo inevitável de vingança, e Azkaban seria até aceitável como método de punição.

Contudo, é difícil confiar na avaliação humana. Por exemplo, o Departamento de Execução das Leis da Magia não era infalível, tanto que Sirius e Hagrid, acusados injustamente, foram parar em Azkaban. É como a pena de morte em nosso mundo, algumas vezes a pessoa errada perde a cabeça…

Além de tudo isso, dementadores não eram confiáveis. De fato, mantiveram os piores bruxos presos por muito tempo, porém permitiram a fuga de diversos Comensais da Morte em 1996 e 1997, como Dumbledore havia antes previsto que aconteceria, com o retorno de Voldemort.

Voltando para o nosso mundo, dos trouxas (infelizmente!), creio que “Harry Potter” traz à tona a necessidade de se refletir sobre como tratamos as pessoas que causam algum dano a nós ou à sociedade. E, principalmente, de se discutir sobre isso, para que a sociedade chegue a um consenso sobre o que é melhor para sua existência e manutenção. Acredito que, de algum modo, J.K. Rowling quis nos passar essa mensagem.

Monique Calmon mantém sempre uma barra de chocolate ao alcance da mão, caso cruze com algum dementador.