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O mundo em arco-íris

Uma das questões mais latentes dos últimos anos tem sido a sexualidade, como ela é vista, aceita, abordada e incorporada na nossa rotina. Principalmente, como identificar e lidar com as diversas formas de sexualidade que têm “saído do armário”.

[meio-2]Com essa perspectiva, o jornalista André Fischer reuniu uma série de crônicas no livro “Como o mundo virou gay”, refletindo sobre como os homossexuais enxergam o mundo, a forma que se veem e como se sentem recebidos pela sociedade. Se quiser saber mais, abra a extensão e leia a resenha de hoje do Potterish.

“Como o mundo virou gay”, de André Fischer

O mundo em arco-íris Tempo: para ler pouco a pouco em intervalos durante a semana
O mundo em arco-íris Finalidade: para pensar
O mundo em arco-íris Restrição: para quem não gosta de coisas moderninhas
O mundo em arco-íris Princípios ativos: homossexualidade, comportamento, crônicas, sexualidade, preconceito.

O mundo em arco-íris

O que o jornalista André Fischer analisa nas 263 páginas de seu livro são quais sentimentos os gays despertam na sociedade atual, já que o preconceito, por mais que ainda exista, é bem menor do que o de décadas atrás. Ele faz um histórico de como a causa gay começou a ser aceita, relembrando os estudos de Alfred Kinsey, o momento em que a Organização Mundial de Saúde deixou de considerar homossexualidade uma doença e a criação da Parada Gay, até as leis mais atuais que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O mundo em arco-íris

Fischer defende que a causa gay é fruto direto da revolução sexual, do feminismo (ou seja, da derrota do machismo) e da discussão a respeito da sexualidade na mídia. Grande parte da aceitação da homossexualidade também está atrelada ao reconhecimento do mercado, que “passou a reconhecer os gays como um dos segmentos mais atraentes e com características específicas que vale a pena estudar para tornar mais rentáveis seus investimentos”, segundo o autor.

Porém, Fischer não pinta o mundo arco-íris como uma perfeição. O jornalista também debate as questões internas do “mundo LGBT” e o preconceito interno. Há gays que não aceitam drags, que detestam a Parada Gay, que discriminam aqueles que se “comportam demais como héteros”, criando de dentro uma série de estereótipos.

O autor, por ter reunido uma série de textos escritos em épocas diferentes, naturalmente acaba se contradizendo algumas vezes. Ao mesmo tempo em que defende o fim do estereótipo gay, Fischer reafirma alguns deles. “Não é lenda. Os gays se divertem mais, escolhem os melhores filmes, dançam melhor, conhecem pessoais mais glamourosas, costumam saber o dia certo para ir a cada lugar”, escreve.

Sobre a manifestação da homofobia, Fischer entra numa polêmica quando estabelece uma diferença entre aqueles que fazem piadas com gays e os que os agridem. Para o jornalista, ambos são preconceituosos, mas apenas os agressores podem ser taxados de homofóbicos.

Em seus textos, Fischer consegue manter um equilíbrio entre a visão parcial de quem é um ativista conhecido da causa gay e um jornalista que racionaliza diante dos fatos. No entanto, algumas partes que lembram o gênero auto-ajuda são extremamente dispensáveis. De qualquer forma, trata-se de uma boa obra para refletir sobre uma sociedade mais disposta a amar de diversas formas.

Resenhado por Sheila Vieira

263 páginas, Editora Ediouro. Publicado em 2008.

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