Magia do Cinema

Magia do Cinema: “Sete homens e um destino”

“Sete homens e um destino” é um remake do clássico homônimo de 1960, que, por sua vez, é um remake do longa-metragem japonês “Os Sete Samurais”, de 1954. Sendo a terceira versão de uma mesma história, portanto, o que esse filme poderia trazer de diferente? Nossa webmistress Marina Anderi escreve suas impressões sobre o filme estrelado por Denzel Washington e Chris Pratt.

Para ler a crítica cinematográfica na íntegra, acesse a extensão deste post.

“Sete homens e um destino”, dirigido por Antoine Fuqua
Crítica cinematográfica por Marina Anderi

Tendo visto tanto o filme de 1960 quanto o de 1954, parecia que não havia mais nada de novo a trazer para um história já tão bem sucedida. O receio principal era se tornar um cópia meramente modernizada, como – me perdoem pela comparação meio distante – o “Cinderela” que a Disney lançou no ano passado, com um roteiro idêntico à animação e, portanto, um caça níquel descarado. Sorte que com “Sete homens e um destino” foi diferente.

O filme já começa com o assassinato de vários homens da cidade, mostrando que de cara, sim, este é um faroeste puro. A estética, no entanto, não remete tanto aos filmes da época e tem cores bem vivas. A trilha sonora de James Horner, que faleceu no ano passado, é o que mais traz elementos do faroeste, mas, devido à sua tentativa de recriar o épico, acaba por se tornar muito forçada em diversos momentos. Além disso, não há nada em termos técnicos que se destaque no filme, principalmente porque o foco dele está em seus personagens.

Como o próprio título sugere, temos sete homens com uma missão em comum. Eles não têm tempo igual de tela, nem próximo disso, mas é possível ver as nuances de todos, perceber que foram construídos previamente pelo roteiro e pelos atores. Chisolm (Washington) é o protagonista da obra e aquele cujas motivações – ajudar a cidade – são seu carro chefe, motivações estas que, ao serem reveladas, soam desgastadas. É um mistério que poderia não ser um. Josh Faraday (Pratt) é um jogador nato que demonstra uma fidelidade surpreendente, embora impulsionada por seu senso de aventura; o timing cômico de Pratt continua funcionando perfeitamente e gera boas risadas.

Destaque para Ethan Hawke, com seu Goodnight Robicheaux, que interpreta um homem que carrega um peso muito grande nos ombros devido ao próprio legado que ele não parece mais capaz de viver à altura. Um personagem simpático, confiável, que se perde ao tentar recuperar seu passado. É fascinante.

Os outros quatro personagens talvez não tenham um background tão grande, mas significam muito, principalmente em termos de representação. Temos um índio, um asiático, um idoso e, claro, um negro como protagonista, além de uma mulher que luta junto com o grupo. Pela época que o filme se passa, isso não seria possível; não ocorrera imigração asiática ainda, negros na parte sul do país eram escravos, índios eram caçados, mulheres não tinham nenhuma independência. Mas o ponto é: importa ser correto historicamente? Porque não vivemos mais sob um regime escravocrata (descarado), todos somos iguais perante à lei, mas ainda assim a maioria dos filmes por aí só contam a história de homens brancos. É preciso reivindicar seu espaço representativo independente do contexto, pois, se você não o fizer, ninguém o fará. O diretor Antoine Fuqua, negro, parece entender bem isto.

“Sete homens e um destino” é um ótimo filme de ação que se preenche na maior parte do tempo por batalhas e disputas de poder. O bom e velho faroeste. Agora, com pessoas além do padrão.

Direção: Antoine Fuqua.
Roteiro: Richard Wenk e Hideo Oguni.
Duração: 133 minutos.
Estreia: 22 de setembro de 2016.

Marina Anderi é estudante de Cinema na Universidade Federal de Pernambuco e Webmistress do Potterish.