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Luz… câmera… Harry Potter!

3… 2… 1… VIVA! À meia-noite, a comemoração não era por um “Feliz Ano Novo”. Ontem, milhares de fãs em todo o Brasil se reuniram em salas de cinema para finalmente rir e chorar (muito) com a primeira parte de “Relíquias da Morte”.

[meio-2] A pergunta que não quer calar é: será que a Warner enfim fará um filme comprometido com o livro, ou continuará cometendo as (me perdoem) gafes de sempre? Leia a nova coluna de Débora Jacintho, relembre as falhas e acertos dos filmes e, se você foi na pré-estreia, dê a sua opinião — mas sem spoilers, hein?

Por Débora Jacintho

São 14 horas e eu estou aqui, na fila do cinema, esperando para a pré-estreia de Relíquias da Morte, parte 1. Já são quase 10 anos de produção cinematográfica da série, e os fãs sempre marcaram presença (eu me incluo nesse grupo, claro) lotando salas de cinema no mundo todo e batendo recordes de bilheteria. Depois de seis filmes, o que os fãs pensam acerca das adaptações da Warner? Claro que existem pontos positivos e negativos em todos os filmes. E todos têm o seu filme favorito, com a melhor trilha sonora, com a melhor fotografia, ou a melhor direção.

Mas e em relação à fidelidade com os livros? Será que os filmes foram realmente competentes? A produção dos filmes foi feita quase que simultaneamente com a escrita de três livros (Ordem da Fênix, Enigma do Príncipe e Relíquias da Morte), e assim, nos filmes, há a presença de pistas (verdadeiras ou falsas) acerca dos livros que ainda seriam lançados. Um aspecto interessante é a questão da morte de Sirius Black, na Ordem da Fênix. Sua morte é bastante confusa: batalha no ministério acontecendo; Bellatrix lança um feitiço, Sirius é empurrado, atravessa o véu e desaparece. No livro não há especificação de qual feitiço é lançado por Bellatrix, apenas falando que um jorro de luz sai de sua varinha – também sem especificar de qual cor. Inclusive, no livro, em nenhum momento o narrador fala – com todas as letras – que Sirius morreu. Há espaço para dúvidas sobre sua morte, para onde o véu o teria transportado, como ele morrera ao atravessar o véu, e se ele morrera de fato. No filme, porém, na cena Bellatrix lança claramente um “Avada Kedavra”, jorrando uma luz verde sobre Sirius; não abrindo margem para qualquer dúvida sobre sua morte.

Além disso, há as gafes cometidas pelos diretores. A questão da formação de falsos shippers (casais) é bastante discutida. Um exemplo muito questionado é o de Harry com Hermione, em que houve algumas insinuações ao longo dos filmes, como na cena do Cálice de Fogo, em que Mione, logo antes da primeira tarefa do Torneio Tribruxo, aparece na barrada, conversando escondida com Harry, e depois o abraçando.

Outro ponto relevante diz respeito a Dumbledore. Logo que o último livro foi lançado, JK Rowling afirmou sobre a homossexualidade do diretor, e sua “paixão”, na juventude, por Grindelwald. Porém, nos filmes há a tendência de aproximar Dumbledore com outros personagens, em especial com McGonagall, como uma insinuação de que os dois professores mais importantes de Hogwarts deveriam ficar juntos. O Cálice de Fogo ainda mostra Dumbledore como um “galanteador”, fazendo charme para Madame Maxime no baile.

O próprio tratamento dado ao professor Dumbledore, nos filmes, é passível de várias discussões. Nos livros, o diretor é sempre sereno e calmo; enquanto que nos filmes (especificamente o Dumbledore interpretado por Michael Gambon), vemos ele perder a paciência algumas vezes, e até levantar a voz. Um exemplo é em Cálice de Fogo, logo depois que o nome de Harry é anunciado pelo Cálice, em que Dumbledore vai para cima do garoto para perguntar como ele tinha colocado o seu nome lá, falando impacientemente e puxando a gola das vestes de Harry.

Sentimos falta de várias passagens que acabaram não indo para as telonas. No Enigma do Príncipe, não são apresentadas várias memórias cruciais, como a ida de Tom Riddle à casa dos Gaunt, e a visita à casa de Hepzibah Smith, quando adquire a taça de Hufflepuff. Além das grandes ausências, há também algumas pequenas (mas importantes), como o F.A.L.E. (Fundo de Apoio e Libertação dos Elfos), movimento iniciado por Hermione para salvar os Elfo-Domésticos, não havendo (em nenhum dos filmes) nenhuma indicação de que Mione seria uma defensora dos Elfos.

Mas, além das críticas, há também vários pontos positivos para as adaptações, e alguns que até excederam as expectativas dos fãs. Luna Lovegood: Evanna Lynch fez um belo trabalho ao interpretar a personagem. Luna se tornou algo nos filmes além de excêntrica: uma pessoa doce, gentil, e que sempre dará ao Harry palavras de consolo quando precisa; aquela pessoa que todo mundo olha e fala: “aaahh,que fofa!”. Temos também Bellatrix Lestrange, que é interpretada por Helena Bonham Carter, e por suas poses e seu jeito de “eu-já-fui-lady-um-dia” foi transformada pelos fãs em diva (principalmente pelos fãs que odeiam o Harry), e hoje pode-se dizer que é tão idolatrada quanto Dumbledore.

Mesmo com os pontos fracos e fortes, sempre vai ser uma emoção muito grande para os fãs ver tudo o que imaginamos na tela do cinema. É claro que ficamos tristes ao vermos partes de que gostamos sendo excluídas do filme, mas como é uma produção cinematográfica, é impossível ser perfeita e conter todos os detalhes das obras. E agora o que esperar da sétima parte? A partir de hoje, (data de publicação desta coluna) poderemos conferir! Todos estamos muito empolgados e ansiosos, e na hora que o filme começar, todos os segundos de espera na fila serão com certeza compensados!

Débora Jacintho representa toda uma equipe de colunistas que não se aguenta de ansiedade.