Livro de Contos: “O Mago e o Caldeirão Saltitante”
Por Roberto UebelHoje a Amazon.com, compradora do livro de contos escrito pela autora J.K. Rowling, “Os Contos de Beedle, o Bardo”, divulgou a resenha da primeira história das cinco que integram o livro doado por Alvo Dumbledore à Hermione Granger na série Harry Potter. | |
Confira em notícia completa, a resenha completa da primeira história, traduzida pela Equipe Potterish. E continue visitando-nos para acompanhar as futuras resenhas. Este artigo contém spoilers! |
OS CONTOS DE BEEDLE, O BARDO
“O Mago e o Caldeirão Saltitante”
J.K. Rowling – Amazon.com
14/12/2007
Tradutor: Bruno Maranhão
Não existe uma maneira fácil de descrever a experiência de ver, ter em mãos, ou ler um exemplar de “Os Contos de Beedle, o Bardo” da autora J.K. Rowling, então vamos começar com uma palavra: “Whoa.” O simples fato da existência desse livro (um artefato vindo direto de um romance) é mágica, sem mencionar que são apenas sete exemplares no mundo e que cada um dos contos nunca lidos antes são escritos a mão e ilustrados pela própria J.K. Rowling (e fica claro desde as primeiras páginas que ela tem a habilidade de uma artista). A escrita de Rowling é como o garrancho familiar da tia preferida – não é difícil de ler, mas requer certa atenção – permitindo que você vá devagar e saboreie o mistério de cada palavra.
Sendo assim, como você resenha um dos mais notáveis exemplares que você já teve o prazer de abrir? Você simplesmente vira página, após página e se deixa levar por cada história. Você absorve os contos, escritos com um quê das fábulas de Esopo¹ e com os traços da série; você segue cada mergulho e curva da escrita de Rowling e se deleita com cada detalhe que torna este livro único – uma letra manchadinha aqui, uma escrita que quase foge da página ali. Então você se depara com tudo isso e tenta trazer à vida, mas sabe que nunca o fará de forma eficiente. Mãos a obra então, vamos começar do começo?
Daphne Durham
1. “O Mago e o Caldeirão Saltitante”
Como na série Harry Potter, adornando o topo da página inicial do primeiro conto, “O Mago e o Caldeirão Saltitante”, temos um desenho – no caso, o de um caldeirão de um surpreendentemente bem desenhado pé (com cinco dedos, caso você esteja se perguntando, e nós sabemos que alguns de vocês de fato estão). Esse conto começa agradavelmente, com um mago velinho e simpático, com quem nos encontramos brevemente, mas quem nos lembra muito o nosso querido Dumbledore, sendo assim devemos parar e tomar um pouco de ar.
Este “bem amado” usava sua mágica basicamente em benefício de seus vizinhos, criando poções e antídotos para eles no que ele chamava de “caldeirão de cozer da sorte.” Logo após encontrarmos este gentil senhor, ele morre (depois ter vivido até uma “boa idade”) e deixa tudo para seu único filho. Infelizmente, o filho não é como seu pai (e sim como os Malfoy). Após a morte dele, o filho descobre o caldeirão, e (meio que misteriosamente) surge de dentro dele um único chinelo e um bilhete que dizia: “Na esperança de que você, meu filho, nunca precise disso”. Como na maioria dos contos de fada, esse é o momento em que tudo começa a dar errado…
Ressentido por não ter nada a não ser um caldeirão em seu nome e nem um pouco interessado em pessoas que não podiam fazer magia, ele virou suas costas à vila, fechando sua porta para os vizinhos. Primeiro veio uma senhora a qual a neta tinha sido empestada por verrugas. Quando o filho fechou a porta no rosto dela, ele ouviu imediatamente um forte tinido vindo da cozinha. O velho caldeirão do pai havia ganhado um pé e uma série de verrugas. Engraçado, mas ainda nojento. Clássico de Rowling. Nenhum de seus feitiços funcionou, e ele não pode escapar da perseguição, o pote verruguento o seguia – até mesmo até sua cama. No outro dia, o filho abriu a porta para um senhor que havia perdido seu burrinho. Sem a sua ajuda ele não poderia levar as mercadorias para a cidade, e sua família passaria fome. O filho (quem com certeza nunca leu um conto de fadas) bateu a porta na cara do senhor. E com toda a certeza, lá vem o caldeirão de um pé só, coberto de verrugas, e agora emitido sons de relinchos de burro e de gemidos de fome. [Alerta de spoilers!] E como todo bom conto de fadas, o filho recebeu mais visitantes, e levou algumas lágrimas, vomito e choramingo de cachorro até que ele se curvasse a sua responsabilidade, e o verdadeiro legado de seu pai. Renunciando ao seu modo egoísta de ser, ele chamou todos da vila, para desta vez, ajudá-los. Um por um, ele curou as doenças, e assim sendo, esvaziou o caldeirão. E finalmente, surgiu o misterioso chinelo – o que servia perfeitamente no agora quieto caldeirão – e juntos eles andaram (e pularam de um pé só) pelo por do sol.
Rowling sempre escreveu suas histórias de forma bem humorada e inteligente, e o conto “O Mago e o Caldeirão Saltitante” não é uma exceção (a imagem de um caldeirão de um pé só empestado com todas as doenças “verruguentas” da aldeia, pulando de um pé só atrás do jovem bruxo egoísta, é um bom exemplo). Mas a real magia desse livro, e desse conto em particular, repousa não somente na forma como as frases estão dispostas, mas como ela sublinha os “tinidos, tinidos, e tinidos” para dar ênfase, e como sua escrita se torna de certa forma caótica à medida que o ritmo da história aumenta (como se ela corresse junto ao leitor). Esses toques tornaram essa história inteiramente de Rowling, e esse volume de histórias particularmente especial.
Continue ligado para mais resenhas dos cinco contos de Beedle, o Bardo.
¹As fábulas de Esopo são uma coleção de fábulas creditadas a Esopo (620—560 a.C.), um escravo e contador de histórias que viveu na Grécia Antiga. As fábulas de Esopo tornaram-se uma expressão para designar coleções de fábulas brandas, ou seja, história leves e de cunho moral.