Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald ︎◆ Direto do set

Hogwarts em Animais Fantásticos não é fan service, diz diretor

O primeiro filme da franquia Animais Fantásticos não tem referências diretas a Harry Potter, mas, a partir do segundo, os mundos de Harry e Newt começarão a se unir. A julgar pela campanha de divulgação de Os Crimes de Grindelwald, o castelo de Hogwarts está entre as referências mais marcantes à franquia Harry Potter.

Entretanto, de acordo com o diretor David Yates, a escola não terá muito tempo de tela. “Passamos por Hogwarts muito rapidamente, bem no meio do filme. Vemos o castelo, em 1927, por cerca de 10 minutos”, revelou em entrevista ao POTTERISH enquanto comandava as filmagens, na Inglaterra.

O filme se passa em 1927 e, ao longo de sua narrativa, Hogwarts aparecerá também em flashbacks da década de 1910 que mostrarão Newt e Leta Lestrange adolescentes. Em uma dessas cenas, Dumbledore ensina Newt a enfrentar um bicho-papão com o feitiço Riddikulus, outra referência a Harry Potter.

Hogwarts em Animais Fantásticos não é fan service, diz diretor
Foto: Warner Bros. Pictures/Divulgação

Fan service?

O sentimento de nostalgia está no centro da campanha de marketing do filme. Dois dos três trailers lançados começam em Hogwarts. No entanto, segundo o diretor, trazer a escola de volta às telas não foi uma estratégia para agradar aos fãs. “Já que estávamos trazendo Dumbledore, parecia justo trazer Hogwarts de volta”, explica Yates. “O que trouxe Hogwarts foi o próprio desenvolvimento da história. […] É um elemento muito importante, e não uma maneira de alimentar o fator nostalgia da franquia.”

Também aparecerão neste filme elementos de Harry Potter e a Pedra Filosofal, como o Espelho de Ojesed, o alquimista Nicolau Flamel, a Pedra Filosofal e o desiluminador de Dumbledore, além da serpente de Voldemort, Nagini. “Para ser sincero, sempre tentamos balancear elementos novos com aquilo que já conhecemos”, conta o diretor. “Essas referências fazem parte do filme, mas nem Jo Rowling nem eu estamos interessados em focar nisso. Não temos vontade de voltar ao passado, a não ser que seja realmente necessário para a história ou para algum personagem”, acrescenta.

Hogwarts em Animais Fantásticos não é fan service, diz diretor
“Você não aparenta ter mais que 375 anos”, brinca Jacob em cena de Os Crimes de Grindelwald (Foto: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Um figurino polêmico

O figurino de Dumbledore sempre dividiu opiniões entre os fãs de Harry Potter. No primeiro capítulo de A Pedra Filosofal, o bruxo usava “vestes longas, uma capa púrpura que arrastava pelo chão e botas com saltos altos e fivelas”. Os filmes, porém, nunca seguiram rigorosamente essa caracterização. A partir de O Prisioneiro de Azkaban, as cores extravagantes perderam espaço para uma túnica cinza arroxeada. Em Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, Dumbledore usa roupas nas cores cinza e bege, que transmitem, ao mesmo tempo, seriedade e simpatia.

Em entrevista ao POTTERISH, a figurinista Colleen Atwood, que ganhou o Oscar pelo primeiro Animais Fantásticos, disse que a escolha dos tons acinzentados se deve às diferenças entre o Dumbledore de 1910-1920, de Animais Fantásticos, e o de 1990, de Harry Potter. O professor estava na casa dos 30, e não dos 100. Sua personalidade e seu estilo não eram os mesmos.

Para criar as roupas, a figurinista discutiu o personagem com o ator Jude Law. Eles tinham em mente que, na época em que Newt estudava em Hogwarts, Dumbledore era o professor favorito, por ser mais acessível e próximo dos alunos do que nas histórias de Harry Potter. Chegaram então à conclusão de que suas vestes precisavam ser menos icônicas do que as usadas pelo personagem quando já tinha se tornado diretor. Em seguida, a figurinista procurou encontrar um balanço entre uma roupa que fosse diferente das usadas pelos outros personagens e uma extravagância que o colocaria em um pedestal.

Hogwarts em Animais Fantásticos não é fan service, diz diretor
Foto: Warner Bros. Pictures/Divulgação

Quando custa o outfit de Hogwarts?

Na época de Newt Scamander, os uniformes de Hogwarts eram azuis e a parte interna do capuz tinha a cor das casas. Para diferenciá-los de “roupas de corais”, a figurinista Colleen Atwood cortou o tecido mais acima do que nas vestes dos filmes de Harry Potter. As meninas usam saias ainda mais longas, referência da época em que o filme se passa, mas o suéter e a camisa não tiveram alterações.

Hogwarts em Animais Fantásticos não é fan service, diz diretor
Foto: Warner Bros. Pictures/Reprodução

Em 70 anos, Hogwarts quase não mudou

Não haverá muita diferença entre a Hogwarts de Animais Fantásticos e a de Harry Potter. “O castelo é muito antigo, tem quase mil anos, e há apenas 70 anos de diferença entre estas histórias, então não faz sentido mudar muito”, explica o supervisor de arte Martin Foley.

Hogwarts em Animais Fantásticos não é fan service, diz diretor

O Salão Principal de Hogwarts (Foto: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

O departamento de arte precisou reconstruir sets vistos em Harry Potter, como a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, que, ao longo dos oito filmes, mudou para acompanhar o estilo de cada professor. Na época de Os Crimes de Grindelwald, o professor dessa disciplina era Dumbledore, então alguns objetos de decoração do local são os mesmos vistos em seu escritório de diretor, como equipamentos de astronomia. “Foi legal tirar a poeira e trazê-los das exposições para serem usados novamente”, brinca Pierre Bohanna, que coordena a produção dos objetos de cena.

Hogwarts em Animais Fantásticos não é fan service, diz diretor
Foto: Warner Bros. Pictures/Divulgação

Entre os cenários nunca antes vistos em Harry Potter, há uma cabaninha onde Newt guarda suas coisas. “É um cenário pequeno, mas muito fofo e detalhista. É meu set favorito deste filme”, finaliza o supervisor de arte, com cuidado para não revelar segredos da trama.

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Escrito por J. K. Rowling, Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald chega aos cinemas brasileiros em 15 de novembro de 2018.

Pedro Martins é estudante de jornalismo e editor-chefe do Potterish. Ele viajou à Inglaterra a convite da Warner Bros. Pictures

Revisão: Renato Ritto