As Relíquias da Morte ︎◆ Filmes e peças ︎◆ Parte 1

ÉPOCA divulga crítica positiva do sétimo filme da série

Ontem nós tivemos a divulgação de seis críticas brasileiras e mais uma do Potterish a respeito do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1. Com um novo dia, mais críticas são publicadas e nós as trazemos a vocês.

O site da ÉPOCA liberou uma crítica escrita pelo jornalista Eliseu Barreira Junior, a mesma pessoa que entrevistou parte da nossa equipe para a matéria da revista. Com observações positivas, Eliseu destaca a adaptação como um presente aos fãs.

Yates preserva a inventividade do texto de Rowling e consegue captar os valores e dilemas de uma aventura marcada por altruísmo, fé, autossacrifício, coragem e amizade. Relíquias – Parte 1 é uma produção para convertidos, ou seja, é dirigida a quem conhece Harry Potter e seus amigos. Ele promove um encontro entre os personagens e seus admiradores nas salas de cinema. Não há grandes surpresas – as principais são bem-vindas –, muito menos a sensação de que algo está fora de lugar. O filme consegue dosar, na medida certa, ação, drama, romance, comédia e suspense. O ritmo veloz de algumas passagens é intercalado pela calma de outras, numa operação quase que matemática.

Vocês podem ler a crítica na íntegra no site da revista ou na extensão. Conforme outras críticas forem sendo divulgadas, nós atualizaremos essa notícia, portanto continuem ligados.

Falta apenas um dia e algumas horas para o lançamento do filme!

Atualizado: Incluímos as críticas do Yahoo! Brasil e do site da Virgula.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica da ÉPOCA

ÉPOCA ~ Eliseu Barreira Junior
17 de novembro de 2010

Quando Harry Potter e a pedra filosofal foi lançado nos cinemas em 2001, a adaptação extremamente ingênua e infantilizada da série escrita pela inglesa J.K. Rowling decepcionou muitos fãs. Nos filmes seguintes, apesar da considerável melhora da parte técnica das produções e do amadurecimento dos atores principais, a sensação de que os livros eram muito superiores aos filmes permanecia. A mutilação de trechos vitais da história e a fidelidade questionável à trama do bruxinho que sobreviveu a uma maldição da morte eram algumas das reclamações mais recorrentes. Agora, com Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 1, o cinema se redimiu com os fãs da obra de Rowling. O novo filme, dirigido por David Yates, é uma homenagem àqueles que sempre esperavam ver nas telonas o espírito da história da autora. Yates preserva a inventividade do texto de Rowling e consegue captar os valores e dilemas de uma aventura marcada por altruísmo, fé, autossacrifício, coragem e amizade. Relíquias – Parte 1 é uma produção para convertidos, ou seja, é dirigida a quem conhece Harry Potter e seus amigos. Ele promove um encontro entre os personagens e seus admiradores nas salas de cinema. Não há grandes surpresas – as principais são bem-vindas –, muito menos a sensação de que algo está fora de lugar. O filme consegue dosar, na medida certa, ação, drama, romance, comédia e suspense. O ritmo veloz de algumas passagens é intercalado pela calma de outras, numa operação quase que matemática.

A magnitude dos desafios que Harry (Daniel Radcliffe), Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) têm pela frente é sentida logo no início do filme. Na primeira sequência, vemos Rufo Scrimgeour (Bill Vighy), ministro da Magia, anunciando tempos sombrios em virtude da ascensão de Voldemort (Ralph Fiennes) – a cena faz lembrar filmes como Independence day, quando o presidente dos Estados Unidos anuncia em rede nacional a catástrofe que se aproxima. Em seguida, intercalam-se imagens de Harry, Rony e Hermione se “despedindo” de seus lares. A decisão já está tomada. Para destruir as Horcruxes, objetos que abrigam parte da alma do Lorde das Trevas, e assim aniquilá-lo, precisam abrir mão do convívio daqueles que mais amam. Devem lutar pelo bem maior.

Harry, Rony e Hermione saem então pelo mundo à procura das Horcruxes. Sem a proteção de Dumbledore (Michael Gambon) e caçados por Voldemort, eles precisam enfrentar uma jornada onde seu maior inimigo é o medo de falhar. Nesse contexto, a amizade dos três é colocada à prova e uma confusão de sentimentos ganha destaque – embora tenham poderes mágicos, eles são tão humanos quanto nós. A profundidade do enredo e os conflitos dessa relação geram as cenas mais engraçadas e dramáticas do filme. Emma e Grint brilham. Eles estão maduros em cena, com atuações acima da média. Radcliffe, apesar de estar bem em seu papel, fica em segundo plano em algumas situações. Chega a parecer apagado.

No quesito ação, quando a adrenalina entra em cena, Relíquias – Parte 1 não deixa a desejar. A perseguição promovida pelos Comensais da Morte à Harry Potter nas ruas de Londres faz lembrar filmes do 007. E a invasão ao Ministério da Magia e a luta entre Harry e Nagini, a cobra de Voldemort, são de tirar o fôlego. Que bom que os bruxinhos podem aparatar! Por causa do feitiço que os permite desaparecer de um local e aparecer em outro, conseguem escapar da morte várias vezes. É nessa hora que o poder de convencimento dos efeitos visuais aparece. Sem dúvida, o filme é impecável nesse sentido. O grau de realidade atingido supera o das seis produções anteriores. Aliás, é graças a um excelente recurso gráfico que a história das relíquias da morte é introduzida no filme. Enquanto Harry, Rony e Hermione se veem às voltas com a procura das Horcruxes, descobrem que Voldemort está tentando obter um objeto mágico capaz de torná-lo um bruxo invencível – uma das relíquias. A explicação sobre elas é a passagem mais didática da trama, e talvez a única que ajude aquele que não é versado em Harry Potter a entendê-la.

Relíquias – Parte 1 também não é uma produção para crianças. Yates consegue completar a transição dos bruxinhos do mundo infantil para o mundo adulto, que iniciou em A ordem da fênix, sem dificuldades. Não há pudores nas cenas com tortura, mortes, sangue e nudez.

Ao final do filme, fica a sensação de que Yates foi coerente com a mensagem de Rowling. Ele mantém o caráter episódico da história e faz um filme fiel ao livro. O diretor e seu roteirista, Steve Kloves, não saem muito do trilho, justamente para não desagradar àqueles que esperam do último longa de Harry Potter uma adaptação que faça justiça à grandeza da história. Obviamente, produções cinematográficas devem buscar dar a um texto literário uma roupagem própria. Devem transformar literatura em cinema. Nessa passagem, porém, precisam respeitar a essência da obra original. Em Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 1, isso foi alcançado. É pouco provável que não ocorra o mesmo no derradeiro episódio que estreia no ano que vem. Se isso realmente acontecer, fãs como eu ficarão contentes.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do Yahoo! Brasil

Yahoo! Brasil ~ Eliane Maciel
17 de novembro de 2010

Em Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 1, EUA, 2010), sétimo e penúltimo filme da saga do bruxinho (não mais tão pequeno assim), que estreia à meia-noite desta quinta para sexta (19/11), com ingressos praticamente esgotados, muita coisa mudou. E para melhor.

Dez anos se passaram e os personagens estão mais velhos – o que causa estranheza a princípio, mas também diversão ao identificá-los e ver o quanto mudaram ao longo dos anos. Além disso, a fidelidade ao livro aumentou. Afinal, serão dois filmes, ou seja: uma média de no mínimo cinco horas para dissecar tudo o que for possível de detalhes, de referências aos outros filmes da franquia e explicações para satisfazer quem realmente gosta da saga.

Esta primeira parte de as Relíquias da Morte cobre 60% do sétimo livro. O cenário também é totalmente outro. Nada de Hogwarts e seus muros encantados. Diversas localidades entre o Ministério da Magia, florestas, parques e ruas de Londres são o foco – o que faz com que tudo fique muito mais emocionante, sombrio e desafiador.

À própria sorte

Vale lembrar que os três amigos Harry (Daniel Radcliffe), Ron (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) não poderão mais contar com a ajuda e a proteção da escola de magia que frequentaram desde 2001, em Harry Potter e a Pedra Filosofal. Os personagens estão, pela primeira vez, totalmente sozinhos – situação que marca o início da fase adulta que vivem.

A trama, desta vez, traz vários personagens de outrora, os quais ou o espectador não está acostumado a ver ou sentiu muita falta. O mais velho dos irmãos Weasley, Bill (Domhnall Gleeson), e o elfo Dobby (voz de Toby Jones), que tem uma participação essencial no filme, são dois bons exemplos.

Horcruxes

O motivo de tantos personagens é o fato de este ser o princípio do fim da série. E as batalhas serem mais pesadas, mais difíceis e mais violentas; afinal, são todos contra Lorde Voldemort (Ralph Fiennes) e seus comensais da morte, que estão dispostos a qualquer coisa (leia-se torturas, assassinatos, perseguições e lutas sem fim) para recuperar os pedaços restantes da alma “daquele-que-não-deve-ser-nomeado”, que estão escondidas dentro dos horcruxes (objetos usados por bruxos para esconder pedaços de suas almas a fim de atingir a imortalidade).

Os horcruxes são procurados pelo trio de bruxinhos, que precisam destrui-los antes da gangue de Voldemort conseguir pegá-los. Com sequências bem menos infantis (para o público que vem acompanhando a série desde sempre e que cresceu junto com os personagens) – inclusive a de um beijo bastante sensual entre Harry e Hermione numa alucinação de Ron – e atuações de quem fez a lição de casa direitinho (especialmente Watson e Grint), Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 mostra a evolução da saga desde seu primeiro volume. E com maestria.

Somando com as belas sequêcias de fotografia que servem de metáfora para as avalanches de sentimentos que invadem os corações dos personagens principais, o longa traz uma única sensação ao ser interrompido num dos momentos mais esperados – uma cena de arrepiar os cabelos de quem já leu o sétimo livro na íntegra e conhece bem as simbologias.

Mas, para compensar, já é público e notório que, em 2011, o final tão esperado chega aos cinemas em 15 de julho. É literalmente esperar para ver.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do Virgula

Virgula ~ Thyago Gadelha
17 de novembro de 2010

“Estes são tempos sombrios, não há como negar. Enfrentamos a maior ameaça de todos os tempos”, anuncia o ministro da Magia Rufus Scrimgeour (Bill Nighy) na abertura de Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1. A declaração dá logo o tom da jornada de mortes, dor e solidão que enfrentarão Harry Potter, Hermione Granger e Ron Weasley, e todos os cúmplices – passada fora de Hogwarts, o que já dá um sabor diferente dos outros filmes da franquia.

No filme, Harry corre contra o tempo e dos fiéis Comensais da Morte de Lord Voldemort (Ralph Fiennes, caricato na media certa) para destruir as Horcruxes, que guardam parte da alma do superbruxo. No caminho, descobre a existência de três poderosos objetos no mundo da magia: as Relíquias da Morte (A Capa da Invisibilidade, A Pedra da Ressureição e A Varinha das Varinhas, sendo o último ítem parte do clímax final). Para quem não leu os livros, há uma boa explicação no momento em que o trio vai à casa de Xenophilius Lovegood (Rhys Ifans) buscar o significado do símbolo no pingente do editor d’O Pasquim – tudo em forma de animação, uma boa escolha do diretor David Yates.

A característica de road movie do filme faz tudo parecer pungente desde o início. Nenhum lugar é seguro. Há morte nos primeiros minutos e próximo da divisão da parte final (já revelada anteriormente AQUI *spoiler*), mas os momentos mais tristes são aqueles protagonizados pelo trio interpretado por Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint. Carregados de emoção, os atores entregam seus melhores performances até aqui. Destaque para Grint, que sempre foi apoio cômico da história e agora mostra todo o amadurecimento como ator nas discussões com Harry no filme, em especial a que fala sobre o medo de ouvir o nome dos pais na lista de mortos divulgada pela rádio depois do terror espalhado por Voldemort.

Algumas passagens são de extrema melancolia, como nos primeiros segundos do longa em que Hermione usa o feitiço Obliviate para apagar a memória de seus pais “trouxas” e parte na perigosa jornada que pode ou não conceder-lhe o retorno pra casa; ou quando Harry e Hermione vão ao túmulo dos pais do bruxo em sua cidade natal, Godric’s Hollow. Há também desentendimentos entre eles, que foram obrigados a crescer de uma hora para outra. Sem pais e sem a ajuda dos professores, eles ficam à flor da pele e ainda sujeitos a influência de uma das Horcruxes que revezam no pescoço – na tentativa frustrante de tentar destruí-la.

Embora esteja sempre tenso, há momentos engraçados para quebrar o clima pesado, como a já comentada cena em que o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Alastor Olho-Tonto Moody (Brendan Gleeson), dá a poção polissuco aos amigos de Potter e os transforma em seus semelhantes – o plano é despistar os Comensais da Morte. “Foi uma cena com efeitos especiais altamente desenvolvidos. Para filmá-la, foram necessários 95 takes”, disse Radcliffe em entrevista ao Mugglenet no final de outubro. E ainda deu oportunidade do ator mostrar sua capacidade de interpretar os trejeitos de cada personagem.

Entre as novidades da parte técnica, está Eduardo Serra, responsável pela bela fotografia do filme – tão sombria quanto o EdP, mas não tão escura quanto ele. Natural de Portugal, o profissional esteve por trás das igualmente belas fotografias de Diamante de Sangue e Moça com Brinco de Pérola. Destaque também para a trilha sonora, assinada pelo versátil Alexandre Desplat (O Escritor Fantasma, O Fantástico Senhor Raposo e A Bússola de Ouro), menos formal que as de John Williams, sem contar com a canção O Children, de Nick Cave and the Bad Seeds, que toca em uma cena doce com Hermione e Harry. O time de efeitos especiais e efeitos visuais dá um show em tantos momentos que fica difícil escolher o melhor. Com certeza deve render uma indicação ao Oscar 2011.

Mesmo sendo difícil avaliar o filme pelo fato de ser uma passagem de O Enigma do Príncipe para a parte final (que estreia no dia 15 de julho de 2011), todo esse conjunto – formado pelas melhores performances do trio, técnica competente, jornada fora do escola de magia, entre outras qualidades – permite classificar o filme como o melhor da franquia até agora. Mas o mais emocionante de tudo é ver que toda uma geração, a chamada Geração Harry Potter, cresceu com a franquia, baseada na ótima literatura de JK Rowling e um exercício de cinema ao longo dos anos. Os personagens foram amadurecendo na tela, enquanto os fãs cresciam no mundo real. Aqueles temas infantis abordados no início deram lugar a questões morais e existecialistas, um paralelo com a formação de cárater do público que os acompanhou.