As Relíquias da Morte ︎◆ O Enigma do Príncipe

Entrevista: Emma fala sobre beijo em Rupert Grint

Emma Watson, atriz famosa por dar vida à personagem de Hermione Granger criada por JK Rowling, foi recentemente entrevistada pela Times Online, onde falou entre outras coisas, sobre o beijo em que sua personagem dará em Rony Weasley.

“O beijo”, diz Watson, cinicamente. “Imagino que terei de falar muito sobre O Beijo. Nós o filmamos há duas semanas. Quatro tomadas de um jeito, e duas outras com a câmera em outra direção. Seis tomadas no total.”

A entrevista foi traduzida por nossa equipe e já está disponível através da extensão ou deste link.

Obs.: em um trecho da reportagem há um erro quando afirmam que a personagem de Helena Bonham Carter, Belatriz Lestrange, transforma-se através da poção polissuco em Hermione Granger, e como todos nós sabemos, em Relíquias da morte, quem transforma-se em Belatriz é Hermione, porém mantemos a tradução original na íntegra da fonte em que foi retirada.

Faltam 17 dias para Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

Entrevista com Emma Watson
Times Online ~ Kate Muir
26 de junho de 2009
Tradução: Dérick, Fabianne, Iago Sales e Victor

O Canto da sereia Emma Watson

Ela cresceu como a nerd Hermione. Agora, Emma Watson está deixando o ninho de Harry Potter, trocando Hogwarts por um assento nas primeiras filas dos desfiles de moda e três anos como uma estudante. E, ela conta a Kate Muir, não haverá um roteiro a vista.
Numa floresta colorida pelo sol em uma secreta locação no sul da Inglaterra, três cadeiras se encontram debaixo de uma abóbada. O encosto preto da cadeira carrega um nome escrito à mão na cor dourada: Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson. As cadeiras fizeram um bom trabalho, durando quase uma década em vários sets de Harry Potter. Quando Emma Watson primeiramente se tornou Hermione naquela cadeira, ela tinha 10 anos de idade. Agora, aos 19, é uma criatura muito diferente.

Encontramo-nos no trailer de Watson no final de uma metamorfose que a transformou de uma garota estudiosa de cabelo frisado em uma jovem estrela de cabelo liso e castanho-amarelado que aparece em propagandas na Vogue para Burberry, e marca presença na primeira fila dos desfiles da Chanel. Os fãs da série poderiam suspeitar que ela recentemente tivesse tomado uma grande dose de poção polissuco, famosa por transformar você em alguém completamente diferente.
Internamente, no entanto, percebo que pouco mudou desde que uma pequena e determinada garotinha de 9 anos fez o teste para o papel. “Você não acreditaria o quanto me senti obrigada a interpretar Hermione. Eu sabia que era adequada para o papel, mesmo quando meus pais tentavam me convencer do contrario. Eu fiz disso a minha vida por três ou quatro meses, apenas passando por aquelas audições.” Agora Watson está igualmente determinada a parar de atuar por três anos. Com quatro notas A nos A levels, tendo estudado obsessivamente entre as filmagens, ela está arranjando uma brecha em setembro para estudar Inglês e Arte em uma Universidade num local também desconhecido. Ela quer ser uma cidadã normal novamente, “como Jodie Foster quando foi para Yale,” diz Watson. “E não quero me lembrar de cabelo e maquiagem.”

No set de Harry Potter, “leva uma hora para eu ficar pronta todo dia. Eles nos chamam as 7:30 da manhã.” Watson se inclina por sobre a mesa de plástico laminado do trailer para me mostrar os apliques pregados em seus cabelos castanho-claros com volume na raiz para dar-lhe os cachos bagunçados de Hermione. Fora isso ainda há cicatrizes falsas – “Elas devem ter saído – eu acabei de tirar um cochilo” – e muito tapa no rosto para fazer sua pele levemente sardenta ficar opaca e “bruxenta”. As sobrancelhas pesadas são verdadeiras, porém.

Watson ainda é grata por não ter sido obrigada a usar dentes da frente maiores como sua personagem nos livros. Quando ela os pôs na boca, não conseguia falar, e o diretor descartou-os, junto com as lentes de contato verdes de Radcliffe, ambos muito incômodos para as jovens estrelas. Watson também descobriu que seu papel era um fardo assim como um prazer. “Quando eu era pequena, não entendia que as outras crianças pensavam que eu realmente era a Hermione, bem nerd. Foi devastador. Pensava que ninguém jamais iria gostar de mim. E os figurinos…”

Havia o uniforme da escola, todo duro e abotoado para Hermione e mais casual para os garotos. Quando a mini-bruxa se divertia, ela usava coletes desalinhados em cores feias. De fato a série potteriana tem sido um triunfo para roupas tricotadas horríveis. “Quando eu estava me tornando uma adolescente, precisava ser persuadida a vestir aqueles coletes horrorosos, mas agora eu realmente uso o desconforto, a coceira, o cabelo penteado com volume na raíz, para entrar no personagem.” Ela está vestindo uma fina e justa blusa Lacoste da cor bege pálida com decote em V, em uma vingança silenciosa.

Assim como Daniel Radcliffe, que interpreta Harry, teve que aparecer pelado no West End e em Nova Iorque em Equus para se livrar do feitiço potteriano, Watson aceitou a oferta de ser o rosto da Burberry no próximo outono. Ela cai bem naqueles casacos de chuva com sua estrutura pequena e se mostra mais sexy do que nunca. “Eu não calculei ativamente tudo isso…” Watson fecha os olhos e franze as sobrancelhas. “É um momento muito Hermione. Acho que me ajuda ser vista longe de tudo isso. Sabe: ela pode ser diferente, ela está mais velha, ela poderia interpretar outros papéis.”
Com a ajuda de uma máquina publicitária inteligente, Watson está navegando cuidadosamente toda a transformação em sereia – escolhendo Burberry que é picante e de bom gosto sem nem mesmo um sinal de indecência. Claramente glamour é um alívio depois de interpretar a maior das nerds.

Crescendo no set
Em outros quesitos, a charmosa, educada Watson parece menos sofisticada que muitas jovens de 19 anos. Há uma falta de esperteza nela, sem nenhuma falsidade ou fachada. Claro, mimada no recluso set de filmagens, ela não teve as oportunidades normais para os pecados e estupidez adolescente, apesar de voltar parte de todo ano para ficar com seus amigos na escola Headington em Oxford. “Não sinto que perdi muita coisa. Às vezes as pessoas me mandam mensagens sobre o que estão fazendo e eu penso, estou feliz por não estar lá. Não tenho que fazer aquilo. E eu ganhei muito aqui.”
Hoje ela está promovendo Harry Potter e o Enígma do príncipe (que estréia em Julho) enquanto termina de filmar Harry Potter e as Relíquias da Morte I, antes de começar a trabalhar em Relíquias da Morte II, o último filme. Sim amigos, são oito filmes potterianos, nos quais Watson e seus colegas trabalharam 12 horas por dia, na maior parte de cada ano. Durante seus A levels, um professor particular trabalhava com ela no set três horas por dia, e Watson revisava a matéria em qualquer brecha que tinha, até mesmo enquanto fazia o cabelo. “Deus sabe quantas horas – anos- eu passei no set, mas meu motorista Nigel estava tentando descobrir quantas horas ele tinha dirigido, e diz que a distância foi de duas vezes uma volta ao mundo no último filme. E depois ele tem de ir para casa.”

Há uma confortável atmosfera familiar no set, e a Warner Bros tentou manter a mesma equipe durante a série.
Quem sabe o que acontecerá com a indústria quando Harry Potter finalmente terminar. Nós podemos, porém, fazer um palpite educado que Watson voltará para a tela após a universidade. Já foi oferecido para ela vários papéis, mas no gênero comercial. “São coisas que não te fazem pensar. Todos os roteiros tem finais felizes, são muito mal escritos, e eles os estão mandando para uma estudante de Literatura Inglesa”, ela comenta. Com uma poupança que estima-se chegar aos $ 10mi, Watson pode trabalhar para quem ela quiser. “Filmes com grandes orçamentos não me interessam. Líderes de bilheteria não me interessam”. Diretores de filmes independentes, anotem isso.

Com tantas milhas de filmes já rodados, pode-se pensar que Watson é super confiante obre o trabalho dela, mas o que bem cativante, ela duvida. Às vezes, ela ainda chora e se sente mal. Nos últimos dois filmes, os atores estão fora de Hogwarts, fora de sua área de conforto. “Mas eu espero sempre pressionar a mim mesma”, diz Watson que fez um curso de seis semanas sobre Shakespeare no RADA durante o último verão. No inicio ela se sentiu insegura. Mas alguns poemas e sonetos depois, ela fez alguns bons amigos. “Eles foram muito legais, muito protetores”.

Watson também é cuidadosamente protegida por sua relações públicas Vanessa Davies, que também já cuidou de Daniel Radcliffe e Rupert Grint desde o começo. Durante o almoço em um ônibus doublé decker, arrumado como uma cantina, Davies diz: “A história é que três atores mirins cresceram no set e são perfeitamente normais. É uma ótima história, mas não é o que certos tipos de mídia querem”.
Quando Watson conseguiu o papel em 2000, uma foto foi tirada de Harry, 11, Hermione 10 e Rony, 12, e “o anúncio estava na Internet, em todo lugar, em cinco minutos. Minha madrasta agarrou uma mala com roupas para mim e nós nos hospedamos no hotel Landmark. No dia seguinte, eu fiz uma conferência de imprensa com 50 jornalistas.” Watson balança a cabeça, como se ainda pensasse no que a possuiu.
Tem sido assim, desde então. “Às vezes nos tours publicitários, não sei que horas são ou em qual país estou.” Ela está tão profundamente imergida no final duplo de Potter, que mal se lembra de ter filmado Enigma do Príncipe ano passado. “Eu estava confusa, mas reconhecidamente eu li todos os livros umas sete vezes, então eu me lembro eventualmente.”

O furacão da mídia nunca para. Logo que Watson apareceu umas duas vezes em boates de Londres, vestida com Chanel ou Burberry, a imprensa caiu em cima dela. Davies diz que no aniversário de 18 anos de Watson, ela teve que se certificar se Emma ajeitou o cabelo e retocou o brilho labial antes de deixar a festa, para manter despistar os paparazzi. Na rede, foram divulgadas algumas fotos de Emma com a saia levantada tiradas em um táxi, e títulos como “Snogwarts” [nota do tradutor: a expressão inglesa “snog” significa, popularmente falando, “se agarrar”. E nesse caso, juntamente com “Hogwarts” foi utilizada para criar um trocadilho] foram escritos quando Watson foi fotografada se beijando com seu namorado de 26 anos, Jay Barrymore.
“Quando escrevem, o fazem mais velho cada vez mais, como se ele tivesse 40 anos,” lamenta Watson. Ela diz que ri disso e toma os conselhos de Davies: “Não vá a nenhuma premiere acompanhada, vá sozinha.” Quando ela viu algumas palavras suas mal interpretadas depois do primeiro filme de Potter, chorou, mas agora ela lê “tudo sobre todos com uma pitada de sal.”

A internet é particularmente frustrante. “Por que as pessoas liberam tanta coisa negativa no mundo? Aparentemente eu estou indo para quatro universidades diferente” – ela se intencionou para Harward, Brown, Yale e Cambridge – e doze artigos afirmaram que ela era a nova cara do perfume feminino de Coco Chanel.

Watson agora vive, discretamente, em Hamstead na casa de seu pai, com seu melhor amigo. Seus pais, ambos advogados, se divorciaram anos atrás e ela possui meio irmãos. Ela viaja de sua mãe em Oxford para seu pai em Londres. Mas com os prazeres da cidade grande esperando por ela, alega que geralmente está muito cansada para sair depois de terminar uma filmagem. Watson também é uma ávida leitora, e está no meio de The Angel’s Game (El juego Del Angel, no original) de Carlos Ruiz Zafón.

“Nos últimos dias temos corrido para salvar nossas vidas, perseguidos por raptores de novo e de novo, pela floresta,” diz Watson. Um dos raptores, um lobisomen de pele cinzenta, está na fila para pegar um pouco de macarrão à Bolognesi no trailer da cantina. “Eles são homens de verdade, o que é mais fácil do que encenar com uma criatura imaginária na frente de uma tela verde, mas estou tão acostumada com a tela verde, que nem ligo. Imagino que seja uma habilidade útil.” Todos aqueles hipogrifos e trasgos gerados por computador só aparecem para ela na versão final.

Com o passar dos anos, Watson descobriu diferentes lados de Hermione emergindo dependendo dos diferentes diretores de cada filme. “Com Chris Columbus foi o lado cômico – Hermione era bitolada e mandona, uma pequena madame. Depois Alfonso Cuarón trouxe a tona o poder feminino dela, e isso me caiu bem à medida que me tornava uma adolescente. Depois Mike Newell explorou seu lado emocional, uma vulnerável e insegura adolescente. Ele havia dirigido Quatro Casamentos e um Funeral e estava interessado em como os relacionamentos funcionavam. Foi aí que eu realmente comecei a atuar, e parei de apenas interpretar o papel. Se tornou mais profundo.” O elenco gostou de Newell. “O Dan começou a chamá-lo de Sir, e Mike dizia para mim, ‘Adorável cena, Emma querida. ’ Eu adorava quando ele me chamava de querida.”

O diretor de Watson nos últimos três filmes é David Yates, quem ela diz ter trazido mais sombra e sutileza a Hermione. “David me ensinou que a única coisa que importa é a verdade. Sua versão é a mais verdadeira, mais pura forma de Hermione, a mais real.” Watson diz ser mais emocionalmente madura que Hermione, e algumas vezes isso é mostrado na tela e ela precisa refilmar. “Eu tenho que imaginar a mim mesma alguns anos mais nova, pois Hermione nunca teve um namorado, nunca foi beijada por um garoto,” diz ela. Mas no último livro Hermione finalmente beija Rony.

“O beijo,” diz Watson, cinicamente. “Imagino que terei de falar muito sobre O Beijo. Nós o filmamos há duas semanas. Quatro tomadas de um jeito, e duas outras com a câmera em outra direção. Seis tomadas no total.”

Fora o aprendizado com os diretores, um grande número dos melhores atores dramáticos da Inglaterra passaram pelos portais potterianos, incluindo Alan Rickman, Maggie Smith e John Hurt. Mas os dois maiores mentores de Watson foram Emma Thompson e Helena Bonham Carter. Recentemente, Watson foi até a casa de Bonham Carter para passar uma cena onde sua personagem, Bellatrix, se transforma em Hermione depois de tomar a poção polissuco. Bonham Carter queria saber tudo sobre Hermione, para fazer tudo certinho, e como Watson admite, “Sou uma enciclopédia de Harry Potter.” Ela também achou o conselho de Bonham Carter incrivelmente útil. As duas atrizes começaram cedo e não são tradicionalmente treinadas. “Eu não venho, como Dan Radcliffe] , de uma família de muitos atores, então eu era o Bambi sob os holofotes – Nunca tive ninguém para me guiar,” explica Watson. “Eu não havia freqüentado Lamda ou Rada, e eu tinha um sentimento de inferioridade por isso. Mas Helena disse que não preciso ser treinada: ela ensinou a si mesma, leu Chekhov, livros, teorias, e ela se prepara tão profundamente para cada papel – quanto mais você sabe sobre uma pessoa, mais você se movimenta intuitivamente.”

Watson suspira. “Eu a admiro tanto, ela confia tanto em si mesma, é tão feliz. Quando ela aparece na lista das mais mal vestidas na Heat ela diz, ‘Quem liga?’ Ela se sente confortável com quem ela é. Ela provavelmente não tem idéia do quão importante essas duas ou três horas com ela foram para mim.” Watson é toda emocional. Você sente vontade de abraçá-la, porém ela é muito inglesa e educada para isso.
No final das contas, ela saiu do túnel potteriano viva e bem. Foi uma educação muito peculiar. Watson percebeu isso de repente e confessa estar escrevendo tudo. “Eu não tinha noção disso na época, mas agora está chegando ao fim, e estou tentando me agarrar a tudo. Então tenho um livro, e todos que conheci possuem uma página. Eu quero me lembrar deles e não apenas ficar com a versão da mídia do que aconteceu comigo.” Ela faz uma pausa. “Não quero esquecer jamais como me sinto agora.”