Discutir o favoritismo deste ou daquele personagem é sempre uma polêmica. Em Harry Potter então, é quase como futebol ou religião: simplesmente não se discute, porque sempre haverá argumentos favoráveis e contrários.
Nosso colunista Bruno Barros tem especial paixão pela peculiar Belatriz Lestrange, para muitos uma vilã terrível, para outros, nada mais do que o fruto amalucado de um amor incondicional e gigantesco. Leia a coluna deste domingo e não deixe de comentar!
Por Bruno Barros
Dentre todas as mulheres de Harry Potter, nenhuma é mais excêntrica e diferente do que Belatriz Lestrange. Se disserem que a loucura é um estado de espírito, eu digo que ela está em não só um estado de espírito, mas em uma nação inteira. Como encontrar beleza em uma personalidade tão deturpada como a dela? Em algum momento, Bella – para os íntimos – foi uma mulher deslumbrante. Sempre achei fascinante a relação, que Rowling faz, de cada personagem com o seu nome, e com ela não foi diferente. Seu nome remete ao nome de uma brilhante estrela da constelação de Orion, que também é chamado de “estrela guerreira”. Mesmo com toda a agressividade acumulada devido aos anos e anos em Azkaban, ela não consegue esconder um charme natural que me cativou intensamente ao ponto de torná-la minha personagem favorita de toda a série.
Com toda certeza, não tomo suas atitudes como exemplo, mas tento encontrar a luz no meio da escuridão refletida por seus atos. Em uma destas buscas, encontrei o maior tesouro que qualquer pessoa pode encontrar, aquele que está guardado dentro de cada um e se manifesta em momentos inesperados e de maneira, muitas vezes, estranhas: o amor. Cego e platônico, são as palavras perfeitas para caracterizar o amor que ela expressou a seu amante. Sim, amor, pois não há outro substantivo para nomear um ato supremo de dedicação total a uma pessoa, querendo-a bem, mesmo que isto implique no fato de que outras pessoas sofrerão. O desejo de realizar todos os desejos dessa mesma pessoa e estar sempre ao seu lado. Suportar quinze anos à beira da insanidade, esperando convicta a volta de seu amado mestre, é uma prova suficiente para que possamos perceber este amor.
Se existe amor, expresse. Infelizmente, Bella não conseguiu oportunidades que fossem dignas para que pudesse expressar este amor, tornando-o doentio. A necessidade de ser notada por seu amado e receber uma resposta à altura, levou-a a realizar o sacrifício final, lutando até o último segundo ao lado de seu senhor e morrendo, com uma última gargalhada em seu rosto, de triunfo e frustração.
Sua personalidade jogada, é como uma porta de saída para todos os problemas e confusões diárias. Um daqueles momentos em que procuramos o botão de emergência e quando o apertamos, uma vontade cruciante de rir de coisas sérias, nos invade, somente para torná-las mais fáceis de lidar. A felicidade doentia em fazer mal ao próximo, nos mostra claramente, um reflexo de uma sociedade em que o lucro pessoal é o verdadeiro Deus, impedindo qualquer um de analisar os meios pelos quais está se beneficiando, mesmo que tenha de passar por cima de outras pessoas e, ainda assim, estar feliz em meio a tantas circunstâncias.
Costumo brincar com uma receita básica para ser como Bella. Pegue um tabuleiro e unte com um pouco de charme e beleza. Misture o amor cego de uma mulher por um homem com a ira de não ser correspondida. Adicione um casamento frustrado e um pouco de influência familiar. Deixe em Azkaban por quinze anos e depois traga para perto de você. Essa receita rende uma porção de dor, algumas mortes e ela pode ser realizado com sucesso por qualquer mente que pense em seguir
os passos de sua criadora. Bom apetite, se você quiser ter uma vida com gosto amargo!
Nem adianta perguntar: Bruno Barros nunca usaria uma maldição Imperius pelo amor de Belatriz. É proibido!