A Criança Amaldiçoada

Anthony Boyle é Escórpio Malfoy

O ator Anthony Boyle, que interpreta Escórpio Malfoy na peça “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada”, concedeu uma entrevista à revista 1983

Na entrevista, o jovem ator falou sobre sua carreira e nos dá algumas informações sobre seu papel em Cursed Child.

“Ele (Escórpio Malfoy) definitivamente é uma pessoa melhor do que eu. Ele é um pequeno elegante menino inglês, e ele tem tanto amor em si e um desejo por diversão. Eu acho que sou mais pessimista e realista que ele. Ele realmente me tornou uma pessoa melhor ao interpretá-lo.”

A entrevista completa já foi traduzida por nossa equipe e pode ser lida clicando em notícia completa.
Lembramos que a notícia pode conter spoilers de “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada”.

Anthony Boyle
1883 Magazine – Miranda Bunnis

Traduzido por Paola Galiano em 09/09/2016
Revisado por Caroline Calzolari em 09/09/2016

É o script que ninguém antecipou, uma tempestade febril de fãs devotos abalando a internet e a oitava história de um dos livros literários mais bem sucedidos do mundo. Sim, “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada” está a caminho de se tornar uma das peças mais vendidas de todos os tempos, com fãs ansiosos para por suas mãos nos ingressos como se fosse a própria admissão para Hogwarts. Felizmente , outros 250,000 ingressos foram colocados à venda para performances durante a segunda metade de 2017.

anthonyboyle_1

Desde que J.K. Rowling publicou “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, em 1997, crianças e adultos foram igualmente levados para o mundo da magia em números sem precedentes. É o livro que deu origem a uma geração de novos leitores e oito filmes, lançando a carreira de Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint e a criação não de um, mas dois parque temáticos. Harry Potter, Hermione Granger, Rony Weasley, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e Dumbledore são personagens tão impregnados na nossa cultura que a palavra ‘Muggle’ (Trouxa, em português) entrou para o dicionário de Oxford em 2003.

Nove anos após a parte final “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, o trio está de volta em uma produção da West End, “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada”. Alerta de Spoiler.
A história continua aonde os livros pararam, 19 anos depois da Batalha de Hogwarts, com nossos personagens favoritos se despedindo de seus filhos no, agora detestável, Expresso de Hogwarts. A tensão entre Harry e seu filho mais novo Alvo Severo Potter é aparente já no começo da peça e a história se desenvolve com o mais novo Potter tentando conviver com o peso do legado de seu pai. No entanto, no desenrolar da história, é seu melhor amigo Escórpio Malfoy (filho do “arqui-inimigo” de Harry, Draco) que rouba a cena. Suas reflexões inquietantes, seu amor por Rose Granger-Weasley (filha de Rony e Hermione) e seu humor em geral, são revigorantes e completamente contrários a Draco. E para este fim, seria necessário um ator com uma certa dose de drama, timing impecável e carisma para fazer justiça ao personagem, e nós fomos sortudos o suficiente para encontrar todas essas características em Anthony Boyle.

1883 teve a sorte de conversar com o ator galês de 22 anos durante sua folga entre as performances (a peça tem duas partes) e saber um pouco mais sobre sua experiência no mundo mágico do teatro e Harry Potter.

A peça estreou há um mês , como está indo?
Sim, está indo bem! Tudo meio louco, meio tenso, mas uma boa diversão. Sim, nós temos ensaiado há cinco ou seis meses. Nós estreamos há um mês e fizemos um preview há mais ou menos dois meses.

A recepção tem sido ótima até agora, com críticas fantásticas.
As pessoas realmente parecem estar gostando, especialmente os fãs que realmente responderam ao material, isso significa tanto para eles, você consegue sentir isso da platéia.

Deve ser meio surreal entrar para uma franquia enorme. Há quanto tempo você atua?
Nossa , por um bom tempo na verdade. Desde que eu tinha quinze, dezesseis anos. Comecei a atuar em todo lugar que conseguia. Fiz vários filmes independentes que eram realmente muito ruins, e eu quero dizer ruins mesmo. Eu ia para casa quase todo dia e jogava no google audições masculinas em Belfast. Eu atuei no The Lyric (escola de teatro e
drama em Belfast) e uma garota de uma escola de drama viu e me pediu para ir para a sua escola de Drama (The Royal Welsh college of Music and Drama ). Tinha uma professora chamada Patricia Logue, que é meu oráculo de atuação, e ela disse venha para a escola, então eu a segui até lá.

Você estava em um espetáculo de uma só pessoa, The East Belfast Boy, sobre o que era isso?
Sim, eu fiz isso ano passado. Era um espetáculo de uma só pessoa e eu o co-escrevi junto com um diretor, nos baseamos em vários garotos que estavam em gangues no leste da cidade. É um espetáculo sobre suas vidas e o que os motiva, e as dificuldades pelas quais eles tiveram que passar. Eles têm uma das maiores taxas de suicídio da história. Os jovens rapazes, naquele ambiente não têm uma vida fácil. Eu escrevi com Fintan Brady, nós passamos um
tempo com os rapazes e se tornou aparente que o que eles realmente gostavam era música Rap, e eu sou um grande fã disso. Então eu meio que convenci todos eles a escrever um rap, e no começo eles estavam tipo “não, nós não vamos fazer”. Então eu renomeei de poesia, como palavra cantada, e isso os encorajou a escrever um pouco e então nós
colaboramos com o que eles fizeram. Foi um processo muito legal.

Como você acha que o seu tempo na Royal Welsh College of Music and Drama te preparou para a atuação na vida real, especialmente para seu papel atual?
Massivamente. Eu me lembro de aparecer no primeiro dia pensando que era o melhor ator do mundo e então, no final, eu achava que era o pior . Tudo o que eu não sabia e o quanto todos os outros eram talentosos. Somente meses depois eu percebi que todos estavam passando pela mesma dúvida, o que me confortou um pouco. Tanta coisa, se livrar do ego,
e das coisas técnicas, como realmente criar um personagem e confiança é realmente um grande projeto, assim como tomar decisões obviamente ousadas.

Você conseguiu o papel de Escórpio Malfoy enquanto estava na escola de drama?
Eu estava no meu terceiro ano, e tinha acabado de vir do primeiro show desde que eu tinha um agente, e me foi enviado informações sobre uma peça de Harry Potter. Eu sabia que estava em processo de produção, então fiz uma fita caseira e enviei. Eu estava com minha namorada e seus pais, ela estava lendo atrás da câmera, enquanto seus pais estavam segurando a luz e a câmera. O pai dela é professor ou algo assim, e no fim da tomada ele disse “isso foi bom, muito obrigado, mas, eu acho que você é um pouco arrogante demais”, e ele começou a me dirigir. Então eu devo muito ao pai da minha namorada.

Você pode fazer um resumo de Harry Potter e a Criança Amaldiçoada para nós? (Alerta de spoiler)
Então, é centrada nove anos depois do primeiro livro. Começa no capítulo no final do último livro que é chamado Dezenove Anos Depois e é sobre Harry Potter e sua turma mandando seus filhos para a escola. Harry Potter tem um filho chamado Alvo, Hermione e Rony tem uma filha chamada Rose. Então o malvadão Draco aparece com seu pequeno
filho esquisito chamado Escórpio e é basicamente isso no livro. A peça começa na plataforma e é sobre a nova geração, Rose, Alvo e Escórpio indo para a escola se metendo em todo tipo de travessuras e confusões. A peça é na verdade sobre não repetir os erros dos pais, e as relações entre pais e filhos. É uma peça adorável na verdade.

Você acha que tem alguma semelhança entre você e Scorpius?
Ele definitivamente é uma pessoa melhor do que eu. Ele é um pequeno elegante menino inglês, e ele tem tanto amor em si e um desejo por diversão. Eu acho que sou mais pessimista e realista que ele. Ele realmente me tornou uma pessoa melhor ao interpretá-lo.

Como foi o processo de audição para o papel de Scorpius? Deve ter sido muito competitivo
Sim, eu fiz a fita de som e então tive uma reunião com John Tiffany, o diretor, Julian Horan (elenco) e Sonia Friedman . Eu queria não saber quem eram aquelas pessoas, mas eu estava completamente consciente de que ia entrar em uma sala com esses diretores vencedores de Tonys . Eu entrei e li as coisas para eles. Eu era o número quarenta e alguma coisa a ler o roteiro na frente deles, e sendo um grande fã desde muito cedo, já foi um privilégio só ler e
ser capaz de virar as páginas de novo e de novo. Mas enfim, eu entrei e li e então fiz uma seção de movimento com Steven Hogget t, foram muitas coisas com movimento em que eu não estava muito interessado. Então depois disso, quatro dias depois, recebi uma ligação, me ofereceram o papel, e eu me mudei para Londres.

Então foi um processo rápido? Quatro dias depois?
Sim, foi. Em meados de dezembro, e eu tinha acabado de voar de volta e estava voltando para Belfast para ver minha família e me ofereceram o papel. Eu fui com meu amigo que me levou para casa e entrei no jardim em direção ao meu pai e disse Expelliarmous e ele pulou de alegria e nós começamos a dançar pela casa com minha irmã e minha mãe.

Quanto tempo depois de você descobrir começaram os ensaios?
Eu deixei a escola de drama e fui direto para os ensaios e era uma atmosfera completamente diferente do que eu estava acostumado. Tinha umas 150 pessoas entre elenco, equipe e criadores constantemente nos cercando e o espaço de ensaios era praticamente do tamanho de um campo de futebol. Tinha tanta coisa, você tinha truques de mágica e toda a parte técnica envolvida também, então era completamente diferente.

Como você se preparava para o papel de Escórpio no começo e agora antes de entrar no palco?
Você tinha que ver o roteiro de Jack Thorne, é lindamente trabalhado, é uma honra ser a primeira pessoa a lhe dar voz. Acho que ele é muito elegante e ele cresceu isolado. Comecei a olhar os garotos de Eton. Tem alguns documentários online sobre os garotos de Harrow e os garotos ingleses de classe alta e como eles falam e como internatos e isolamento os influenciam . Então eu observava, porque ele é puro sangue, cães de raça e
como isso afetaria seus corpos e coisa do tipo. E o diretor, ele era a luz guia, o capitão do navio nos guiando na direção certa.

Como é trabalhar com Jack Thorne, o diretor que você mencionou brevemente e a equipe, você conheceu J.K. Rowling?
Sim, ela é adorável, é a rainha! Ela é fabulosa, é simplesmente um ser humano maravilhoso. Ela tem sido tão generosa nos deixando levar sua história para o teatro e experimentar em um ambiente com coisas diferentes, ela tem sido ótima. Jack Thorne tem sido incrível; ele está presente todos os dias. Ele está esperando um bebê, e aquele homem é o melhor escritor da nossa geração.

A peça tem duas partes. A Parte Um é uma matinê e a Parte Dois à noite. Isso é bem pouco tradicional para o West End. Como tem sido a recepção?
Aí que está, você tem a opção de ver um depois do outro, com uma pausa, mas alguns amigos que assistiram, assim como a reação da audiência, dizem que é uma experiência incrível passar o dia todo no teatro. Você sente que realmente foi em uma jornada com esses personagens e essa história porque tem tanta coisa e é uma história tão longa que
realmente precisam ser dois espetáculos. Há esse tipo de comunidade sendo construída. Meu amigo que viu a peça se sentou do lado de uma garota que devia ter uns 10 anos e seu avô que tinha uns 60. Depois do primeiro espetáculo eles se despediram e conversaram um pouco. Então, vindo para a segunda parte, eles se cumprimentaram como velhos
amigos e ele se sentiu como se fosse irmão mais velho da menina ou algo assim, falando sobre “o que vai acontecer nesse pedaço!” Havia uma real sensação de comodidade.

Você teve bastante interação com a audiência?
Sim, é bizarro na verdade! Esses espetáculos estão cheios de centenas de pessoas gritando, as pessoas ficam loucas com a peça, eles realmente respondem. Virou um fenômeno cultural, nunca experimentei nada assim.

Por que você acha que é? Por que as pessoas se sentem tão fortemente ligadas a Harry Potter?
Acho que fala com todas as pessoas fãs de Harry Potter. O isolamento, o excluído em todos nós. Como a solidão pode afetar as pessoas e aflingir. Acho que tem uma escuridão universal que aparece e acredito que os livros, quando as pessoas estão tristes ou sozinhas, conseguem achar tanto conforto neles. As histórias que ouvi dos fãs e como os livros os ajudaram a superar a morte de parentes ou outras coisas pelas quais eles passaram, porque se identificam com Harry e outros personagens. Acho que a peça se saiu bem, não somente por ter Harry Potter, mas por ser um espetáculo tão incrível. Ela atinge essas verdades que todos nós podemos enfatizar. É maravilhoso.

Harry Potter é uma das maiores franquias do mundo, como você está lidando com tudo e sendo parte disso?
Acabei de pegar esse caminho! É estranho receber cartas de fã e coisas assim, isso é adorável. Se eu ficar muito metido, meu pai me liga e me chama de babaca. Então isso sempre vai me segurar.

Você tem algum plano para o futuro?
Ainda não tenho certeza, só quero fazer um bom trabalho. Quero ir para onde as boas pessoas estão e onde os bons roteiros e os bons atores e diretores estão. Onde o melhor roteiro aparecer e onde os melhores personagens estão, é para onde quero ir.

Anthony pode ser visto interpretando Scorpius Malfoy em “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada” no Palace Theatre, Londres.