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Aceitem, eles morreram!

Nosso novo colunista Eduardo estréia sua coluna com um texto que desarma todos os fãs que ainda têm esperança de que seus personagens mais queridos estejam vivos, de forma objetiva e com um toque de humor.

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Aceitem, eles morreram!
Por Eduardo Andrade

ATENÇÃO, SPOILERS LIVROS 5 E 6

“Ele está morto Harry, não há nada que você possa fazer.”
-Remo Lupin, OdF

Os últimos livros têm trazido grandes surpresas para leitores do que, no início, parecia uma série para crianças. Harry Potter ganhou ares mais sombrios, e entrou em guerra. Como em toda guerra, mortes acontecem. E essas mortes têm, também, sido motivo de muitas teorias no mundo dos fãs, que insistem, por alguma razão, que Sirius Black e Dumbledore estão, na verdade, vivos.
Porque, afinal, é tão difícil aceitar a morte de um personagem? Claro, esses dois personagens em particular sempre tiveram um grande charme e cativaram uma grande parte do público, mas, quando um livro diz com todas as letras que o personagem bateu as botas, é hora de fechar o caixão e ir em frente.
Óbvio que Harry Potter não é exatamente um exemplo da realidade da morte… Em um mundo onde fantasmas flutuam por toda parte, ecos de feitiços permitem que pessoas mortas falem e, principalmente, com tantas reviravoltas na história (Bartô Crouch Jr, por exemplo), é natural desconfiar de uma frase clara como “ele morreu”.
Vejamos algumas das mortes mais significativas (apenas algumas) que aconteceram durante os anos de Harry em Hogwarts, e porque algumas foram aceitas facilmente e outras não.

1– Quirrel
Dumbledore foi quem disse que ele morreu, e a palavra de Dumbledore é lei. Além disso, ele era vilão, então é natural morrer no fim.

2- Berta Jorkins
Voldemort disse que a matou, e, com a palavra do assassino, é difícil duvidar. Além disso, eco de Berta saiu da varinha de Voldemort durante o Priori Incantatem.

3- Franco Bryce
O jardineiro trouxa foi o primeiro personagem a ter a morte narrada o livro (ou seja, não foi falada por outro personagem, foi, na falta de palavra melhor, “vista”). E também porque seu eco saiu da varinha.

4- Cedrico Diggory
Temos aqui o primeiro personagem realmente importante e do lado do bem a morrer. Enquanto a morte dele pode ter sido difícil para alguns, não causou nem de longe as lamentações geradas pela morte de Sirius em OdF. Foi a primeira presenciada por Harry (gerando a visão dos trestálios), o que significa que ela foi “vista”. Infelizmente, o mesmo não funciona com Sirius e Dumbledore…

5- Broderico Bode
O funcionário do Ministério foi assassinado em função da história, já que foi um instrumento usado por Voldemort para chegar até a profecia. Também não era realmente um personagem, já que só foi citado.

6- Sirius Black
Aqui, as coisas mudam de figura. Enquanto todas as outras mortes foram bem aceitas entre as comunidades de fãs, muitos insistem que Sirius não morreu (chegou a virar uma espécie de lema). É claro que ele era um personagem cativante, alguém importante pra Harry e, como se já não fosse difícil aceitar sua morte só com isso, ainda é somado o fato que ele teve uma morte, no mínimo, estranha… Sirius não levou Avada Kedavra. Ele levou, aparentemente, uma Azaração do Empurrão, e caiu pelo Véu da Morte. Só o nome sugestivo de “Véu da Morte” já parece o suficiente para aceitar que Sirius morreu… Mas fãs insistem que ele foi apenas tirar algumas férias no submundo e que logo vai voltar para salvar o dia. Essa é, é claro, a primeira impressão de todos, já que é essa também foi a de Harry. Mas, ao mesmo tempo em que Harry percebe aos poucos que Sirius está realmente morto, o leitor deveria perceber junto e levar o mesmo choque que o herói (em outras palavras, molhar o livro inteiro). Então, as razões do porque Sirius está sim morto.
A – ele caiu no Véu da Morte, ganhando uma passagem só de ida ao mundo dos mortos.
B – todos os personagens (adultos, e com maior conhecimento do Véu) falam de Sirius de uma forma que fica bastante claro que não há volta, que ele se foi.
C – o próprio Sirius parecia aterrorizado ao ser jogado para trás, aparentemente porque ele sabia o que tinha atrás dele e sabia o que aconteceria quando ele o atravessasse (por mais corajoso que ele seja, a pessoa se assusta quando sabe que a morte está logo atrás… literalmente!).
D – Nick Quase Sem Cabeça, conhecedor de um lado importante da morte, aparentemente conhece o Véu e explica que Sirius se foi, e que não volta nem como fantasma.
E – Sirius não voltou no sexto livro.
F – Sirius, assim como Lílian e Tiago, precisava morrer para que o herói amadurecesse com as dificuldades.
G – mais importante de tudo, J.K. Rowling disse que chorou quando escreveu esse pedaço e anunciou muito tempo antes do lançamento que um personagem importante iria morrer. Eu não vejo Bode como um personagem muito importante…

7- Emelina Vance
Segunda membra da Ordem da Fênix a ser assassinada na Segunda Guerra, morte narrada nos jornais.

8- Amélia Bones
Morte narrada em jornais também, mulher importante no Ministério.

9- Alvo Dumbledore
É difícil sequer imaginar um livro de Harry Potter sem Dumbledore, e só isso já torna a morte dele difícil de aceitar. Muitas teorias afirmam que, na verdade, Dumbledore estava planejando morrer e combinou tudo isso com Severo Snape. Isso, eu não sei (ou melhor, fica a discussão para outro dia). Mas que Dumbledore morreu, é difícil de negar… As possíveis “soluções” dizem que Dumbledore era na verdade alguém usando Polissuco, que Snape usou um “falso Avada Kedavra”, ou então que Dumbledore usou uma poção pra fingir que tinha morrido… Acontece que a morte do diretor mais querido de Hogwarts é fartamente descrita, e vista por Harry. Aqui vão as razões do porque Dumbledore está morto:
A – ele levou um Avada Kedavra (Maldição da Morte, caso alguém não lembre).
B – além de levar um Avada Kedavra, ele caiu da torre mais alta de Hogwarts (e, na minha imaginação ligeiramente dramática, batendo a cabeça em alguns telhados…).
C – nós vimos o corpo dele (algo que não aconteceu com o igualmente morto Sirius)
D – nós vimos o enterro dele (embora o corpo dele esteja coberto, seria exagero pensar que não é Dumbledore ali).
E – o feitiço paralisante que prendia Harry se desfez, o que significa que a pessoa ficou inconsciente ou, no caso, morreu.
F – eu não vejo Dumbledore, uma pessoa que não tem medo da morte (ele prova isso em Pedra Filosofal, dizendo que a morte é apenas a próxima grande aventura), usando inúmeros feitiços e métodos para se fingir de morto. Se ele precisasse morrer para Harry progredir, ele teria morrido.
G – Dumbledore, assim como Sirius e o casal Potter, precisava morrer para que o herói amadurecesse com as dificuldades.
H – e, mais importante, mais uma vez J.K. Rowling anunciou que alguém morreria, e nas entrevistas feitas depois do lançamento do livro, ela nem por um momento negou ou deu alguma dica de que Dumbledore pudesse estar vivo. A morte dele á é tida como fato.

É claro que, mesmo levando tudo isso em consideração, ainda há espaço para debate. Pode ser que aconteça mais uma vez o golpe do falso morto? Pode, Rabicho e Bartô Crouch Jr já provaram que isso rende uma ótima história e uma reviravolta surpreendente. Mas será que, com o sétimo e último livro chegando, JKR ainda está fazendo esse jogo? Será que ela não partiu agora para o mais urgente problema das Horcruxes? Eu digo que sim, e que o tempo dos falsos-mortos já era.
Enquanto pode parecer cruel e até meio idiota pedir para que um livro de ficção tão cheio de fantasia quanto Harry Potter seja levado por um olhar realista, não adianta ficar horas tentando fazer personagens mortos renascerem das cinzas. Espero que tenham gostado do editorial, estou aberto a críticas! No próximo, “Fazendo a Pergunta Certa”, algumas idéias sobre R.A.B. Até lá!