Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald ︎◆ Direto do set ︎◆ Entrevistas

Ezra Miller discute abuso e traumas de Credence em Animais Fantásticos

Ezra Miller é tão fã de Harry Potter quanto nós. Fazer parte do Mundo Bruxo de J. K. Rowling é, para ele, um sonho que se tornou realidade. Durante um intervalo nas filmagens de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, ele sentou para conversar com o POTTERISH sobre a jornada de Credence.

Estávamos em uma tenda dentro dos estúdios Leavesden, onde os oito Harry Potter também foram gravados. É 3 de outubro de 2017, e nem o título do filme havia sido revelado.

Entrevista com Ezra Miller

Como Credence está em Os Crimes de Grindelwald?
Ezra Miller: Credence foi traído e maltratado tanto por trouxas quanto por bruxos. Não consegue confiar em ninguém, porque não tem nenhuma razão para acreditar que qualquer pessoa que tente se aproximar seja digno de confiança. Além disso, ele carrega um fardo, que é a necessidade de descobrir urgentemente quem ele é de verdade.

Apesar de ter se libertado dos Segundo Salemianos, ele parece continuar oprimido, por ser uma das atrações do Circo Arcanus.
Ezra Miller: Eu diria que ele está livre e oprimido ao mesmo tempo, mas de maneiras novas. Continua oprimido porque, dada sua condição mágica peculiar, ele é meio que uma bomba relógio e entende o perigo disso.

No primeiro filme, houve uma conexão estranha entre Grindelwald e Credence. A ideia era representar um relacionamento abusivo?
Ezra Miller: Boa parte da abordagem de Credence gira em torno da ideia de abuso e das diferentes maneiras que traumas podem acontecer a um jovem. Em Harry Potter, é dito que o amor é uma forma de magia do bem, certo? Então, a maneira que Grindelwald manipula o amor, tirando proveito desse déficit que Credence tem, é uma forma de abuso. Exercer poder sobre essa necessidade humana é uma forma de magia maligna.

Gerardo Grindelwald disfarçado do auror Percival Graves ao lado de Credence (Ezra Miller), em Animais Fantásticos e Onde Habitam
Gerardo Grindelwald disfarçado do auror Percival Graves (Foto: Warner Bros. Pictures/Reprodução)

Você gostaria de ver Credence se apaixonar? É algo tão natural da juventude, mas ele não passou por isso.
Ezra Miller: Eu não tenho nenhuma esperança ou exigência para a trajetória do personagem. Sou muito grato por fazer parte deste universo, independentemente do rumo que o roteiro tomar. Confio na roteirista e estou interessado em todos os caminhos que ela pode traçar para Credence, porque em todos eles haverá feridas que ele precisará de um esforço constante para superar.

Você sabe mais sobre a trajetória de Credence do que o necessário para este filme?
Ezra Miller: Às vezes, somos agraciados com alguns vislumbres da bola de cristal da Professora Trelawney metafórica [que é J. K. Rowling]. Conseguimos prever para onde caminha o futuro dos nossos personagens. Alguns de nós estão mais envolvidos com a história, então precisamos ter uma noção do futuro. Mas tem muita coisa que ninguém além de J. K. Rowling sabe.

O filme tem muitas referências a Harry Potter. Para qual delas você está mais animado?
Ezra Miller: Hogwarts. Não apareço por lá, mas tudo bem… Pensei que poderia tentar entrar sorrateiramente em uma das salas de aula, mas é difícil. Eles têm muita segurança.

Você pôde pelo menos dar uma olhada nos sets?
Ezra Miller: Por que você está colocando sal na ferida? Eu fiquei fora por duas semanas para regravar outro trabalho [Liga da Justiça] e, quando voltei, perguntei como estavam as coisas. Me responderam que “estava tudo na mesma, com exceção da semana que gravamos em Hogwarts”. Fiquei devastado. Ninguém me ligou! Não mandaram nem uma mensagem!

Eles com certeza escondem muita coisa de você.
Ezra Miller: Sim. É incrível. Nunca sei o que vai acontecer. Estou junto com os fãs nessa.

Dumbledore em Hogwarts em cena de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald
Animais Fantásticos terá cenas com Dumbledore em Hogwarts (Foto: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Quando vocês gravaram o primeiro, foi difícil manter Johnny Depp em segredo?
Ezra Miller: Ah, não. Não tive que guardar segredo, porque eu realmente não sabia. Chamavam-no apenas de Johnny. Eu não sabia quem era até apertar a mão dele.

Por fim, o que esta franquia trouxe para sua carreira?
Ezra Miller: O modo como esse ambiente facilita a expressão artística é especial. Os sets são imensos, mas são mais calmos do que vários outros menores em que estive. Temos tempo para ensaiar, e a voz de todos que estão participando da cena é ouvida, o que é raro em um filme enorme com prazos a serem cumpridos.

Leia mais reportagens direto do set de Animais Fantásticos:

Colaboraram: Beatriz Franco (tradução) e Renato Ritto (revisão)

*Pedro Martins é editor-chefe do Potterish. Ele viajou à Inglaterra a convite da Warner Bros. Pictures.