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Seção Granger: “Extraordinário”, de R. J. Palacio

Para comemorar a chegada de Extraordinário aos cinemas, a colunista da Seção Granger, Ana Alves Rolim, traz a resenha da obra de R. J. Palacio.

Palacio nos conta uma história de gentileza e empatia sob a visão de vários personagens-narradores muito bem-construídos.

Para ler a crítica, acesse a extensão deste post.

”Extraordinário”, de R. J. Palacio
Por Ana Alves Rolim

Desde seu lançamento, Extraordinário tem arrebatado uma legião de leitores comovidos com a história de August Pullman. O sucesso da nova-iorquina R. J. Palacio teve o memorável protagonista estampado no imaginário dos leitores apenas com base nas descrições do livro, mas agora os fãs da obra podem conferi-la também no cinema.

August, o Auggie, tem 11 anos e nasceu com um problema genético que afetou drasticamente seu rosto. Mesmo depois de muitas cirurgias, que lhe deram um queixo, orelhas e lhe permitiram enxergar, o rosto de Auggie ainda foge aos padrões. Depois de anos complicados estudando em casa e vendo pessoas fugirem e até mesmo gritarem de susto ao olharem para ele, chega o momento de Auggie ir à escola, apesar do receio de todos em sua família.

Palacio nos conta uma história de gentileza e empatia sob a visão de vários personagens-narradores muito bem-construídos. De crianças a adolescentes, eles são verossímeis, com estilo e voz fortes, e costuram a narrativa com perfeição, permitindo-nos mergulhar na história por vários ângulos. Mesmo que você veja o filme sem ter lido o livro, esses narradores por si garantem uma nova experiência imperdível.

Imperdíveis também são os preceitos do professor de inglês de Auggie. Frases dignas de Alvo Dumbledore, que dão colorido a uma narrativa que vai além do seu foco principal — o respeito às diferenças –, abordando lições fundamentais para a formação humana. Esse aprofundamento faz a história infantil ganhar força para conquistar o público de todas as idades.

A tradução brasileira também merece destaque. Em especial as adaptações, feitas com maestria, tanto do nome do diretor da escola, Sr. Buzanfa, quanto dos muitos trocadilhos que o acompanham pela história.

Ao final, além de ficarmos com vontade de ler os outros livros da série, sentimos aquele quentinho no coração que pode muito bem ser resumido pela fala do Sr. Buzanfa, inspirada por J. M. Barrie: “Carregamos conosco, como seres humanos, não apenas a capacidade de ser gentil, mas a opção pela gentileza.”

No filme não é diferente: na pele de Auggie, Jacob Tremblay (O quarto de Jack) entrega cenas memoráveis ao lado de Julia Roberts, que vive a mãe do protagonista.

Seção Granger: "Extraordinário", de R. J. Palacio

Carregando toda a dramaticidade do livro, o longa traz ainda mais emoção à história de Palacio, talvez pela excelente escolha de atores, talvez pelo roteiro de Stephen Chbosky (As vantagens de ser invisível, livro e filme). A adaptação conta também com a presença de Owen Wilson (Marley e eu) e da brasileira Sônia Braga (Aquarius), que interpreta a avó de Auggie.

Extraordinário é leitura obrigatória para todos os que cultivam a gentileza, mensagem tão presente também no Mundo Bruxo de J. K. Rowling.

320 páginas, editora Intrínseca, publicado em 2013.
Título original: Wonder.
Tradução: Rachel Agavino.

Ana Alves Rolim é pós-graduada em Língua Inglesa e Suas Literaturas, tradutora do Potterish e colunista da Seção Granger.