Seção Granger

Seção Granger: Sou fã! E agora?

[borda1]http://cdn.potterish.com/wp-content/2017/03/12175842/SouF%C3%A3EAgora_Borda1.jpg[meio]Além do sobrenome grego, a jornalista e apresentadora Frini Georgakopoulos tem muitas outras características que a tornam única. A mais importante delas, sem dúvidas, é que Frini é fã de carteirinha. Tão fã que é esse o tema de seu primeiro livro, Sou fã! E agora? (Editora Seguinte).

Por Aryanne Valenzuela, Kaio Rodrigues e Pedro Martins

Apesar da inquestionável paixão pelo Mundo Bruxo de J.K. Rowling, a carioca não entrou no universo literário através da Plataforma 9 ¾. Sua coruja foram os professores, que, para ela, são profissionais tão essenciais quanto os médicos – “é uma pena que não são valorizados o suficiente para que possam realmente exercer sua profissão.”

Frini teve mestres mágicos, que a mostraram a importância e o prazer da leitura. Muito mais do que testes para provar que tinha lido Machado de Assis, Jorge Amado e o resto da lista obrigatória do vestibular, eles queriam fazê-la pensar. Para ela, toda leitura é importante: “Equilíbrio é a alma do negócio. Você tem que dar Young Adults, sim, mas tem que trabalhar os clássicos também. Com contexto. O professor tem que guiar.”

Para Frini, o amor pela leitura não acabou na escola. Há mais de uma década, ela segue a missão que tanto admira organizando e apresentando eventos literários. Para muitos, tornou-se uma guru – definição com a qual não concorda: “Eu queria que as pessoas dessem uma chance para uma obra que nunca pensaram em ler. Mas não tenho fãs, tenho companheiros de leitura. Afinal, sou uma leitora como todo mundo. A diferença é que sou muito tagarela, então as pessoas me escutam”, comenta entre risos.

Seção Granger: Sou fã! E agora?
Foto: Daniela Conti.

Em uma das edições mensais de seu Clube do Livro, na Livraria Saraiva do Shopping Rio Sul, Frini decidiu falar sobre Shakespeare, e esperou um público pequeno. Não podia estar mais errada; o evento lotado a intrigou: por quê, será? “Eu sempre quis ler, mas nunca soube por onde começar. Queria que você me explicasse como leio Shakespeare”, disseram os leitores.

Depois de tanto ler, é claro que Frini também começou a escrever. Primeiro, fanfics (de Harry Potter!); depois, contos, ficando entre os finalistas do prêmio Brasil em Prosa; agora, livros! Independentemente do formato, uma coisa é unânime: “Ter a ideia é o mais difícil. Depois, escrevo em poucas semanas.”

A formação jornalística a permitiu escrever Sou fã! E agora? em tempo recorde. Mas não pense que não houve dificuldades! Sua maior preocupação era o medo de soar arrogante ou de o livro parecer didático demais. A ideia de torná-lo interativo veio após a leitura de Uma página de cada vez, de Giu Alonso. “Como é um livro sobre fãs, acho legal eles poderem participar. Torna a leitura uma experiência diferente.”

Quem vê Frini em seu habitat natural, entre as estantes da Saraiva, nem se dá conta de que ela é uma orgulhosa sonserina… Ainda bem! Afinal, ela não acredita que uma casa define o caráter de uma pessoa. Mas depois da Cerimônia de Seleção de Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, “o Chapéu Seletor devia se aposentar.”

Felizmente, seu talento independe de qualquer artefato mágico milenar. Sou fã! E agora? fez sucesso com o público, alcançando o objetivo da autora de estender seu trabalho para além das fronteiras cariocas. Com um misto de artigos rápidos e páginas interativas, “é um Clube do Livro de Bolso”, que ajuda o leitor a descobrir formas de expressar seu amor pela literatura. De fanfics a cosplays; de blogs e canais no YouTube a eventos em livrarias. Até spoilers! Tudo ganha voz na escrita de uma fã apaixonada que é a Frini.

Falando em spoilers, e se contássemos alguns da vida de Frini?

No que o seu bicho-papão se transformaria? Em uma onda, tipo um tsunami. Eu tenho pavor!

O que você veria no Espelho de Ojesed? Quem já se foi. Meus avós, minha amiga, dizendo que estão orgulhosos de mim.

Uma Relíquia da Morte? A Capa da Invisibilidade.

Depois de anos mergulhando tão a fundo nesse universo, Frini agora tem uma definição ainda mais especial para nós: “Ser fã é ser generoso. É bater palma com muito entusiasmo para o talento alheio. Isso nos torna pessoas melhores.”