J. K. Rowling

Eddie Redmayne entrevista J.K. sobre Lumos

A Lumos liberou o vídeo completo da conversa entre J.K. Rowling e Eddie Redmayne na sessão antecipada de “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, no Carnegie Hall. Na conversa, eles falam sobre o motivo pelo qual Rowling escolheu essa causa, quais os problemas da institucionalização e o que podemos fazer para mudar essa realidade.

Atualmente mais de oito milhões de crianças vivem em instituições, sendo que mais de 90% destas não são órfãs e sim crianças pobres, deficientes ou de uma minoria étnica. O objetivo da organização “We Are Lumos”, fundada por Rowling, é trocar as instituições por comunidades que providenciam acesso a saúde, educação e cuidado social de acordo com as necessidades individuais de cada.

Na conversa com Eddie, J.K. ressaltou a importância do carinho e amor individual no processo de desenvolvimento das crianças, afirmando que pesquisas mostram claramente como o fato delas serem criadas em instituições é prejudicial. A própria Lumos trabalha com cientistas que, através de varreduras cerebrais, foram capazes de mostrar a diferença entre uma criança que vive em uma instituição e aquela que foi criada por uma família.

“Como o filme mostrou, um estudo recente mostra que é seis vezes mais provável que crianças que vêm de instituições serem sido abusadas; dez vezes mais provável delas entrarem no mundo da prostituição; quarenta vezes mais provável de terem uma ficha criminal. E 500 vezes mais prováveis de elas se matarem.” (J.K. Rowling)

Eddie confessou que uma das coisas mais complicadas para ele é a forma como cada país vê orfanatos, principalmente em países como Reino Unido, em que a institucionalização já é coisa do passado. Rowling aproveitou esse momento para falar sobre as três causas mais comuns que levavam um pai a se separar, destacando a pobreza.

Mas como mudar essa situação? Segundo J.K., esse é um problema de duas partes. Na primeira, as crianças que vivem em instituições, algumas delas em condições horríveis, precisam de resgate. E depois, é necessário parar de mandar as crianças para estes lugares, que aliás são caros de manter.

Porém, talvez o principal passo seja a conscientização das pessoas. Não falta gente disposta a ajudar os que necessitam – só os americanos doam $375 bilhões por ano para caridade – mas nem sempre estas doações acabam ajudando, ao invés disso muitas crianças são levadas aos orfanatos sem necessidade.

“Nós precisamos mudar mentes, porque enquanto as pessoas estiverem colocando dinheiro nesses orfanatos e se voluntariando para ajudar, muita corrupção nasce ao redor dessas instituições. Há um senso que nós temos as melhores intenções, ajudando algo que é muito prejudicial. Aquelas crianças precisam estar com suas famílias, e se elas não podem estar com as famílias, cuidado adotivo ou adoção, ou apoiadas em unidades do estilo de pequenas famílias, são as melhores alternativas possíveis.”

A Lumos tem como objetivo acabar com a institucionalização mundial até 2050.

A transcrição completa dessa conversa, assim como o vídeo com áudio original em inglês, você pode conferir na extensão da notícia.

J.K. Rowling em conversa com Eddie Redmayne no Carnegie Hall /strong>
Traduzido por: Nuara Costa
Revisado por: Paola Galiano

Eddie: Boa noite senhoras e senhores. Estou feliz por vocês estarem animados. Bem-vindos ao Carnegie Hall – obrigado! – Bem-vindos a o que nós esperamos que seja uma noite especial. Mais de 25 anos atrás, uma autora juntou caneta e papel e criou uma das histórias mais extraordinárias que o mundo já viu. A sua imaginação surpreendente continua a nos emocionar, ela nos cativa, nos encanta, nos comove e nos deixa querendo mais. E hoje a noite senhoras e senhores… haverá mais.

Mas dez anos atrás, uma imagem inimaginável e uma história impensável a fizeram andar por um caminho improvável – onde milhões de crianças sem voz precisavam ser salvas. A autora é J.K. Rowling e o caminho é a Lumos.

Hoje à noite, nós vamos iluminar oito milhões de crianças escondidas ao redor do mundo que desesperadamente precisam da nossa ajuda.

Então agora para ouvir um pouco mais sobre Lumos e seu trabalho que muda muitas vidas, por favor recebam no palco a sua fundadora. Senhoras e senhores, a extraordinária J.K. Rowling.

Jo: Obrigada, muito obrigada.

E: Então aqui estamos!

Jo: Aqui estamos!

E: Isso é grande. Estamos no Carnegie Hall.

Jo: Sim, estamos. E na verdade é a minha segunda vez.

E: Sério? Tudo bem, então em alguns minutos nós vamos mostrar nosso pequeno filme para essas pessoas.

Jo: Sim, o que é empolgante e um pouco aterrorizante.

E: E nós vamos falar sobre isso em alguns minutos. Mas primeiro, a razão pela qual estamos aqui. Então nós acabamos de ver esse filme – isso é claramente um grande problema humanitário, e um grande compromisso. Eu me perguntei: por que esse problema? Por que ele é tão importante para você?

Jo: Bom, eu acho que Eddie disse bem em sua introdução – a verdade é que eu vi uma história no jornal sobre um menino bem pequeno, ele tinha sete anos e estava sendo mantido em uma gaiola. E eu estava grávida na época e vi essa imagem no jornal, e era uma imagem tão chocante dessa criança – segurando em um fio e gritando – que eu virei a página. Eu virei a página porque era doloroso de ver, e eu me senti muito envergonhada. Quando eu virei a página, eu pensei: Não, não, você tem que ler a história, e se for tão ruim como parece, você tem que fazer alguma coisa. Então eu li a história e foi pior do que parecia.

Então para resumir uma longa história, eu tirei a matéria – que era sobre uma instituição na República Checa onde crianças bem novas eram mantidas em condições terríveis. Eu fui para casa no outro dia, segunda-feira, [e] comecei a escrever cartas para qualquer pessoa que eu conseguia pensar – Mas e MEPs, e o presidente da República Checa. Eu escrevi para todas as pessoas em que consegui pensar, e isso me conectou a especialistas na área, e a criação da Lumos.

E: Então há oito milhões de crianças vivendo em orfanatos no mundo todo –

Jo: Que nós sabemos! Veja bem, eu acho que o que é assombroso… o que me impressionou quando eu comecei a descobrir esses problemas, você pensa “como oito milhões de crianças estão passando por isso e nós não sabemos? “Mas uma pequena quantidade de pensamento nos mostra que elas estão – como você disse – sem voz. Elas estão literalmente escondidas das nossas vistas. Então de fato oito milhões pode ser uma estimativa conservadora – pode haver mais crianças que foram tiradas de suas famílias que nós não sabemos porque a manutenção dos registros tende a ser fraca, o que é um dos problemas.

E: E há instituições que estamos falando que são prejudiciais para as crianças – eu imagino, nem todo mundo concorda?

Jo: Absolutamente, então é completamente compreensível que nós – e por “nós”eu digo Ocidentais ricos – nós talvez tenhamos uma ideia que instituições são gentis. Gentis do modo que do contrário, a criança estaria nas ruas ou sozinha. Isso é completamente compreensível. Nós tendemos a ter em nossas mentes a imagem de filmes como Annie, que orfanatos podem ser meio divertidos! Na verdade, isso não é verdade – mesmo os bem coordenados, como nós vimos no vídeo – frequentemente fazem estrago irreparável. Você vai saber, porque ele – você tem um bebê agora, que tem cinco meses?

E: Sim.

Jo: E você vai saber, como eu sei, como todos nós que temos algo a ver com crianças pequenas sabemos: que eles são ligados em pedir amor. Eles procuram por isso, porque é o que eles precisam para o desenvolvimento do cérebro. E como foi mostrado nesse filme, nós sabemos que crianças que são criadas em instituições sofrem de atrasos no desenvolvimento, tendem a ser fisicamente atrofiados, eles normalmente têm um trauma psicológico… apenas não é o que a natureza pretendeu para crianças serem criadas juntas, e não dadas amor e carinho individuais.

E: E há estudos e estatísticas que embasam isso?

Jo: Absolutamente, então eu não estou apenas dizendo isso – criando isso do nada para te dizer. Nós temos 80 anos de pesquisa que nos mostra bem, bem claramente – toda a pesquisa concorda – que isso é muito prejudicial. E de fato, a Lumos trabalha com cientistas na área que podem mostrar varreduras cerebrais, mostrando a diferença entre uma criança que veio de uma instituição e uma que foi criada por uma família.

Como o filme mostrou, um estudo recente mostra que é seis vezes mais provável que crianças que vêm de instituições serem sido abusadas; dez vezes mais provável delas entrarem no mundo da prostituição; quarenta vezes mais provável de terem uma ficha criminal.

E 500 vezes mais prováveis de elas se matarem. Então você vê que temos esse enorme banco de pesquisa nos dizendo que estamos permitindo ou inadvertidamente causando crianças a serem prejudicadas.

E: Para mim, uma das coisas complicadas que fica na minha cabeça – e, eu acho, para pessoas em países desenvolvidos como os EUA ou Reino Unido, onde a institucionalização é uma coisa do passado – uma das coisas que nós lutamos é que há uma desconexão na forma em que vemos orfanatos.

Jo: Eu concordo completamente. Eu acho que uma pequena quantidade de pensamento nos mostra que se você imaginar o que aconteceria – Deus nos livre – que um terrível desastre natural fosse atingir Nova York hoje a noite, eu acho que todos imediatamente iriam pensar “bom, a coisa mais importante é manter as pessoas amadas por perto, nós ficaremos juntos e vamos ganhar o suporte necessário para reconstruir nossas empresas, achar uma casa para nós…” Quando nós colocamos a nós e nossa família nessa mentalidade, nós entendemos. Contudo, o que está acontecendo através do mundo desenvolvido é que um desastre acontece e famílias estão sendo separadas: “nós vamos levar essas crianças. “ Agora imaginem isso, no despertar de um desastre, pessoas vem até você e dizem: “essa criança só será alimentada se você me der ela “E nós continuamos apoiando um sistema, e ele está causando um grande estrago.

E: Então é por isso que famílias estão sendo separadas? Porque os pais dão as crianças?

Jo: Sim, exatamente – para muitas pessoas, essa é a questão chave. Então quando eu digo as pessoas [que] 80 por cento dessas crianças tem pais, a reação compreensível deles é “que pai amoroso poderia dar suas crianças para esses lugares? “ Mas nós sabemos que há três principais razões para as crianças irem para esses lugares. A maior, mais esmagadora, é a pobreza.

Então pais que estão passando fome ouvem “se você quer alimentar essa criança, nós vamos levá-la para a instituição – a criança vai ter comida lá. “ A outra é desestabilizado. Nós no mundo desenvolvido achamos, e certamente esse era o caso da Europa Oriental, onde nós estamos fazendo muito trabalho, crianças com deficiências não são incluídas. E os pais ouviam “se você quer assistência médica para uma criança deficiente, ou se você quer que ela seja educada, ela tem que ir para a instituição.

E a terceira razão é o desastre natural, e é aí onde um lado bem ruim da institucionalização aparece. Geralmente é o caso do mundo desenvolvido, os chamados orfanatos são mantidos como um negócio, e crianças são efetivamente traficadas por dinheiro porque nós somos ocidentais e somos generosos e podemos dar muito dinheiro para esses orfanatos. E infelizmente existem pessoas inescrupulosas, que após o desastre usam isso como oportunidade para pegar crianças e usá-las como imã para dinheiro estrangeiro, do que usar o dinheiro em sistemas que podem ajudar famílias a ficarem juntas. Então desde 2010, houve um crescimento de 700 por cento em crianças em instituições no Haiti.

E: Então, para mim…. Qual é a solução? O que faremos sobre isso?

Jo: Obviamente esse é um grande problema. E, como você pode imaginar, a solução é complexa, mas – eu trago esperança! Esse é um problema solucionável. E nós sabemos como fazer isso. Não quer dizer que é fácil – mas nós sabemos como fazer. Então é um problema de duas partes: primeiros nós temos essas crianças, algumas delas vivendo em condições horríveis, que precisam de resgate.

A outra parte do problema é que precisamos parar de mandar as crianças para esses lugares. A ambição da Lumos – e nós acreditamos que é alcançável – é que em 2050 nós vamos ter acabado com a institucionalização mundial. Agora, isso vai ser muito trabalho, claramente, mas muitos de nós estamos disponíveis para isso. Então, a primeira coisa que precisamos colocar no lugar os diferentes sistemas de cuidado, e a boa notícia é que instituições são muito, muito caras de manter. E se nós apenas erradicarmos os fundos que estão sendo enviados para instituições, seríamos capazes de criar novos sistemas de cuidado.

Mas você também precisa de muita perícia, e é isso que a Lumos é, nós trabalhamos com pessoas no país que já estão tentando mudar esses sistemas. Então esse é o assunto que eu realmente gosto de falar, nós não estamos mudando para esses países e dizendo: “vamos mostrar para vocês como deve ser feito. “ Nós estamos indo aos países porque em todos eles há especialistas, que sabem que o sistema é errado, mas não tem o dinheiro e a influência, eles não estão conectados com o tipo de pessoa que podem ajudar a mudar o sistema. Nós podemos ir e ajudá-los, então é o que fazemos. Nós vamos e tentamos efetuar a mudança.

Nós também fazemos coisas do tipo – digo, nós damos atendimento médico urgente para crianças que achamos em péssimas condições e etc. então são muitas etapas, e a outra coisa que fazemos é advogar, então nós trabalhamos com a ONU e a União Europeia para mudar as políticas, para impedir que esse seja o procedimento base quando desastres acontecem.

E: Eu acho que li que todo ano, particularmente nesse país [os EUA], milhões de dólares são doados para orfanatos.

Jo: Isso mesmo. Eu tenho essas notas porque quero dizer as coisas certas – porque normalmente eu apenas invento as coisas que vem na cabeça, como quando as pessoas dizem “quantos elfos domésticos trabalham nas cozinhas de Hogwarts? “E eu só [gesticula]. Mas isso é bem importante – eu não estou dizendo que elfos domésticos não são importantes, eles claramente foram grandes na minha vida, eles significam bastante para muitas pessoas…

Mas eu quero fazer isso direito porque é importante. Então, essa é uma figura incrível: esse é quanto os americanos dão anualmente para caridade – quão incrível são os Americanos? – a resposta é $375 bilhões. Então eu digo que isso é fenomenal, isso é fenomenal e só aquece o coração de quem pensa nessa generosidade. Agora, esse dinheiro foi doado na melhor das intenções. Não há uma pessoa aqui hoje, eu sei, de qualquer idade, que não quer ajudar uma criança. É um instinto humano que todos nós temos.

Nós sabemos que esse dinheiro levou muitas crianças que não precisavam a ir para orfanatos – bom, nenhuma criança precisa estar em orfanatos. Mas nós sabemos que isso criou um drive in*. E, então o que eu gostaria, mesmo se você nunca mais nos der um centavo – e estou muito agradecida com o que vocês nos deram essa noite, nós sempre seremos capazes de usar o dinheiro bem eficientemente porque essas crianças têm necessidades complexas.

Mas mesmo se você nunca mais nos der um centavo, e você só sair daqui e explicar para pessoas que doar para orfanatos ou ser voluntário neles está muitas vezes ajudando pessoas corruptas a ganharem dinheiro, e se você der seu dinheiro para serviços na comunidade pode ajudar dez vezes mais crianças. Só checando minhas notas – dez vezes mais crianças.

E: Você mencionou o Haiti – que está obviamente nas nossas mentes agora.

Jo: Está, grandemente, em nossas mentes. Muito na minha mente porque, nós sabemos e eu tenho mais pessoas aqui, essas são novas pessoas para mim, porque obviamente houve uma catástrofe recente lá. Então nós sabemos que há 30,000 crianças institucionalizadas, e a mesma estatística que eu continuo mencionando ainda se aplica: a quantidade esmagadora dessas crianças tem pelo menos um pai, e essas são as famílias que os meios de subsistência foram apagados, essas são famílias que estavam tão desesperadas que eles pensaram que essa era a única maneira de manter seus filhos vivos. O que é uma coisa extremamente triste para mim e eu sei que também será para você.

Há muita corrupção no Haiti, e nós sabemos que há pessoas chamadas de “procuradores de crianças” – não cuidadores de crianças – esses procuradores estão por aí convencendo os pais a dar suas crianças para orfanatos, e fazendo muitas promessas sobre o que eles podem fazer por aquela criança em termos de cuidado e proteção. E essas crianças não estão recebendo cuidado e proteção – pelo contrário.

Nós sabemos que muito tráfego de criança vem acontecendo, e também sabemos que para cada criança em um orfanato no Haiti, atualmente cada criança está atraindo o valor de seis mil dólares de ajuda estrangeira, e é por isso que está se tornando um negócio. Então pessoas com as melhores das intenções estão dando dinheiro, e eu acho que eles podem ficar horrorizados se verem o que está acontecendo. Então o que eu estou dizendo é, pelo amor de Deus não pare de doar dinheiro, mas doe certo. Doar para ONGS que estão trabalhando para dar o sustento das pessoas de volta e para ajudar comunidades, não instituições.

E: E o furacão Matthew agravou isso…

Jo: O furacão Matthew foi, como nós sabemos, um pesadelo: meio milhão de pessoas perderam seus empregos, nós temos 900 mortos e teremos – a não ser que intervenhamos da maneira certa – continuar a ajudar esse sistema prejudicial. E eu vou dizer isso porque eu gostaria que vocês soubessem, que eu coloco meu dinheiro onde minha boca está: eu doei um milhão de libras semana passada para o Haiti ajudar serviços nas comunidades. E eu não estou dizendo isso por essa razão – eu ainda tremo quando digo isso – porque eu não estou dizendo isso por esta razão. Eu estou dizendo que não estou pedindo para alguém dar dinheiro onde eu não estou dando, mas o Haiti foi uma catástrofe particular e eu queria dar fundos extra para o Haiti através da Lumos, porque a Lumos está lá agora ajudando na mudança, e cuidando das crianças nessas instituições.

E: E recentemente Bonnie Wright e Evanna Lynch – Gina Weasley e Luna Lovegood nos filmes de Harry Potter – que nós amamos! E eu acho que Bonnie está aqui nessa noite – mas elas duas são embaixadoras da Lumos incrivelmente dedicadas, que visitaram o Haiti, e não apenas viram as condições horríveis mas também solução que nós estamos falando com Jo e nós temos um video dessa viagem aqui:

E: Essas imagens são bem poderosas…

Jo: Elas são, mas sabe… nós estamos obviamente fazendo bastante trabalho na América Latina agora, e é uma área que tem problema com a institucionalização. Mas estamos bem esperançosos na Lumos que nós podemos alcançar um ponto de inflexão em mais ou menos cinco anos, quando nós poderemos mudar a política. Nós estamos esperançosos que em 2035 – se conseguirmos os fundos – nós poderemos parar a institucionalização na América Latina. Nós acreditamos nisso.

E: Então é solucionável?

Jo: É solucionável. Soa esmagador quando pensamos naquele número de crianças, e a complexidade – eu não estou negando que as soluções são complexas. Mas a Lumos está trabalhando com especialistas na área. Eles sabem o que estão fazendo, eles sabem como fazer funcionar, e o que eles precisam é de dinheiro e apoio. Uma última coisa que eu diria – particularmente para os jovens na plateia hoje – eu repetirei: nós precisamos mudar mentes.

Nós precisamos mudar mentes, porque enquanto as pessoas estão colocando dinheiro nesses orfanatos e enquanto pessoas estão se voluntariado, muita corrupção nasce ao redor dessas instituições. Há um senso que nós temos, as melhores intenções, ajudando algo que é muito prejudicial. Aquelas crianças precisam estar com suas famílias, e se elas não podem estar com as famílias, cuidado adotivo ou adoção, ou apoiadas em unidades do estilo de pequenas famílias, são as melhores alternativas possíveis.

E: O que nós podemos fazer? Nos diga o que podemos fazer!

Jo: Eu acho que há duas partes, como eu disse então número um, eu vou primeiramente dizer que eu não poderia ser mais agradecida a vocês esta noite. Vocês já fizeram muito ao arrecadar dinheiro para nós e obrigada, obrigada. Então cinquenta por cento do que você pode fazer: se quiser colaborar conosco, eu estarei sempre em dívida com vocês.

A outra metade é, se todos que estão aqui hoje saíssem e disserem: “eu entendo o problema! Eu sei que a institucionalização é errada, e no futuro quando eu doar, quando eu ouvir um amigo doando, e dizendo que eles querem doar dinheiro no Natal, eu vou dizer “não os orfanatos. ““ mas olhe, se você quer dar para uma criança no mundo em desenvolvimento, olhe para serviços de comunidade. Nós não somos a única ONG que trabalha na área, nós somos uma de muitas, então pesquise um pouco e tenha certeza que você está apoiando famílias a ficarem juntas.

E: Nós vamos espalhar a palavra, nós vamos espalhar a palavra. Esse é o nosso trabalho, espalhar a palavra. E eu tenho que dizer, sabendo tão pouco antes, é uma coisa extraordinária e complicada, mas como você diz, solucionável. E você deve estar incrivelmente orgulhosa do trabalho que a Lumos vem fazendo.

Jo: Eu estou – é provavelmente a coisa da qual eu mais me orgulho.