Animais Fantásticos e Onde Habitam

Dan Fogler discute sobre a natureza de seu personagem em nova entrevista

Em entrevista exclusiva ao fã-site Snitch Seeker, o ator Dan Fogler falou mais sobre interpretar um personagem no-maj no mundo bruxo e discutiu a respeito da natureza triste de seu personagem.

“Fogler deu pistas de que as coisas podem ser cruéis para o padeiro No-Maj, já que Jacob, de acordo com o ator, foi planejado para ter um fim de “palhaço triste” e não ficar no Mundo Bruxo por muito tempo. Talvez isso não seja verdade, já que J.K. Rowling deu pistas indicando que Jacob aparecerá nas sequências dos filmes que virão.”

Leia a entrevista completa com Dan Fogler na extensão da notícia.

A entrevista é a segunda de quatro que estão sendo publicadas pelo fã-site Snitch Seeker durante finais de semana até a estréia de “Animais Fantásticos e Onde Habitam”. O site teve a oportunidade de visitar os sets de filmagem do longa e entrevistar os atores e a equipe do filme.

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Dirigido por David Yates e produzido por David Heyman, “Animais Fantásticos e Onde Habitam” marca a estréia de J.K. Rowling como roteirista e chega aos cinemas brasileiros em 17 de novembro em IMAX e 3D.

Ator de “Animais Fantásticos”, Dan Fogler, fala sobre os laços entre Jacob e Newt, “palhaço triste”, e mais
Snitch Seeker – 29 de outubro de 2016

Traduzido por Caroline Calzolari em 30/10/2016
Revisado por Caroline Dorigon em 31/10/2016

Na última entrevista no set de “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, o ator Dan Fogler começou explicando como há beleza e importância em ser o personagem principal sem poderes mágicos, já que ele interpreta o No-Maj Jacob Kowalski, o mais novo melhor amigo do protagonista magizoologista, NewtScamander.

Em Dezembro de 2015, nos estúdios de “Animais Fantásticos” em Leavesden, Fogler – que era um dos dois membros do elenco os quais SnitchSeeker e outros repórteres encontraram vestidos dos pés à cabeça como seus personagens, já que ele tinha uma cena noturna para filmar em um zoológico com Eddie Redmayne mais tarde naquele dia – conversou muito sobre a amizade próxima de Jacob e Newt, como ele encontrou a si mesmo no meio de criaturas mágicas, e seu crescente relacionamento com Queenie Goldstein.

Fogler deu pistas de que as coisas podem ser cruéis para o padeiro No-Maj, já que Jacob, de acordo com o ator, foi planejado para ter um fim de “palhaço triste” e não ficar no Mundo Bruxo por muito tempo. Talvez isso não seja verdade, já que J.K. Rowling deu pistas indicando que Jacob aparecerá nas sequências dos filmes que virão.

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Então, seu personagem é o primeiro Trouxa ou No-Majque vemos em um papel com algum destaque. Bem, os Dursleys não foram bons representantes. É empolgante para você? Expandir a franquia, conhecer… Qual é a perspectiva disso tudo de um humano sem magia?

DAN FOGLER: Certo, certo. Eu meio que comparo isso com “Sonho de um Noite de Verão”. Sabe, ele é um padeiro, um mecânico sem educação, um rapaz normal. E então descobrimos que ele não é um cara tão comum assim. A medida que tudo acontece, percebemos que ele é realmente único. Porém, assim como Bottom, ele brinca na floresta com Titania e as fadas. Ele tem a chance de fazer papel de herói, de protagonista romântico e de louco da comédia. Pois é.

O que você acha que seu personagem tem que o possibilita se adaptar tão facilmente neste mundo? Porque muitos No-Majs correriam para longe se vissem o que está acontecendo…

DAN FOGLER: Ele é incrivelmente otimista e eu acho ele voltou da Primeira Guerra Mundial, então ele viu monstros, ele viu caos, ele está dessensibilizado nessa questão. Além disso, ele é o tipo de cara leal, super leal. Então eu acho que quando ele estava na Guerra, eles lhe davam uma ordem e ele simplesmente a cumpria. Não importa qual ou o quão ridícula fosse, ele a cumpria.

Ele focava, colocava sua força nisso e simplesmente cumpria a ordem, não importando o quão difícil fosse. Então você traz esse personagem, que é um cara amável e que passou por situações infernais, que não tem ninguém e de repente ele tem essa família de integrantes variados. E no início ele pensa estar sonhando. Ele não consegue acreditar que (risos) nada daquilo está acontecendo e devagarinho percebe, uau, ele não é normal. Isso é real, sabe. E acho que ele é um cara tão leal que não importa o que aconteça com essas pessoas – não importa o quão mágico, fantástico ou ridículo – ele simplesmente ficará com eles até o fim, sabe.

Parece que você tem muito conhecimento sobre o passado do seu personagem. Você conversou com David Yates ou J.K Rowling sobre isso ou é só algo com o que você pessoalmente se identifica?

DAN FOGLER: Quando li (o roteiro) pela primeira vez, sabe, (a história) se passa em Nova Iorque, nos anos 20, isso é algo que eu já… Se eu pudesse fazer um filme,eu iria adorar fazer (risos) um filme em Nova Iorque nos anos 20 e meu bisavô era padeiro então sinto que estou basicamente fazendo o papel de alguém que poderia ser meu antepassado. E ele é um clássico Joseph Campbell,arquétipo. Ele é um padeiro, como um padeiro de qualquer conto de fadas.

Ele é o cara que tem que lidar com as bruxas e os lobos. Eu fiz “Caminhos da Floresta” quando estava no ensino médio. Esse poderia ser um belo filme preto e branco, então colocamos muito de Abbott, Costello e Chaplin, muitas homenagens a esses grandes personagens em preto e branco. E a Cagney que fez o papel de Bottom. Então eu peguei todas essas coisas diferentes e as coloquei no personagem. Desde o primeiro dia eu disse tipo, essa é minha interpretação. Espero que gostem. E eles gostaram.

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Notei que sua gravata está cortada. Essa é uma marca do personagem?

DAN FOGLER: Essa é nossa homenagem ao “O Gordo e o Magro”. Eu acho que ele tinha uma gravata assim e só conseguimos vê-la uma vez durante todo o filme. Meu colete abre mas, sabe, eu não fui pego pela boca por uma criatura mágica ou algo assim…

O que pode dizer sobre sua dinâmica com os outros personagens e o que você realmente acrescenta ao grupo?

DAN FOGLER: Eu vejo como sendo a história da origem de Sherlock e Watson. Que também é uma dupla clássica e icônica. É como Dom Quixote e Sancho Pança. Está sendo inspirada nesses exemplos clássicos e icônicos. Eddie chega como um peixe fora d’água. Ele é o único personagem britânico em Nova Iorque no filme… um dos únicos. Ele é muito cerebral, sabe, como Charles Darwin com todas suas pequenas e grandes criaturas com as quais está lidando. E eu sou o trabalhador que conhece as ruas.

Nós equilibramos um ao outro nesse sentido. Eu, obviamente, trago a comédia. Há muito coração. Ele entra forçado nesse mundo e se apaixona por ele. Mas ele não pode ficar. E isso é de partir o coração. Eu amo personagens assim. Palhaços tristes. Você pode interpretar de tudo, sabe. Todo o espectro de emoções em apenas um. Não se pode pedir por nada melhor sendo um ator.

Parece que há muita tensão entre os No-Majs e os bruxos nesse filme. E o seu personagem, você acha que é possível ele equilibrar os dois mundos ao invés de ser dividido por eles?

DAN FOGLER: Certo. Bem, ele esteve longe e agora está de volta. E eu acho que ele é tão criança de coração que ele não vê a magia como algo muito sério. E sim, em Nova Iorque o clima é de não querer misturar os No-Majs com os bruxos e bruxas. Se isso acontecer, toda a coisa se desfaz. É uma situação muito delicada e eles estão constantemente tentando escondê-la dos trouxas, os No-Majs. Eles levam isso muito à sério. O MACUSA reprime qualquer feito mágico que acontece ao redor da cidade. Então, quando eu apareço, sou mordido por uma dessas coisas.

É isso a marca em seu pescoço?

DAN FOGLER: É isso a marca em meu pescoço. E eu acho que nenhum No-Maj jamais foi mordido por uma dessas criaturas. Então eles estão tipo, o que acontece agora? Ele vai morrer? Eles se sentem muito responsáveis por mim no início, porque eles estão muito preocupados comigo. (risadas) E com meu bem estar, o que é muito bacana. Então eles me arrastam em sua aventura e ao longo dela eu provo ser um indivíduo muito útil. Eu os ajudo a recapturar essas criaturas. E, sabe, com frequência vêm boas ideais que os tiram de situações complicadas. Por isso, ao longo do filme, eles se tornam amigos.

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Há alguma criatura em específico que seu personagem ou gosta muito, ou tem muito pavor, além da criatura que o morde?

DAN FOGLER: Sim, ele se torna muito amigo do Seminviso. Eu acho que o Seminviso é bem difícil de ser capturado porque pode prever o futuro. Então você tem que ser muito imprevisível para pegá-lo. E por alguma razão há algo na natureza de Jacob que o deixa sentir que não sou uma ameaça. Há momentos muito doces onde tudo está um caos e coisas estão pegando fogo e o Seminviso olha para mim e eu digo “Vem aqui garoto, está tudo bem!”. Eles são fofos.

Há uma cena no filme na qual uma criatura imensa meio elefante, meio rinoceronte está descontrolada. Estamos tentando atraí-la de volta para sua jaula com uma essência de hormônio e eu derramo tudo em mim. Corta a cena e você vê essa criatura enorme tentando ficar comigo. Isso foi bem assustador.

Como é não apenas fazer parte do universo e mundo Harry Potter, mas também trabalhar com alguns dos cineastas que, para começo de conversa, criaram e construíram esse mundo?

DAN FOGLER: Eu fui ao museu. O lugar é épico. Você vê que David Heyman e David Yates estão nos vídeos e você vê uma imensa força de vontade e então percebe o quão todos são incrivelmente legais. E quando se tem tanto sucesso, você pode se dar ao luxo de ser muito (risadas) legal com as pessoas. É um ambiente de trabalho realmente maravilhoso. David Yates é fantástico. Ele simplesmente é… ele não tem ego, é totalmente humilde e aberto a sugestões e usa muitas delas.

E eu não estou acostumado com isso em uma produção, sabe, grande… Essa é a maior coisa na qual já trabalhei, mas com coisas com efeitos especiais, aceitar sugestões de alguém quando o assunto é efeitos especiais, sabendo todo trabalho que dá… E eles são tão receptivos. Tudo se transforma em um grande parquinho e todos se sentem tão seguros em participar. E, sabe, ele está fazendo um malabarismo tão grande e faz isso tão graciosamente. O melhor cenário está acontecendo agora.

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Você falou sobre algumas cenas filmadas com criaturas fantásticas, imaginárias… Qual é o seu segredo para uma cena de fundo verde convincente ou uma cena imaginária onde não há nada lá, quais são seus truques?

DAN FOGLER: É muito simples, apenas quatro anos de escola de atuação… e muito teatro experimental. Apenas assistir “Uma Cilada Para Roger Rabbit” várias e várias vezes. Quando se está fazendo teatro, muito é apenas imaginar que as coisas que não existem estão lá. Você tem que ficar muito bom em dar a sensação de peso, distância e velocidade e é uma doideira. É como estar fazendo física invisível em sua cabeça. Mas, sim, você tem que praticar muito isso.

Uma curiosidade, seu personagem tem sotaque?

DAN FOGLER: Tem, ele meio que tem um sotaque do Brooklyn. Quer dizer, é bem parecido com o que estou fazendo. Não, espera, esse sou eu. Eu estou forçando um pouco o sotaque dele no filme mas eles me ouviram falar no primeiro dia e disseram “Gostamos disso”.

Houve algum ator ou personagem de filmes antigos ou recentes no qual você pode dizer que se espelhou ou se inspirou para esse papel?

DAN FOGLER: Sim, definitivamente há momentos de Lou Costello. Há definitivamente momentos de Cagney e esses caras possuem muitas características do Brooklyn, sabe? Quem mais? Chaplin não fala. Bem, ele fala em “O Grande Ditador” mas… não, apenas esses caras mesmo.

Certo, pode nos falar qualquer coisa sobre o relacionamento entre seu personagem e Queenie?

DAN FOGLER: Sim, é amor à primeira vista. Ele a vê e ele não sabe se é por causa da magia no ar ou se há algo nela dizendo que eles foram feitos um para o outro mas, sabe, eles não tem permissão para ficarem juntos.