Jim Kay fala sobre novas ilustrações da série Harry Potter
Por Aline MichelEm nova entrevista, o ilustrador Jim Kay fala sobre como se sentiu ao ser escolhido para ilustrar os livros da série “Harry Potter” e revela as fontes de inspiração para algumas de suas ilustrações.
“Minha primeira reação foi ‘pra que fazer isso?’”. Eu amei os filmes – eles foram tão belos e, para mim, Daniel Radcliffe era Harry Potter”.
A entrevista completa já foi traduzida por nossa equipe e você pode conferir clicando em notícia completa.
Lá você também poderá conferir algumas ilustrações do livro “Harry Potter e a Câmara Secreta”
“Harry Potter e a Câmara Secreta”, novo livro ilustrado por Jim Kay já está em pré-venda e será lançado no dia 4 de outubro de 2016.
Desculpe Daniel, há um novo Harry em Hogwarts: O artista Jim Kay revela seu pânico depois de pedirem para que ele ilustrasse novas edições dos clássicos de J.K. Rowling
Event Magazine – Cole Moreton
Traduzido por Rodrigo Cavalheiro em 25/09/2016
Revisado por Caroline Dorigon em 26/09/2016
O artista Jim Kay estava “aterrorizado” quando J.K. Rowling o escolheu para ilustrar um belíssimo novo conjunto de livros do Potter. Até que ele encontrou seu herói perfeito… sentado de frente para ele no metrô.
Dar um novo rosto a Harry Potter? Reinventar todo seu mundo? Esse deve ser o maior desafio para um artista desde que Michelangelo olhou para o teto vazio da Capela Sistina. Não houve nenhuma surpresa no fato de que o ilustrador Jim Kay ficou aterrorizado quando J.K. Rowling surpreendentemente o escolheu para criar elaboradas novas edições ilustradas de seus sete livros imensamente populares de Harry Potter.
“Tive ataques de pânico toda noite durante semanas”, diz Kay, que sonhou com um visual completamente novo para Hogwarts, Harry e alguns dos personagens mais amados da literatura infantil – sem falar da maior franquia cinematográfica do tipo na história.
“Minha primeira reação foi ‘pra que fazer isso?’”. Eu amei os filmes – eles foram tão belos e, para mim, Daniel Radcliffe era Harry Potter”.
Não mais. Pelo menos na versão dos livros de Jim Kay. Harry é baseado em um garoto chamado Clay de Lake District que ele descobriu se balançando nas barras de um trem do metrô em Londres.
“A mãe dele estava sentada ali, conversando com ele. Eu tinha duas estações antes de descer na Euston para convencê-la de que eu não era um esquisitão”.
Kay disse a ela que era um ilustrador procurando um modelo, mas não poderia dizer no que ele estava trabalhando, pois era um segredo. A mãe de Clay procurou por ele online depois e, contra todas as expectativas, ligou para o agente dele. Kay agora se encontra com Clay “por alguns minutos por ano”, para fotografar como ele está crescendo. “Para mim, ele se parece ainda mais com Harry agora do que quando o conheci”.
Os livros venderam 400 milhões de cópias, mas os filmes ganharam quase 8 bilhões de dólares de bilheteria e definiram Harry e seus amigos para gerações de espectadores. Não há dúvidas de que Kay tenha sentido a pressão quando começou, quatro anos atrás.
“Nas primeiras seis semanas fiz um monte de porcaria, porque eu estava desenhando com essa ansiedade frenética sobre o maior trabalho que eu já tive”, diz Kay, um cara tímido e autodepreciativo que trabalha em um estúdio nos fundos de sua casa em Kettering, Northamptonshire.
“Achei que o primeiro livro que fiz foi um desastre. Antes dele ser publicado, eu disse para meu agente ‘Vamos devolver o dinheiro. Há tantos fãs de Harry Potter, como é possível agradá-los’? Fiquei muito nervoso e achei que tinha feito tudo errado”
Longe de ser um desastre, sua recriação de “A Pedra Filosofal” foi um grande sucesso – vendendo mais de um milhão de cópias – e Kay recebeu possivelmente o maior elogio de todos em uma carta da própria J.K. Rowling.
“Ela realmente gosta deles. Disse que estava lendo-o com seu filho mais novo, que agora tem a idade certa para começar a jornada de Harry Potter, então Jo está usando o livro com minhas ilustrações, eu acho. Não consigo pensar em um elogio melhor”.
Trabalhar em Harry Potter é uma revanche para Kay, que abandou a carreira de ilustrador depois da universidade por não conseguir ganhar dinheiro com ela.
Ele desistiu de desenhar por mais de uma década, tornando-se arquivista no Tate Britain e no Jardim Botânico Real em Kew – perfeito para alguém que ama plantas, flores, aranhas, insetos e bichos rastejantes. Mas então um amigo o desafiou a montar uma exibição, um agente viu o que ele havia feito e ele foi convidado para ilustrar “O Chamado do Monstro” de Patrick Ness, um maravilhoso conto assustador que foi lançado em 2011 e fez com que autor e ilustrador ganhassem a Carnegie and Greenaway Medals por um livro infantil maravilhoso.
De repente, Kay era famoso, embora alguns tenham dito que seu trabalho era muito assustador e ele ficou petrificado quando a equipe de Rowling ligou.
“Eu não havia desenhado crianças antes. Ou nada remotamente animado ou alegre”.
Ele agora tem trabalhado duro nisso por quatro anos, com muitos mais por vir.
Sua versão do segundo livro, “Harry Potter E A Câmara Secreta” está para ser publicado, apresentando releituras de Harry em uma vassoura, Hermione e Hagrid, sem falar de Dobby, o elfo doméstico e Aragogue, a aranha gigante.
Kay baseia seus personagens em pessoas que ele conhece ou viu na rua. A nova Hermione, por exemplo, parece com sua sobrinha Milly. “Ela está sempre me dando sermões, brigando comigo”.
Ele lamenta ter deixado a editora lançar um rascunho brusco de Clay como Harry, que atraiu alguns comentários hostis. “O primeiro que eu vi dizia ‘o que ele fez aqui foi um desenho de Anne Robinson’”.
A única imagem que a editora recusou até agora foi um retrato de Voldemort, inimigo de Harry, no primeiro livro. “Eu mostrei Voldemort tirando o turbante, com uma boca de tubarão. Ele tinha fileiras e fileiras de dentes. Eles acharam muito assustador. Tudo o que você vê agora são os olhos dele”.
Toda a comunicação com Rowling acontece pelo correio e Kay fica feliz com isso. “Ela é muito reservada, assim como eu e minha parceira. Somos tímidos. Eu não consigo imaginar como ela lida com a adulação e a atenção. Recebo cartas das pessoas, mas eu recebo pouquíssimo perto do que ela deve receber e já acho muito difícil”.
Ele tem outras razões para se manter distante, também. “Se eu a encontrasse, isso se tornaria muito mais difícil. Quando você trabalha na sua própria sala, você pode esquecer que alguém um dia vai ver seu trabalho, mas toda vez que Jo aparece no noticiário eu penso ‘Meu Deus, é de verdade. Eu realmente estou desenhando Harry Potter!’”
“O único jeito que encontrei para fazer isso é fingir que é um livro que eu escrevi, assim posso relaxar. Sem ofensa a J.K. Rowling. Você tem que dizer ‘Estou construindo um mundo do nada’. Caso contrário, seria impossível”.