Potterish

J.K. Rowling escreve crítica musical

Na última semana, a escritora J.K. Rowling foi a convidada do Ruth and Martin’s Audio Club, um blog especializado em escrever resenhas de álbuns já aclamados pela crítica por convidados especiais.

O blog possui apenas quatro regras: toda semana um convidado é escolhido e este convidado deve escolher um CD aclamado pela crítica, explicar o motivo de nunca ter ouvido esse CD, deixando claro quaisquer preconceitos e depois, ouvir esse CD pelo menos três vezes, e depois explicar se valeu a pena ou não.

Na semana 75, a convidada foi J.K. Rowling, que escreveu uma resenha do CD homônimo da banda Violent Femmes, lançado em 1983. A escritora, muito além de resenhar o álbum, também falou sobre sua vida na época do lançamento do disco.

O texto já foi traduzido pela nossa equipe e pode ser lido clicando em notícia completa.

Semana 75 – Violent Femmes, do Violent Femmes
Ouvinte convidada – J.K. Rowling
Ruth and Martin’s Audio Club

Traduzido por: Rodrigo Cavalheiro em 24/09/2016
Revisado por: Kätrin Baumgarten em 25/09/2016

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Quem é J.K. Rowling quando ela está em casa?
Eu escrevo romances e roteiros. Para algum alívio básico, eu entro em discussões sobre política no Twitter.

Top 3 álbuns de todos os tempos de Jo?

  1. Revolver, The Beatles
  2. Broken English, Marianne Faithful
  3. Muda diariamente. Ontem era White Light, White Heat dos Velvet Underground. Hoje é Hozier, dos Hozier

Que ótimo álbum ela nunca escutou antes?
Violent Femmes, do Violent Femmes.

Lançado em 1983

Antes de falarmos com Jo, aqui está o que Martin acha de Violent Femmes
Eu estava falando com meu amigo Ben sobre esse álbum outro dia.

“Você sabia que a maioria dessas músicas foram escritas por uma criança na escola?”, eu perguntei.

Ele não sabia.

Assim como a maior parte das pessoas normais, ele provavelmente achou que um dos melhores álbuns de estreia existentes foi escrito por um adulto – alguém amadurecido e que deletou todos seus rascunhos adolescentes. Por exemplo, quando Kurt Cobain estava no ensino médio, o melhor que ele conseguia fazer era uma música sobre Spam.

Ainda assim, Gordon Gano, futuro vocalista líder e compositor da The Violent Femmes, de alguma maneira, conseguiu fazer algo incrivelmente raro – ele criou o retrato perfeito de ser adolescente, por um adolescente.

Ben e eu falamos sobre isso. A pura loucura de escrever músicas na escola, sentado no fundo da sala, ou entre a lição de casa e o treino de futebol. Quais são as chances de serem boas? Se Gano pode escrever Blister in The Sun na escola, quão boas eram suas redações de inglês?

“Com certeza ele era a criança mais popular da sala?”, Ben diz. “É tipo Ferris Bueller, o álbum!”

Eu vejo o motivo disso, mas ele está errado. Porque todo mundo ama Ferris e toda a escola fica louco por ele porque ele curte a vida adoidado. Eles até fazem um filme sobre isso.

Não, esse não é “Ferris Bueller, o álbum”.

Ben tenta de novo.

“Você está certo, é mais como um álbum feito pelo seu amigo Cameron – o esquisito”.

Eu não digo a Ben que ele está errado de novo porque, francamente, ele vai continuar tentando com as comparações com Curtindo a Vida Adoidado antes de começar com Diário de um Banana, provavelmente. Então eu rio e apenas concordo.

“Sim, é como se Cameron fizesse um álbum”.

Mas não é. Porque Cameron pelo menos tinha Ferris e Ferris é a criança mais popular do mundo.

Gano, por outro lado, não tem ninguém, então acaba escrevendo coisas como –

“And I’m so lonely
I just don’t think I can take it anymore
And I’m so lonely
I just don’t know what to do
And I’m so lonely
Feel like I’m gonna crawl away and die
And I’m so lonely
Feel like I’m gonna
Hack hack hack hack it apart”

(“E eu estou tão sozinho
Eu apenas penso que não aguento mais
E eu estou tão sozinho
Eu apenas não sei o que fazer
E eu estou tão sozinho
Parece que eu vou me arrastar para longe e morrer
E eu estou tão sozinho
Parece que eu vou
Cortá-lo, cortá-lo, cortá-lo em pedaços”)

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Avancemos alguns anos na vida de Gordon Gano.

O ano é 1981, ele arranjou alguns amigos e agora ele está se apresentando em troca de trocados do lado de fora de uma apresentação dos Pretenders em Milwaukee – cantando aquelas mesmas músicas que ele escreveu na escola. Não parece uma chave para o sucesso, mas nessa história se torna exatamente isso.

James Honeyman-Scott e Chrissie Hynde do The Pretenders passam pelo trio esfarrapado e ficam tão impressionados que, ao invés de oferecerem alguns dólares, eles oferecem uma parte no show deles naquela noite. Em menos de uma hora, eles vão da esquina para uma apresentação na frente de 2.000 pessoas.

É, sem dúvida, a performance de rua de maior sucesso da História.

Dali, eles conseguem um contrato com uma gravadora e no verão de 1982 eles vão para o estúdio gravar seu primeiro álbum – Violent Femmes. E a melhor parte é que eles não mudam NADA. São as mesmas músicas velhas, o mesmo som que eles faziam na rua, e a maioria do álbum é amplamente tocada usando apenas um violão acústico, um baixo acústico e um tarol.

Apenas na nona música, Gone Daddy Gone, eles fazem uma concessão ao fato de estarem em um estúdio e não mais na rua – eles usam um xilofone.

Tudo o que eles precisavam agora era da capa do álbum.

Entra Billie Jo Campbell, uma menina de três anos que descia a rua com sua mãe na Califórnia.

Um estranho se aproxima e pergunta para a mãe se ele pode fotografar sua filha para a capa de um álbum na qual ele está trabalhando e paga 100 dólares pelo privilégio. Ele então diz para a garota olhar para um prédio abandonado, onde ele garante que ela vai ver um monte de animais do lado de dentro. Então, sem posar ou sem saber o que estava acontecendo, ela fica na ponta dos pés e olha pela janela – tentando ver o que tinham prometido.

Depois de um tempo, ela sai da janela –

“Não há nenhum animal aqui”, ela diz.

E ela está certa, não há. Mas a essa hora, o fotógrafo já tem o que ele queria e vai embora.

Violent Femmes foi lançado no verão de 1983 sem muito mérito e baixas vendas iniciais. Quando ele foi gravado, Gordon Gano tinha apenas 18 anos.

Avancemos até 1989, para minha própria vida.

Tenho 18 anos e estou vagabundeando no The Venue em New Cross, um clube indie de uma era de ouro de antes do Red Hot Chilli Peppers lançarem Give It Away e estragarem tudo.

Nesta noite em particular, uma música que nunca ouvi antes toca – uma voz tênue e chorosas perguntando porque ele não pode ter APENAS UMA FODA! Imediatamente, ela corta pelo melodrama fofinho e gótico que estou acostumado e chama minha atenção.

A voz de novo – “NÃO HÁ NADA QUE EU POSSA DIZER QUANDO ESTOU NAS SUAS COXAS”.

Era exatamente o que eu queria – uma música sobre alguém que não conseguia transar, e, quando finalmente acontece, ele não consegue falar. Que cara de 18 anos vestindo um cardigã de segunda mão não se relaciona com isso?

Quando acabou, eu fui até o DJ.

“Que música você acabou de tocar?”

Add it Up do Violent Femmes”.

Obviamente, se uma situação assim acontecesse hoje eu poderia ter usado o Spotify no caminho para casa e ouvido a música sem parar. Mas isso era 1989, você não podia ouvir uma música quando quisesse. Então, confrontado com a perspectiva de esperar uma semana toda para a possibilidade de ouvi-la de novo, eu fiz a única coisa que podia – fui para uma loja de vinis no dia seguinte e entreguei £10,99 por um álbum baseado na força de uma música.

Era uma visão ótima, mas um som ainda melhor. A coisa toda, do começo ao fim, explodiu minha mente. A voz, a simplicidade das letras e o jeito que parecia, em alguns lugares, como um rascunho rebuscado cheio de anotações e pensamentos não terminados.

“Terceiro verso, igual ao primeiro”.

“8, eu esqueci para que o 8 era”.

Quem se importava para que era o 8? Eu não.

Ainda assim, por sua angústia e trivialidade, havia algo a mais que eu admirava. Parece estranho focar nisso agora, mas Violent Femmes foi lançado numa época em que os álbuns tinham lados que não podiam ser tocados aleatoriamente ou desorganizados. Você tinha que acertar na ordem e eu sempre achei, desde 1989, que ninguém tinha feito isso melhor que eles – 2 lados de 5 músicas onde as duas primeiras são rápidas, a terceira te acalma, a quarta te levanta e a quinta oferece um fim.

Simplesmente – você não pode colocar essas 10 músicas em nenhuma outra ordem e fazê-las melhor que ISSO.

Ele se tornou um arco, um álbum que eu não passava mais de seis meses sem ouvir desde que o encontrei em 1989. E, durante nossas férias neste verão, eu fiquei horrorizado por perceber que nem NÓS tínhamos falado sobre ele aqui!

Se não fosse por JK Rowling, eu prov

avelmente ainda estaria me socando repetidamente na cara.

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Avancemos uma última vez, para 1997.

Billie Jo Campbell, a garota na capa, agora tem 18 anos e o The Violent Femmes vagarosamente chegaram ao topo. Em vários momentos, em diferentes lugares, pessoas encontraram esse álbum que foi quietamente lançado em 1983 e agora vendeu milhões de cópias. Grosse Point Blank, uma comédia romântica, usa Blister in the Sun nos créditos enquanto Minnie Driver e John Cusak dirigem para a distância.

As músicas se infiltraram em um novo público, elas estão sendo tocadas em festas na faculdade e Billie Jo Campbell está ouvindo-as pela primeira vez.

Como ela se sente de ser lembrada de seu eu de três anos de idade e a fotografia que ela foi enganada a tirar? Como ela se sentiu quando isso voltou para ela com 18 anos?

É tentador pensar que ela seria como qualquer outro adolescente – simultaneamente energética e ansiosa sobre o que o futuro reserva. Se isso era verdade, então talvez ela tenha encontrado as mesmas qualidades no álbum que encontrei quando eu tinha 18 anos, a mesma idade que Gordon Gano tinha quando escreveu quando estava no ensino médio.

Quem sabe? O que sei é que Billie Jo Campbell decidiu fazer o que era a melhor opção para ela.

Ela se tornou uma grande fã do Violent Femmes.

Ela emoldurou a capa do álbum e colocou na sua parede.

Ela usou o fato de que ELA era a garota na capa para aumentar sua confiança e conhecer garotos.

E em 2008, ela casou com um deles.

Sobem os créditos.

Martin Fitzgerald (@RamAlbumClub)

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Então, vamos falar de você, Jo. Por que você não o escutou? O QUE HÁ DE ERRADO COM VOCÊ?????
Não tenho certeza como os Violent Femmes me escaparam. Eu fiz 18 anos no ano em que esse álbum foi lançado, mas estava obcecada com os Beatles na época. Das bandas contemporâneas que eu realmente amava, os destaques eram os Smiths e os Psychedelic Furs. Amava qualquer banda com um bom guitarrista. Eu mesma tocava guitarra, geralmente sozinha no quarto.

É possível que tenha ouvido os Violent Femmes mas esqueci. Eles poderiam facilmente ser parte de uma das aulas informais sobre música alternativa que havia recebido do diferentão que eu namorava no final da adolescência. Seus pais eram holandeses e nós ficávamos a maior parte do tempo na casa dele, porque eles nos deixavam fumar no quarto dele no sótão. Eu tenho memórias felizes do sol passando pelas frestas da madeira e anéis de fumaça e paredes cobertas em fotos em preto e branco que ele cortava da NME, enquanto os Dead Kennedys, Jah Wobble ou a Birthday Party tocavam alto nos alto-falantes. Tirando o fato de eu ter tido um par de peixinhos dourados com uma vida muito longa batizados por causa do Guggi e Gavin dos Virgin Prunes, eu nunca me converti totalmente às suas bandas preferidas. Por mais que eu o adorasse, eu não compartilhava a atitude do Namorado Diferentão para a música: o desprezo por tudo acessível e afinado, a desconcertante mistura de ironia e obsessão com a qual ele tratava seus favoritos e sua convicção de que se o rebanho odeia algo, essa coisa é quase certamente brilhante.

A NME era a bíblia do Namorado Diferentão e ela tinha um jeito durão com quase tudo comercial ou popular, falando sobre bandas no top dez com o desprezo que a maioria das pessoas guarda para pedófilos. Alguns Deuses de verdade poderiam ser perdoados pelo sucesso comercial, obviamente: pessoas como Bowie ou os Stones, mas alguém como Nik Kershaw poderia muito bem ser a Thatcher em pessoa, ao que interessasse a NME.

Quando os Stranglers lançaram “Feline” e ele chegou ao número 4 nos álbuns mais vendidos, um jornalista da NME ficou louco, reclamando sobre o fato de que pessoas que nunca tinham ouvido “Rattus Norvegicus” agora estavam se chamando de fãs dos Stranglers. Você quase podia ver as marcas de cuspe na página. (Eu comprei “Feline”. Eu não tinha “Rattus Norvegicus”.) E ainda me lembro vividamente de uma entrevista da NME com Gary Kemp do Spandau Ballet, uma banda que nunca gostei, mas eu admirei a audácia de Gary em falar com eles. A desaprovação do entrevistador por Gary e tudo que ele defendia alcançou um glorioso pico com a frase “esse bordel chamado sucesso”. Eu nunca fiz muito progresso discutindo sobre esse tipo de coisa com o Namorado Diferentão, então, depois de alguns amassos, eu ia para casa e ouvia “Rubber Soul”.

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Meu primeiro show e meu primeiro festival de música foram ambos com o Namorado Diferentão: Big Country no Dingwalls em Bristol, apresentando John Cooper Clarke, o poeta punk. Passamos meu aniversário de 18 anos no Elephant Fayre em Cornwall, pedindo carona desde o Sul de Gales. Contei alguma mentira gritante sobre como íamos chegar lá aos meus pais, provavelmente que o irmão mais velho do Namorado Diferentão ia nos levar. Depois de meia hora de pedir carona sem sucesso, lembrei que meus pais disseram que iam às compras mais tarde. Isso significava que eles podiam passar por nós, então eu me escondia cada vez que um Honda Civic passava.

Finalmente conseguimos uma carona, graças a Deus, então eu sobrevivi para aproveitar meu aniversário no Elephant Fayre. Armamos a barraca para duas pessoas perto de uma tenda cheia de rastas vendendo chá e baseados e vimos o Cure, que o Namorado Diferentão era estranhamente inclinado a ouvir, apesar do fato que eles estavam no topo das paradas de sucesso. A única outra apresentação que me lembro bem do Elephant Fayre é o Benjamin Zephaniah. Ele recitou um poema sobre ter apanhado pra caramba de um policial. Vinte estranhos anos depois, estávamos no mesmo time em um quiz literário infantil no Festival do Livro de Edimburgo.

Você já o ouviu agora, pelo menos 3 vezes, o que você acha?
Não pesquisei a banda ou o álbum no Google antes de ouvir, porque parecia trapacear, então eu sabia de praticamente nada sobre eles exceto que o álbum foi lançado em 1983. Quando disse a meu amigo Euan que álbum eu iria criticar, ele me garantiu que gostaria dele, mas seu álbum favorito é do The Cramps, então isso não foi muito reconfortante.

Querendo me concentrar, fui para fora, na minha sala de escrever no jardim, que tem um teto de madeira. Isso, por mais que não pareça, é uma informação relevante. Então coloquei o Violent Femmes e ouço o atraente riff do violão e penso “isso é ótimo! Eu vou amá-los! Vou comprar uma camiseta do Violent Femmes, comprar todos os álbuns e chatear todo mundo com minha nova obsessão!”.

Mas então o vocalista começa e tenho uma resposta imediata e visceral de “não, risca tudo, eu odeio isso”. A mudança de humor foi tão abrupta que minha mente fica vazia. Tento analisar por qual razão fui de gostar ao profundo ódio em questão de segundos, mas o melhor que posso fazer é “Ouvi vozes assim antes”.

Quando chego na sétima música, tudo o que consigo pensar é no cover de Nelly the Elephant do Toy Dolls. Não estou orgulhosa. Acho que isso diz mais sobre mim do que sobre o Violent Femmes.

Depois de ter ouvido todo o álbum uma vez, olho para o lugar onde eu deveria estar fazendo anotações e tudo o que escrevi foi: “seu agudo parece uma abelha num copo de plástico”, o que a escritora profissional em mim reconhece como “não são 500 palavras”. Carrancuda, adio uma segunda ouvida para o dia seguinte.

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Está chovendo na manhã seguinte e não quero me preocupar em ir achar sapatos, então não levo o álbum para a sala de escrever, mas fico na cozinha. Com um entusiasmo mínimo, coloco o álbum de novo.

Isso é estranho. O vocalista é na verdade, hm… bom. Onde foi o cara que ouvi ontem? Agora que não estou ocupada odiando-o, eu percebo todos os bons ganhos e como eles às vezes soam como uma maníaca banda de skiffle. Há um toque gostoso de slide guitar que soa como blues e um xilofone em “Gone Daddy Gone”. Além disso, quando ele meio canta e meio fala, Gordon Gano (eu olhei os créditos do álbum) soa um pouco como Lou Reed, e eu amo Loud Reed. Além de ser o vocalista, acontece de Gano ser o guitarrista pelo qual me apaixonei ontem.

Eu não consigo entender porque ele soou tão horrível para mim da primeira vez. Debaixo do meu teto de madeira, ele era a voz de todas aquelas bandas punk aprovadas pela NME que eu nunca gostei: nasal, chorosa e ousada. Hoje, sentado ao lado da chaleira, ele é cru, cativante e emotivo.

Apenas então, encarando minha caneca de chá, tenho a pequena epifania que você, leitor inteligente, viu chegando um quilômetro atrás. Ouvir o álbum que cheira 1983 em uma sala que guarda uma leve semelhança ao sótão de tanto tempo atrás foi um erro. Não era Gordon Gano o problema: era eu. Eu estava ouvindo com um namorado fantasmagórico de dezoito anos no meu ombro, e atrás dele, uma multidão de jornalistas da NME do começo dos anos 80 rosnando, todos prontos para zombar, porque mesmo que eu goste do Violent Femmes, vou gostar deles do jeito errado.

Então o Sol sai e levo o Violent Femmes através do gramado molhado para a sala de escrever, dizendo a mim mesma que não estamos mais em 1983, e isso é entre eu e o Violent Femmes, ninguém mais. Na terceira ouvida percebi que amei o álbum. Antes que percebesse, eu o estava ouvindo de novo e de novo. Só então me permiti olhar na página da Wikipedia deles.

Os Violent Femmes, leio, ‘foram uma das mais famosas bandas de rock alternativas dos anos 80, vendendo mais de 9 milhões de álbuns até 2005’. Sim, os Violent Femmes acabaram naquele bordel chamado sucesso, e sabe o quê? Isso só me faz gostar mais deles.

Você ouviria de novo?
Sim.

Uma nota até 10?
8.5/10

Nota do RAM – 9.5
Nota do convidado – 8.5
Média – 9