Seção Granger

Seção Granger: “Encrenca”, de Non Pratt

Na Seção Granger desta quarta-feira, 13, a nossa webmistress e estudante de Cinema, Marina Anderi, fala sobre “Encrenca”, escrito pela britânica Non Pratt e lançado este ano pelo selo Verus do Grupo Editorial Record.

“É divertido, com uma leitura fluida, e você realmente se preocupa com o que está acontecendo com os personagens. É um ótimo exemplo de como as aparências enganam e como colocar as pessoas em caixas altera a forma que elas veem si mesmas.”

Para ler o texto na íntegra, acesse a extensão do post.

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“Encrenca”, de Non Pratt
Resenha crítica por Marina Anderi

Hannah tem 15 anos e uma única amiga de verdade. Todo mundo na escola a vê como uma menina fácil, burra, sem futuro. E Hannah… está grávida. Então entra Aaron, o novo aluno, filho do professor de história e de quem ninguém sabe a origem, mas que é talvez a primeira pessoa que não a julga pelas coisas que ela já fez e se propõe a fingir ser o pai do bebê de Hannah.

Mas quem é o pai verdadeiro? E qual é a culpa que Aaron carrega que o faz ser tão solícito a Hannah? A premissa é certamente interessante.

O livro varia entre o ponto de vista de Hannah e Aaron, ainda assim mantendo os mistérios que os cercam. A forma de cada um narrar sua história é única, fazendo com que o leitor facilmente diferencie quem está falando, mesmo se não olhar o cabeçalho que informa isso. Saber o que os dois estão pensando a todo tempo enriquece o relacionamento, não deixando dúvidas do que sentem um pelo outro.

Os outros personagens da trama, por sua vez, realmente são só artifícios para aproximar os protagonistas. Tirando a melhor amiga e a família de Hannah, os colegas de escola não demonstram qualquer profundidade. Mas não sei se é algo a ser considerado como defeito. Até faz sentido: se todos na escola veem Hannah como um estereótipo de menina perdida na vida, por que ela não deveria fazer o mesmo com eles? E Aaron é uma pessoa tão fechada em si que talvez conhecer pessoas além do seu foco – Hannah – seria algo fora de cogitação.

Os mistérios que rondam os dois são, de certa forma, o ponto principal do livro… e decepcionam. É tanta construção para a revelação que, quando ela finalmente acontece, fica uma sensação de “Ah, era isso?”. Particularmente, o mistério de Hannah eu descobri nas primeiras 100 páginas; o livro, aliás, é inverossímil em algumas ações dela só para não revelar a identidade do pai de seu bebê, o que é bem desonesto. O mistério de Aaron então… Apenas não consigo chegar a uma conclusão diferente de “… sério?”.

Esse defeito, felizmente, não altera o sentimento geral do livro. É divertido, com uma leitura fluida, e você realmente se preocupa com o que está acontecendo com os personagens. É um ótimo exemplo de como as aparências enganam e como colocar as pessoas em caixas altera a forma que elas veem si mesmas.

307 páginas, Editora Record (Verus), publicado em 2016.
Título original: “Trouble”.
Tradução: Silvia M. C. Rezende.

Marina Anderi é estudante de Cinema na Universidade Federal de Pernambuco e chefe de tradução do Potterish.