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Magia do Cinema: “Como Eu Era Antes de Você”

Temos divulgado aqui e ali o filme “Como eu era antes de você”, pois, em seu elenco, conta com o ator Matthew Lewis, nosso Neville Longbottom em “Harry Potter”. Hoje (16) é sua estreia oficial nos cinemas brasileiros, apesar de no final de semana anterior terem ocorrido algumas sessões devido ao Dia dos Namorados.

Marina Anderi, estudante de Cinema e Audiovisual da UFPE e Webmistress do Potterish, admitiu em um tweet em nossa conta que chorou muito com o filme. Mas será que ela gostou?

“Se tem algo que o filme faz bem é demonstrar como Lou parece presa ao seu cenário. ‘Sua vida parece mais chata que a minha’, Will comenta após ela listar seus hobbies. Ela tem 26 anos e nenhuma perspectiva de mudança de futuro, e isso é algo que ela não parara para pensar até se deparar com a questão. Ela namora Patrick (Lewis) por 7 anos, e ele parece mais focado em seus planos de boa forma e maratonas do que na namorada. Não que ela dê muita atenção a ele. É algo conveniente para os dois. Matthew Lewis entrega um Patrick desatento, apaixonado por esportes e que só vê o quanto Lou está distante quando tem isso esfregado na sua cara. Não é um cara ruim, de forma alguma. Apenas… com prioridades desalinhadas.”

Para ler a crítica cinematográfica na íntegra, acesse a extensão do post.

“Como eu era antes de você”
Crítica cinematográfica por Marina Anderi

Louisa Clark (Clarke) é uma mulher de 26 anos que trabalha há 6 numa lanchonete perto do Castelo, o maior ponto turístico da pequena cidade onde mora desde que nasceu. Com o fechamento da lanchonete, ela fica sem emprego e logo entra em desespero, pois sua renda era muito importante em uma casa com um avô doente, um pai desempregado e uma irmã que abandonou a faculdade porque engravidou. Mas o filme não trata muito disso, não. O foco é o próximo emprego de Lou, como cuidadora de Will Traynor (Clafin), um homem que aos 33 anos sofreu um acidente que o deixou tetraplégico e agora, dois anos depois, só faz ficar em seu anexo e resmungar de tudo.

O figurino de Lou é o que chama atenção logo de cara: casacos grandes e chamativos com calças que não combinam de jeito nenhum; faixas de laço na cabeça, no pescoço, junto de um penteado quase princesa Leia. Ela é irreverente, não liga para o que outros pensam, ao mesmo tempo em que liga muito com a sua influência para com eles. Will, de roupas escuras, cabelo longo, barba por fazer e humor negro, é seu contraponto óbvio. Óbvio, também, que ao passar tempo juntos eles causariam mudanças um no outro. Will se arruma melhor, corta o cabelo e a barba e sorri mais. Lou continua com seus figurinos diferentes, mas mais maduros e seu cabelo passa a ficar solto.

Se tem algo que o filme faz bem é demonstrar como Lou parece presa ao seu cenário. “Sua vida parece mais chata que a minha”, Will comenta após ela listar seus hobbies. Ela tem 26 anos e nenhuma perspectiva de mudança de futuro, e isso é algo que ela não parara para pensar até se deparar com a questão. Ela namora Patrick (Lewis) por 7 anos, e ele parece mais focado em seus planos de boa forma e maratonas do que na namorada. Não que ela dê muita atenção a ele. É algo conveniente para os dois. Matthew Lewis entrega um Patrick desatento, apaixonado por esportes e que só vê o quanto Lou está distante quando tem isso esfregado na sua cara. Não é um cara ruim, de forma alguma. Apenas… com prioridades desalinhadas.

O filme corta muitas partes dos dramas de Lou, que ocorrem no livro, para focar no romance. Particularmente, acho isso certeiro. Pelo marketing do filme, o espectador não está indo ao cinema para acompanhá-la, mas sim o envolvimento entre os dois personagens principais. Apesar de isso aliviar o que ocorre no final, pois parece haver mais base, a resolução ainda é um grande problema. Comprometendo-me a uma crítica sem spoilers, deixo o link da resenha do livro feita por Renato Augusto Ritto, na Seção Granger, que discute essa questão muito bem.

Em suma, “Como eu era antes de você” diverte e emociona, mas nunca entrega a dose de complexidade que se espera conforme o filme vai desenrolando. O gosto de água com açúcar nunca sai completamente da boca e seu final parece mais uma traição que quer render lágrimas do que algo justo para a jornada desses dois personagens que se tornam tão queridos durante a trama.

P.S.: Tem Ed Sheeran duas vezes na trilha sonora. Isso é covardia. Fui obrigada a usar lencinho para secar minhas lágrimas.

Direção: Thea Sharrock.
Roteiro: Jojo Moyes.
Duração: 110 minutos.
Estreia: 16 de junho de 2016.

Marina Anderi é estudante de Cinema na Universidade Federal de Pernambuco e Webmistress do Potterish.