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Relembrando velhos amigos

Estamos num ano cheio de novidades para os fãs de Harry Potter, e a todo momento a série é relembrada por novos e antigos potterheads, em todo lugar. Por mais que a série tenha finalizado seus lançamentos há um tempo, impressiona a forma como ela continua a ser lida nos quatro cantos do mundo.

Nossa colunista Nilsen Silva vem hoje compartilhar conosco uma experiência que ela vem tendo nos últimos tempos. Você pode até já ter feito o mesmo, mas garanto que deve ler a coluna deste domingo, para conhecer a forma genial como a nossa colunista a expõe para nós.

“Vim aqui para compartilhar uma experiência que está sendo incrível… tão incrível que eu já temo o momento em que tudo terminar”.

Por Nilsen Silva

O homem sempre teve o costume de poetizar o passado e o futuro com ditados sobre felicidade e seguir em frente. Só olhe para o futuro se você souber lidar com o passado, alguns dizem. Não olhe para trás em hipótese alguma, outros aconselham. Até Martin Luther King arriscou um pensamento profundo sobre o assunto, afirmando: “Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito”.

Eles podem até estar certos. Ter a mente no futuro, fazer planos e sonhar com tempos melhores é sempre bom. Mas, não sei quanto a vocês, eu também adoro dar uma espiadinha no que ficou para trás.

Geralmente, gosto de olhar para o passado (infelizmente sem a ajuda de uma penseira) para ver como as coisas caminharam e foram para o devido lugar; como uma injeção de felicidade e calmaria que me faz pensar “ok, está dando tudo certo por enquanto”. Na verdade, acho que este é um hábito extremamente saudável e que deveria ser praticado por todo mundo. Um lembrete para quando as coisas estiverem ruins que pode dar ânimo suficiente para fazer tudo melhorar.

O engraçado é que muitas dessas incursões para o passado trombam com uma história que muitos de nós já sabemos de trás para frente. Sim, estou me referindo aos livros de Harry Potter, maravilhosamente escritos por J.K. Rowling.

Em meio a tantos acontecimentos turbulentos da minha adolescência, não é surpresa alguma ver que a minha grande fonte de escapismo ocupa boa parte das minhas memórias. Eu ainda era uma adolescente que gostava de bater um papo com os amigos, ir ao cinema, conhecer lugares novos, enfim. Mas uma parte de mim continuava ligada por um fio invisível ao que acontecia em Hogwarts, sempre me fazendo enxergar referências e semelhanças na vida real que poderiam muito bem acontecer no mundo bruxo.

Perdi a conta de quantas vezes desejei trocar tudo o que estava vivendo naquela época por uma estadia em Hogwarts. Até hoje penso nisso, na verdade. E quem pode me julgar?

Se alguém ainda não reparou, essa é mais uma coluna saudosista. Mas não se preocupem; não vou entrar em detalhes sobre como eu montava teorias, lia os capítulos tão rápido que alguma coisa sempre passava despercebida ou como tardes inteiras voavam enquanto eu ficava no meu reduto particular lendo página atrás de página, vibrando com as pequenas conquistas ou ficando com o peito inflamado por algum personagem detestável. Todos sentimos disso.

Vim aqui para compartilhar uma experiência que está sendo incrível… tão incrível que eu já temo o momento em que tudo terminar. O papo no começo da coluna sobre olhar para o passado tem tudo a ver com o que quero dizer aqui. Por muito tempo, Harry Potter fez parte do meu presente. Mas como crescer é inevitável e como não podemos controlar o tempo, tudo aquilo que vivenciei ao ler os livros acabou ficando para trás.

Porém, como sou incapaz de deixar o amor por essa série de lado, periodicamente me flagro revendo os filmes ou lendo meus trechos preferidos. Isso sem contar os inúmeros vídeos feitos por fãs na internet que já assisti. Agora, em 2015, decidi reler todos os livros e assistir aos respectivos filmes logo em seguida. E preciso dizer: esse projeto está sendo muito melhor do que eu imaginava que seria. São tantos detalhes que a mente apaga com o tempo… coisas pequenas, que a longo prazo não fazem diferença, mas que na hora são fundamentais e deixam o texto mais encorpado. São tantas pistas que ficam no caminho, tantos olhares dúbios, gestos a princípio incompreensíveis mas que vão se amarrando depois…

Já reli a saga inteira uma vez anteriormente, sem contar as leituras soltas dos livros entre os lançamentos. Não importa se eu já sei o que vai acontecer, não importa que eu fique contando os capítulos para rever a cena em que os centauros capturam aquela vaca da Umbridge ou para rir com a McGonagall soltando um comentário sarcástico. A sensação de reler tudo é tão boa que, às vezes, parece que é a primeira vez.

Se me perguntarem, é isso o que faz um livro verdadeiramente bom. Além da capacidade de permanecer no passado, mudar o presente e ter presença garantida no futuro.

Não sei quais são os planos de vocês para os próximos meses. Talvez vocês tenham decidido ler os livros de As Crônicas de Gelo e Fogo, finalmente terminar a última temporada de Breaking Bad, se empenhar mais na escola ou fazer exercícios físicos todos os dias. Se for isso, ótimo. Se seus planos forem outros, melhor ainda. Mas que tal aproveitar que 2015 é um ano cheio de novidades para os fãs e Harry Potter e reler os livros? Afinal, teremos funkos dos personagens, a estreia da série de Morte Súbita, J.K. Rowling está mais ativa no que nunca no twitter… Isso sem contar as novas edições do livro, que serão lançadas por aqui em 2016, e o filme de Animais Fantásticos e Onde Habitam.

Este é um ótimo ano para rever rostos conhecidos, rir das mesmas piadas e tentar enxergar personagens e acontecimentos com outros olhos. E, quem sabe… Talvez dessa vez você consiga produzir aquele patrono corpóreo que nunca passou de um fiapo de prata.

Caso queiram enviar um e-mail a Nilsen Silva elogiando a coluna de hoje, por favor não esperem uma resposta imediata – ela está chegando no trecho em que Pirraça expulsa Umbridge de Hogwarts a bengaladas.