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O dilema do preconceito com os fãs de Harry Potter

Você já foi vítima de risos e gracejos por ser fã de Harry Potter? Algum amigo ou colega já fez piada porque você, mesmo depois de adulto, segue fiel à saga e a tudo aquilo que ela representa? O seu reconhecimento de todos os benefícios que Harry Potter segue a trazer a milhões de pessoas enquanto saga literária já fez alguém rir de você?

Arthur de Lima, o novo colunista do Potterish, já teve experiências parecidas, e decidiu inaugurar seu espaço aqui no site abordando esse tema tão polêmico. Não deixe de ler a coluna de hoje, e nos contar se você também já passou por algo parecido.

Por Arthur de Lima

É possível isso? Sofrer preconceito por ser fã de Harry Potter? Ser taxado de criança, imaturo e outros adjetivos desnecessários por conta da vontade incansável de ler e reler todos dos livros da saga e qualquer praquela de textos que tenha o nome Potter envolvido? É possível sim. Simplesmente meus caros, pelo desconhecimento da massa ignorante e preguiçosa que sequer se deu ao trabalho de ler uma página da maior saga literária da atualidade.

Falando por experiência própria, muitas pessoas sabem do meu hábito de leitura (que surgiu graças a J. K. Rowling) e me questionam sobre alguma sugestão de livro para aumentar seu acervo. Qual o primeiro livro que me vem à cabeça? Exatamente, aquele que conquistou a todos nós. Porém, essa sugestão já me rendeu caretas, olhares de descrença, reações de pura desvalorização da obra que fez voltar para milhões de casas por todo o mundo o prazer pela leitura.

Então, em uma destas vezes questionei: porque todo este tom esnobe contra Harry Potter? A resposta que recebi em troca me surpreendeu. Não por conta de alguma justificativa plausível, mas justamente por total falta de razão. A resposta dada a mim, numa adaptação rápida das palavras utilizadas, foi: “porque é um livro infantil repleto de baboseira! A história de um bruxinho? Olha meu tamanho?”. Para mim, nada me deixaria mais decepcionado.

Em primeiro lugar, já diz um dos ditados mais populares de todos os tempos: jamais se julgue um livro pela capa. Essas pessoas sequer se deram ao trabalho de conhecer do que realmente se tratava a história. Minha indignação mora justamente na ignorância das pessoas que estão perdendo o pouco tempo que tem neste mundo dando valor a coisas fúteis e julgando o que não conhecem deixando de lado a oportunidade de ter uma verdadeira lição de vida.

Harry Potter, em seus sete livros, nos traz muito mais que a história de um bruxinho que sacode sua varinha para fazer mágicas. Ela nos remete a um retrato de superação de um garoto que desde novo cresceu sem os pais, rejeitado pela única família que possuía, impossibilitado de ter amigos e que sequer sabe a verdadeira história de sua vida. Marcado para morrer por alguém que sequer conhecia e que teve forças para lutar em um mundo totalmente novo quando toda a sua vida estava de pernas para o ar. E não fraquejou.

Cada livro traz uma lição de nobreza, coragem e amor de alguém que tudo que fez na vida foi sofrer a solidão e as mudanças drásticas que vão bem além da puberdade. Um garoto que aos dezessete anos derrotou um ditador com sede de sangue e detentor de um extremo poder. Que deu sua vida para salvar a de todos, algo que chega a soar de forma divina.

A saga nos ensina ainda e valor da amizade e o poder que se tem na forma de amar. Nos passa uma lição como sermos verdadeiramente humanos (seja trouxa ou bruxo). Aborda a luta contra o preconceito, a dor e a maturidade vindas da morte e valores humanos que faltam em tantas outras histórias.

Harry Potter é muito mais que a luta do bem contra o mal. Harry Potter é a luta pela sobrevivência num mundo de perigos em que tudo caminha para o lado errado, mas ainda se consegue cultivar o bom da vida. Quem soubesse, voltaria a ser criança só para ler o livro infantil mais adulto já escrito. Infelizmente, a parcela oca de mente da sociedade vai morrer sem saber que o sábio procura conhecer, o tolo julga.

Arthur de Lima aprendeu bem com a Profª McGonagall a não levar desaforo para casa.