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Corujas de lá e de cá

Criar um animal de estimação em casa é uma experiência única; só quem tem um cão, gato ou qualquer outro bichinho sabe como é essa convivência fantástica, que melhora as pessoas numa série de sentidos.

Na coluna deste domingo, Bruno Barros nos lembra da mais famosa criação animal dos bruxos, as corujas, e enumera as consequências da fama desses bichos tão sábios em nosso mundo trouxa.

Por Bruno Barros

Depois da publicação do último filme de Harry Potter, os fãs correram contra o tempo para assistir o desfecho da saga pela última vez nas telas grandes de um cinema, antes que ficassem órfãos de seus personagens mais queridos. Mas não fomos somente nós que ficamos órfãos depois disso. Um grupo muito bem adestrado sofreu muito mais com o fim de Harry Potter: as corujas.

Animais considerados símbolos da sabedoria por muitos, para outros, as corujas representam um agouro de morte. Elas nunca foram tão populares no cinema quanto em Harry Potter e a Pedra Filosofal, onde seu protagonista, o jovem Harry, apareceu com uma grande coruja das neves como animal de estimação, crianças que assistiam ao filme ficaram encantadas com a ave e pediam a seus pais que lhes dessem uma de presente.

Donas de um temperamento variado e peculiar, as corujas do mundo mágico desempenham um papel importantíssimo para seus donos, desprovidos das grandes tecnologias trouxas, entregando cartas, pergaminhos e outros pequenos itens que caibam em seu bico ou amarrados aos seus pés. Corujas são muito mais do que meros meios para transporte de informação, elas são companheiras fieis e calorosas para seus donos nos momentos mais difíceis. Um exemplo bem claro disso é olharmos para Edwiges em pessoa! Ou em bicho…

Ela manteve-se fiel a seu dono desde que fora comprada até o seu último suspiro, infeliz, despedaçada, pairando pelo ar, só que desta vez não era capaz de voar. Infelizmente o moço Harry não teve tempo suficiente ou conivente para velar o corpo dela, mas o luto foi sentido não só por ele, mas por todos os leitores. Quem esperava que a pobre Edwiges iria morrer? E ainda de uma forma tão estúpida?

Pois bem, crianças trouxas de vários lugares do mundo conseguiram as suas tão queridas corujas, mas, infelizmente, já era de se esperar que elas não se adaptassem tão bem com estes animais. Percebemos que em Harry Potter as corujas são livres para voar, sendo transportadas em gaiolas somente em casos de necessidade de locomoção terrena, e é assim que deve ser. Crianças trouxas vivem em apartamentos apertados, cidades populosas e poluídas, não têm tempo para dedicar a uma coruja e, por isso, torna-se inviável a domesticação delas.

Onde eu quero chegar com tudo isso? Apontar com o fato de que após o encerramento da franquia Harry Potter, corujas no mundo inteiro, e principalmente no Reino Unido, foram abandonadas em santuários para aves, quando não são soltas ilegalmente em lugares que são extremamente incompatíveis para o desenvolvimento dessas espécies, causando a morte e até mesmo o desequilíbrio ecológico em alguns territórios. Sem contar a caça predatória das corujas que precedeu tudo isso…

Alerto ainda que é muito difícil manter o cuidado de um animal como esse, por isso, chamo atenção para os nossos animaizinhos que temos dentro de casa. Um cachorro, um gato, o ratinho, seja lá qual for. Trate-os bem, já que uma vez retirados de seu habitat natural, dificilmente readaptam-se, ficando vulneráveis a todo tipo de predador. Eles precisam de carinho, amor, atenção e alimentação, para que cresçam e eventualmente se multipliquem. Não compre animais. Diferentes das nossas amigas corujas, eles não enviam informações em longas distâncias, portanto, são apenas belos companheiros para todos os momentos, e por isso não existe a necessidade de serem comercializados.

Adote um amiguinho. Falo com a inocência de uma criança, pois sabemos como somos mudados quando tratamos de um animal. E, por fim, pense muito antes de compromissar-se com um animalzinho. O cachorro de hoje pode ser a coruja de amanhã, ou não. Só depende de vocês!

Bruno Barros ama tanto suas colunas que pode ser facilmente considerado um “colunista-coruja”.