Filmes e peças

Nos cinemas brasileiros “Sete Dias com Marilyn”, primeiro filme de Emma Watson pós-HP

Finalmente, depois de anunciar o adiamento do filme no Brasil várias vezes, podemos noticiar que Sete Dias Com Marilyn, primeiro filme da carreira de Emma Watson após finalizar a saga Harry Potter, está nas salas de cinema nacionais.

O filme foca no período que Marilyn Monroe (Michelle Williams) passou na Inglaterra filmando O Príncipe Encantado ao lado de Laurence Olivier (Kenneth Branagh). A história adapta o livro homônimo de Colin Clark, que na época trabalhava como assistente nas filmagens. Durante uma semana, ele teve a oportunidade de conhecer bastante a diva – desesperada para escapar das pressões da rotina hollywoodiana – e mostrar-lhe o melhor da vida britânica.

Emma tem um papel pequeno, como Lucy, mas muito significativo para sua carreira. Além dela, outros membros do elenco Potter estão presentes no filme, como Kenneth Branagh (Gilderoy Lockart), Zoë Wanamaker (Madame Hooch), Toby Jones (voz do Dobby) e Geraldine Somerville (Lílian Potter).

Quem já conferiu, ou quem ainda vai conferir o filme, não deixe de escrever sua opinião no campo de comentários.

Abaixo você assiste ao trailer do longa, e na extensão você lê a crítica do nosso site parceiro, Pipoca Combo.

Sete Dias com Marilyn
Crítica

Pipoca Combo

Marilyn Monroe pode não ter sido a maior atriz da história do Cinema, mas certamente foi a maior estrela que ele já fabricou. Da infância errante até sua morte prematura, passando por três casamentos e alguns escândalos extraconjugais, os muitos altos e baixos de sua vida se confundem, ironicamente, com uma daquelas histórias que a própria Hollywood tantas vezes contou: a da garota frágil, seduzida pelo sucesso e por ele subjugada. Feitas as devidas ressalvas, é justamente essa a proposta do longa Sete Dias Com Marilyn, estreia no cinema do produtor e (agora) diretor Simon Curtis que, com considerável atraso, chega ao Brasil.

Narrado em primeira pessoa, Sete Dias Com Marilyn conta a história do jovem Colin Clark, membro da aristocracia inglesa que, seduzido pelo mundo do cinema, deixa a casa dos pais para tentar a própria sorte. Não demora muito para que o rapaz seja contratado como terceiro diretor assistente (algo que em bom português poderia ser entendido como um “quebra-galho”) pelo estúdio Pinewood, então responsável pela produção do filme O Príncipe Encantado, comédia de costumes para a qual a estrela Marilyn Monroe está escalada.

Já nos primeiros dias de filmagem, Marilyn se mostra uma figura bastante peculiar – por seus constantes atrasos, pela sua dificuldade de memorizar as falas ou pela sua enorme insegurança –, de modo que o diretor e par romântico Lawrence Olivier se indispõe com a atriz por diversas vezes, questionando, inclusive, as razões do clamor em torno de seu nome.

As frequentes cobranças como atriz (tanto suas como do diretor), somadas à crise em seu terceiro casamento e à sua saúde fragilizada, fazem com que Marilyn busque, na figura do jovem e inocente assistente de diretor, uma espécie de confidente, sem que nunca fiquem claros os seus reais sentimentos. E é justamente essa indefinição que tange a relação do improvável casal, que distancia o filme de um romance propriamente dito.

Ao invés de uma cinebiografia demasiado abrangente, que – a exemplo de produções como O Aviador, Ray ou o oscarizado Gandhi – acabasse por comprometer o ritmo do longa, o diretor Simon Curtis optou acertadamente pela adaptação do livro homônimo escrito pelo próprio Colin Clark e publicado em 1995. Sob a ótica (ainda que questionável) de um jovem de 23 anos, Curtis pôde se desvirtuar da visão consagrada da atriz, e se limitar estritamente à Marilyn dos bastidores de O Príncipe Encantado.

Como resultado, temos, sim, um roteiro bastante simples e em vários aspectos até adocicado. Mas aquilo que, a princípio, pode ser tomado como um elemento que o desfavoreça, se justifica, num segundo momento, pela natureza sutil do filme como um todo.

Ainda que em termos narrativos Marilyn não seja a personagem principal do filme, cada uma de suas aparições é sabiamente transformada numa espécie de acontecimento, como quando desembarca no aeroporto de Londres, ou quando entra nos sets de filmagem pela primeira vez. Nesse ponto, vale observar o trabalho competente das equipes de maquiagem, figurino e fotografia, que foram capazes de transformar Michelle Williams na personagem icônica que Marilyn foi, e ainda é.

Nada disso, é claro, teria importância não fosse o carisma e a presença da própria Willians em cena. A atriz empresta toda a sua doçura e fragilidade a Marilyn, de maneira que o restante do elenco – ainda que formado por nomes de peso do cinema inglês como Keneth Branagh e Judi Dench – apenas orbita em seu redor.

E era justamente esse o efeito provocado por Marilyn Monroe, atuando ou não. O mesmo magnetismo que atraiu o olhar de Davis Conover – o fotógrafo que a descobriu para o mundo – acompanharia Marilyn nos mais de trinta filmes em que atuou nos anos seguintes. A atriz costumava dizer que mulheres comportadas raramente faziam história. Não restam dúvidas de que tenha elevado esse pensamento a extremos. Mas o seu maior extremo, aquele que talvez tenha custado sua própria vida, foi o de nunca ter abandonado o papel mais difícil e duradouro de toda a sua carreira: o de si mesma.