Potterish

O coadjuvante da guerra

Ainda estamos todos sob o efeito de “Relíquias da Morte – Parte 2”, mas é necessário seguir em frente. De qualquer forma, as Resenhas do Potterish continuam em clima de guerra. Mas a que vamos tratar aqui realmente aconteceu. Na verdade, é a guerra mais comentada da história, “aquela” que aconteceu entre 1939 e 1945.

Enquanto alguns se calam e outros se arriscam lutando, há aqueles que aproveitam a oportunidade para enganar a todos. Esse é o caso de Eddie Chapman, um britânico que era ladrão, foi preso, capturado por alemães e se tornou um dos agentes duplos mais importantes da Segunda Guerra, vazando informações fundamentais da Alemanha para os ingleses. Confira a resenha do livro-reportagem “Agent Zigzag”, de Ben MacIntyre e reflita: como você reagiria a uma guerra?

“Agente Zigzag”, de Ben MacIntyre

O coadjuvante da guerra Tempo: obra que exige muito tempo e dedicação
O coadjuvante da guerra Finalidade: para quem não gosta de perder tempo com longas descrições
O coadjuvante da guerra Restrição: para ficar na ponta da cadeira
O coadjuvante da guerra Princípios ativos: espionagem, nazismo, agente duplo, história, guerra.

O coadjuvante da guerra

Eddie Chapman era um vagabundo. Daqueles que não trabalham, roubam dos outros, seduzem para depois traírem e mentem. Relativamente famoso na Inglaterra, o malandro entrava e saía com frequência da cadeia. Mas o “timing” não poderia ser pior: em 1941, os alemães invadiram as Ilhas do Canal, justo onde estava a sua prisão.

O coadjuvante da guerra

Sob domínio alemão, muitos foram mandados para campos de concentração. Mas Chapman sabia se virar como ninguém e convenceu os alemães de que poderia trabalhar para eles. Levado a uma França ocupada, o britânico foi treinado e mandado de volta ao seu país natal para uma missão.

Traidor? Bom, depende do ponto de vista. Assim que desceu em solo britânico, Chapman procurou a polícia local e se ofereceu para ser agente duplo, entregando informações do serviço alemão. Inclusive, Chapman planejou um ataque a Adolf Hitler, que foi negado pelo comando do MI5.

Em inúmeras viagens entre Inglaterra, França, Alemanha, Portugal e Noruega, Chapman colocou os temidos governos no bolso, sobreviveu a interrogatórios, manipulou grandes mestres da inteligência e participou de missões importantíssimas para a vitória dos Aliados, como o direcionamento de bombas alemãs para os lugares menos povoados aos arredores de Londres, mas reportando ao comando de Hitler que o centro da capital estava sendo atingido.

E sim, essa história é verdadeira. Ben MacIntyre faz um relato muito bem documentado e jornalístico (às vezes, até demais, causando no leitor uma sede de linguagem mais literária). O maior mérito do livro talvez seja dar a dimensão do quanto grandes fatos da história não estão apenas nas mãos dos grandes governantes, mas também nas de pessoas comuns, que morreram no anonimato.

Resenhado por Sheila Vieira

400 páginas, Editora Record, publicado em 2010.
Título original: Agent Zigzag. Publicado originalmente em 2007.

Onde Comprar