As Relíquias da Morte ︎◆ Parte 2

Arthur Melo expõe opinião sobre relatos do test screening

Os fãs acompanharam aqui no Ish a tradução dos relatos escritos pelas pessoas que tiveram a oportunidade de ir ao test screening do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 em Chicago, Estados Unidos, no último sábado.

Após tanta balbúrdia dentro do fandom após a divulgação online do que foi dito pelos felizardos presentes na sessão, o nosso crítico de cinema Arthur Melo dá sua opinião sobre o conteúdo do que foi exposto e a reação dos fãs.

Sejamos honestos conosco. Após essas exibições, sempre surgem relatos apaixonados, emocionados e embebidos em lágrimas de amor eterno. Quando vamos assistir ao filme, vemos que há bastante coisa legal mesmo, mas que na verdade aqueles fãs que fizeram suas descrições da obra pré-finalizada estavam bem deslumbrados pela empolgação de serem os primeiros a assistirem ao sempre-filme-mais-aguardado-do-ano.

Confiram o texto na íntegra em notícia completa!

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE: PARTE 2
Texto sobre o test screening

Arthur Melo ~ Potterish.com
05 de abril de 2011

Todo ano é a mesma coisa. Antes de um lançamento Potter acontecer, há a famosa exibição de teste quatro meses antes. A “surpresa” já estava tão manjada que dessa vez os fãs até tuitaram entre si as coordenadas do cinema correto. Não é à toa que um montante de fãs ensandecidos estava soluçando na sala de projeção, chamando a atenção dos produtores. O que só põe boa parte das descrições que apareceram sob suspeita.

Se das outras vezes a exibição acontecia de maneira inesperada, reunindo fãs e não-fãs da série, agora o time seleto que conferiu o filme em sua versão não acabada foi formado por pessoas que têm motivos mais do que suficientes para encherem a bola do filme. A bem da verdade é que “épico” é uma palavra que já ficou banalizada, correto? Tudo agora é épico. “Épico” é o novo “soda pra carvalho” (ok, você entendeu a qual expressão eu quis me referir). Você gostou muito, achou visualmente legal e não sabe definir, então chama de épico. É assim. Ou ao menos está sendo assim agora. O que só me faz descontar uns pontinhos da animação dos relatos para que eu chegue no que realmente o filme é.

Sejamos honestos conosco. Após essas exibições, sempre surgem relatos apaixonados, emocionados e embebidos em lágrimas de amor eterno. Quando vamos assistir ao filme, vemos que há bastante coisa legal mesmo, mas que na verdade aqueles fãs que fizeram suas descrições da obra pré-finalizada estavam bem deslumbrados pela empolgação de serem os primeiros a assistirem ao sempre-filme-mais-aguardado-do-ano. E aí somos obrigados a formular nossa própria opinião, que acaba sendo bem diferente. Para mais, ou para menos.

O que é importante ressaltar é que, para muitos fãs obcecados pelas páginas dos livros (não são todos, e acredito que eles já se reduziram bastante), filme de Harry Potter bom é o filme que copia exageradamente o livro, enquanto que filme ruim da série é o que se distancia mais. Cinematograficamente falando, isso é um equívoco absurdo. Enigma do Príncipe é o mais diferente de seu respectivo material literário dentre todos os longas da série, enquanto que Câmara Secreta é um dos mais fiéis ao texto de J.K. Rowling. Como filme, como obra do cinema, Enigma do Príncipe é um produto artisticamente muito melhor.

A questão na qual quero chegar é que, bem ou mal, ainda não dá para se animar e nem se decepcionar por conta do que foi lido nos últimos dias. De fato, são relatos muito bons apenas para sabermos o que veremos no filme. Mas muito crus para descobrirmos como veremos aquelas informações na tela – o que é tão importante quanto. Isso foi cortado, aquilo foi adaptado, aquilo outro foi acrescentado. Para um fã xiita, modificar é pecado. Para um fã deslumbrado, se tiver trocas de farpas e beijos entre Rony e Hermione (um romance bacana, mas sem nenhuma importância perto do arco central da saga como um todo – e me pergunto até hoje por que tanta gente está preocupada com Rony e Hermione, tem muita coisa mais importante para se falar no filme) e muitos efeitos visuais, tudo vira espetáculo. E aí surgem opiniões contra e a favor do filme. Mas, depois de tudo lido, alguém aqui encontrou em algum momento qualquer descrição realmente boa de como a direção do David Yates está? Se o roteiro, apesar de diferente, é coerente, preciso e sólido? A relação entre os personagens e as ações praticadas por eles alcançou o nível artístico desejado? Disso, que é o que faz um filme um bom produto da sétima arte, não se ouviu falar. E, pelo o que consta, não é preciso efeito visual nenhum estar finalizado para checarmos esses quesitos, não é mesmo?

Aliás, ressaltando. Há fãs preocupados com questões como o 3D e os já citados efeitos visuais, uma vez que faltam 4 meses para a estreia e tudo parecia muito primário. Lógico. A versão apresentada no test-screening não reflete o filme como ele está hoje. Ou seja, fora uma versão “salva” há meses, e não o longa ao pé em que ele se encontra agora. Então podem relaxar que a essa altura os técnicos e produtores de efeitos visuais e conversão para 3D já estão em uma distância muito além daquela que foi apresentada sábado.

Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte II encerra uma série importante no cinema. A ansiedade não poderia ser maior, é verdade. Mas é extremamente importante que enormes expectativas não sejam montadas agora, ou um grande “esperava mais” pode brotar da boca de muita gente. Bem como baixar a bola e achar que o filme já não vai ser metade daquilo que se esperou é válido. O que se pode fazer é cair na real e desde já esquecer essa história de indicação a Oscar de Melhor Filme porque, vamos ser sensatos, vocês realmente acreditam nisso? Porque por mais fã que eu seja, e baseado no que eu vi na série no cinema até agora, Harry Potter tem que melhorar algumas coisas para chegar nesse patamar. É uma excelente franquia, muito acima de 90% das porcarias hollywoodianas lançadas ano após ano, mas ainda abaixo da ótima qualidade de direção e roteiro que os melhores dramas do cinema podem oferecer. Mas eu sempre digo e repito, se até A Bússola de Ouro ganhou um Oscar de Efeitos Visuais em cima de Transformers… (só não cito os últimos lances artísticos da premiação porque isso é pessoal até demais).