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David Heyman discute premiações e RdM: Parte II

Adicionado à série de entrevistas concedidas pelo produtor da série David Heyman nos últimos dias, divulgamos um vídeo em que Heyman fala sobre a premiação do BAFTA, a autora J.K. Rowling, o trio e o episódio cinematográfico final de Harry Potter.
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Dentre os assuntos, destaca não saber se Rowling está trabalhando em mais livros relacionados a saga, mas que não ficaria surpreso se publicasse algum livro complementar, como Quadribol Através dos Séculos, além de comentar o impacto do fim das gravações.

A entrevista na íntegra pode ser conferida em notícia completa. Continue ligado.

DAVID HEYMAN
David Heyman concede entrevista a The Telegraph

The Telegraph ~ 2010

Quando o produtor  David Heyman decidiu adaptar o livro sobre um estudante bruxo para a tela grande, ele percebeu que poderia fazer disso um negócio decente. “Achei que se tivesse sorte ele seria um filme legal, de tamanho modesto, de orçamento modesto, que poderia ter um sucesso modesto.” Ele sorri. “Então algo aconteceu.”

Sete filmes e £3.3 bilhões em bilheteria depois, a franquia Harry Potter é a mais bem sucedida na História do Cinema. Os três jovens protagonistas – Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint – são estrelas globais. Os melhores atores do país fazem fila para pequenas participações e as produções dão uma mostra de excelência do cinema britânico.

Ainda assim, constrangedoramente, os filmes de Potter tem sido ignorados pelo BAFTA ano após ano. Até hoje eles receberam 23 indicações mas só ganharam uma (de Desenhista de Produção, Stuart Craig em 2006).

Tardiamente, o BAFTA está honrando a franquia. No domingo, Heyman se juntará a J. K. Rowling no palco do London’s Royal Opera House para receber o prêmio de Contribuição Britânica Excelente para o Cinema.

Heyman não faz ideia do porquê de os votantes do BAFTA torcerem os narizes contra Potter. “Não tenho controle sobre isso. Ouça, seria fantástico,” ele encolhe os ombros. “Eu não sei, eu não sei. Eu nãopenso mesmo sobre isso. Tudo o que tentamos e fazemos é produzir os melhores filmes que pudermos. Se você faz isso então esperamos que o público virá, e eles têm vindo. Tudo além disso é molho.”

Ele está orgulhoso por receber um prêmio de alcance de excelência, nomeado em homenagem à lenda de produção Michael Balcon. “É realmente incrível que seja a franquia interia sendo reconhecida e é um prêmio coletivo. Em cada um dos filmes há algo entre 2.000 e 6.000 pessoas trabalhando e então é mesmo um prêmio para cada um de nós. Somos como uma família.”

E Heyman está no coração dela. Em 1997, logo após abrir em Londres a sua Produtora, ele pegou sua cópia do livro-a-ser-lançado chamado Harry Potter e a Pedra Filosofal. O livro definhou em uma prateleira inferior até que sua secretária, Nisha Parti, o pegou para lê-lo no fim de semana.

“Na segunda pela manhã tivemos uma reunião de equipe. ‘Alguém leu alguma coisa boa?’ Ela levantou a cabeça e disse, ‘Harry Potter e a Pedra Filosofal‘. Eu disse, ‘Que título estranho, é sobre o quê?’ ‘Sobre um menino que vai à uma escola de magia.’ E eu pensei, bem, essa é uma boa ideia..” Ele adquiriu os direitos.

O próximo passo foi encontrar Harry. A lenda de que Heyman o encontrou dentre o púlbico de uma peça de teatro é – meio que – verdadeira. Radcliffe, já então um ator, esteve na lista de preferência do diretor desde o início, mas os pais do menino não concordaram com uma audição. O destino os colocou novamente juntos em uma produção do West End de Stones In His Pockets. “Eu não prestei muita atenção à peça, estava apenas olhando para o garoto,” Heyman relembra. “Ele tinha olhos grandes e redondos e um ar de alma envelhecida em um corpo jovem.”

Todos os três protagonistas “tinham uma qualidade nata que os assemelhavam com seus personagens”, diz ele. “Rupert  veio de uma famßilia grande; Emma tinha uma inteligência aguda e em negação sobre ser parecida com Hermione; e em Daniel havia algo de decente sobre ele.”

Ele adora seu elenco jovem. “Acho que é ótimo ver como eles cresceram, não somente como atores, mas como pessoas. Eles ainda são bem como as crianças que conheci tantos anos atrás. Eles cresceram e são divertidos, e malvados e safados e brilhantes, e acho que como atores o trabalho deles está apenas ficando melhor e melhor. Eles desabrocharam.”

E eles estão longe de serem pirralhos Hollywoodianos o tanto quanto é possível ser, algo que Heyman atribui em certa medida ao fato de filmarem no verde Herfordshire ao invês de Los Angeles. “Não havia dissimulação,” ele diz sobre trabalhar nos estúdios Leavesden. “Ninguém poderia ficar maior do que poderia.”

Enquanto o elenco cresce, os filmes também ficaram mais sombrios e complexos. “As pessoas dizem que… acho que os jovens gostam. Os pais são um pouco mais nervosos do que os adolescentes e crianças que vêem os filmes. Há a tradição de algo sombrio, algo assustador que se remete a  Roald Dahl ou os contos de Grimms ou Hans Christian Andersen. Sempre será assim e Harry Potter não é exceção.”

O oitavo e último capítulo, Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, é lançado em Julho. “Será emotivo pra todos nós quando acabar, não há dúvida. Está logo ali, o fim está perto, mas não acho que o impacto inteiro será… acho que todos estamos exaustos e querendo dar uma boa descansada,” diz ele.

Será mesmo, então, o fim? Rowling disse em entrevista à Oprah que não descarta um outro livro. Heyman acha que há mais por vir, mesmo que – desculpem, fãs de Potter – não mais aventuras de Harry. “Se alguém me perguntasse o que ela vai fazer com Harry Potter, eu não teria pista alguma, mas não me surpreenderia se ela fizesse algo tangencialmente relacionado com coisas como [o adendo de 2001] Quadribol através dos séculos.

“Mas não posso imaginar Harry sendo um comerciante aos 35 anos. Não parece ser o tipo de coisa que encaixa com Harry Potter.”

Para Heyman, há definitivamente lida após Harry. Em maio ele irá reformar um time com Alfonso Cuaron, já diretor de Harry, em Gravity, que toma cena no espaço e é estrelado por Sandra Bullock e George Clooney. Ele está também trazendo Paddington Bear para a tela grande e adaptando o best seller de Mark Haddon The Curious Incident of the Dog in the Night-Time, entre muitos outros.

Na parede do escritório de Heyman no Soho está um pôster de Harry Potter e a Pedra Filosofal, assinado pelas três jovens estrelas. Se fosse necessária prova de que os atores e seus personagens não são tão diferentes, ela está ali. Ele é também um testamento de que, sem Heyman, não haveria fenômeno Potter.

“Você é um SUPER produtor!” escreve Grint. “Ao David, ‘obrigado’ não é palavra suficientemente forte pra demonstrar minha gratidão,” é a mensagem elegantemente escrita de Watson. E de Daniel Radcliffe? “Graças a Deus eu fui ao teatro. Amor, Dan.”

David Heyman discute premiações e <i>RdM: Parte II</i>

DAVID HEYMAN
David Heyman sobre o prêmio Michael Balcon da série.

EMPIRE ~ Helen O’Hara
Tradução: Antonio Kleber

No BAFTA desse domingo, o prêmio Michael Balcon de Contribuição Britânica de Excelência ao Cinema será concedido à série Harry Potter que o BAFTA descreve como tendo “definido uma década de Cinema Britânico”. Nos encontramos com o produtor da série, David Heyman, para que ele nos falasse do prêmio, o estado do cinema britânico e o que podemos esperar do último capítulo da maior franquia cinematográfica do mundo…

Este é um grande reconhecimento para a série.
Sim, é algo pelo qual nunca poderia esperar.

Houve um pouco de tumulto recentemente acerca do fato de a série não ter sido reconhecida em prêmios como merece.
Você sabe, é ótimo que algumas pessoas pensem assim, mas tudo o que fazemos é tentar produzir o melhor filme que podemos. É a única coisa sobre a qual temos controle. Eu não faço ideia se um filme será premiado ou mesmo se será um sucesso. Chris Columbus foi muito importante quando começamos, porque nos dois primeiros filmes a pressão poderia ter sido demais, mas Chris simplesmente colocou isso pra escanteio e mostrou mesmo como deveríamos pensar, “É irrelevante. Coloquem suas energias em produzir o filme.” E se você fizer um bom filme o resto vai se encaixar. Foi dessa forma que tentei trabalhar, e que todos tentaram tabalhar, desde então. O fato de que o público gosta é fantástico, e essa é a coisa mais importante. Mas ser gratificado com um prêmio como o Michael Balcon é uma grande, grande honra. Ganhar prêmios seria adorável, compreenda, mas não é pra isso que produzimos.

É também legal que seja um prêmio para todos envolvidos – os cenógrafos, figurinos, adereços – e não somente um grupo.
O que há de tão especial sobre isso é que ele reconhece os filmes como um todo, não é sobre somente uma parte, é sobre o coletivo. Nós somos – pode parecer demais, mas somos mesmo – uma família, nós estivemos juntos por dez anos. Uma família razoavelmente funcional, diga-se. E o que é ótimo sobre ese prêmio é que ele reconhece cada um sem colocar ninguém de lado.

Os filmes Potter são bastante britânicos, mas frequentemente não são vistos da forma como, por exemplo, os filmes Bond são. Como se o dinheiro determinasse a nacionalidade.
O dinheiro para os Bond também vem dos Estados Unidos! Eu não sei, nós tivemos um diretor americano nos dois primeiros filmes, um diretor mexicano no terceiro. Mas certamente tivemos diretores britânicos no quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo. Produtor britânico, um elenco e uma equipe imensamente britânica. É definitivamente um filme britânico, diga o que disser. De novo, não é algo sobre o qual temos controle.

Você vê relação entre as megaproduções como Potter ou John Carter e então os tradicionais filmes britânicos independentes?
Sim. Acho que eles alimentam um ao outro. Acho que o talento que trabalha em Potter e John Carter of Mars somente podem fazê-los se tiverem passado pelas filas. E acho também que as pessoas que trabalharam nos John Carter of Mars, diga-se, voltam a trabalhar com cinema independente. É uma grande base de treinamento onde cada um alimente o outro, e acho que isso é muito importante. Acho que podemos competir com qualquer um no mundo em termos de qualidade do que produzimos.

Com relação à Potter por si próprio, como você está se sentindo à medida que se aproxima do fim de mais de uma década?
Estou envolvido desde 1997. Tenho sentimentos misturados. Potter foi como uma família, e foi um período muito excitante na minha vida, onde tudo mudou. E eu tinha o conforto de conhecer aqueles com os quais iria trabalhar, que eu realmente gostava deles, que você está produzindo um filme para um estúdio enorme e que será visto por muita gente – e mesmo assim você tem tanta independência. Quer dizer, o estúdio foi tão compreensivo quanto você jamais poderia pedir alguém para ser. Eles são criativamente e financeiramente sempre ali, mas nunca ficam no teu caminho. Era o melhor relacionamente que você jamais poderia ter, e está chegando ao fim. Dito isto, acho que todos estamos esperando por novos desafios. Nós temos trabalhado… é importante que saiamos da rede de proteção às vezes, para que tentemos outras coisas e falhemos.

Potter é obviamente um fenômeno em todos os níveis que você pode nomear, mas o que tem sido interessante nos últimos dois ou três anos é como imitações baratas de Harry aspiraram sua coroa e falharam miseravelmente. Você tem alguma teoria do porquê nenhuma dessas tentativas decolou da mesma forma?
Um, eu acho que a base de público que sempre tivemos, com relação à ficção de Jo Rowling, isso é muito significante. Dois, acho que não estávamos tentando fazer ‘outro Harry Potter’. Nós não estávamos tentando simular nada, e não tínhamos gente no meio dizendo o que o filnme deveria ser. Como um estúdio e como um produtor, nós encorajamos a visão do diretor. Isso é muito importante pra mim. Quando o diretor aparece, é o filme dele. Eu apóio, eu pergunto, eu desafio. Eu me vejo como um guardião porque sou o mais antigo membro servidor da família Harry Potter. Mas sério, quando o diretor entra, é o seu filme. Todos estão ali para permití-lo realizar sua visão. Você tem a voz da Jo Rowling e a voz do diretor. E todo mundo está servindo aí. Isso tem sido muito significante; não estamos criando um produto. Não é o que estamos fazendo, estamos adaptando os livros de Jo Rowling. Acho que há também uma competitividade entre os diretores. Há um grande apoio: Mike encontrou Alfonso, David encontrou Alfonso e Mike; Chris estava por perto para Alfonso. Há mesmo uma atmosfera colegial. Mas ao mesmo tempo há uma sensação de, “Quero fazer melhor do que o outro fez!”, e David quer fazer melhor no sexto do que fez no quinto, e o sétimo melhor do que o sexto!

E sobre a Parte II? Ela é um corte brusco a essa altura?
Sim. Vi uma edição muito, muito recente. É muito excitante. Sem efeitos visuais, sem música, sem efeitos sonoros e é muito excitante. Mas está cedo e o filme continua a tomar forma e continuará assim durante os próximos meses. Acho que será um grande final para a série. Foi uma filmagem muito longa; filmamos por260 dias nesse último.

Acho que eu estava no set em Março em dois anos consecutivos e você já tinha começado a filmar o primeiro e ainda faltavam quatro meses para concluir o segundo na segunda vez que estive por lá.
Eu sei! Nós estávamos um pouco malucos mais no final.

Mas você obviamente encontrou soluções no final para as cenas pelas quais todos estavam se preocupando, a de King’s Cross e os flashbacks.
Bem, de certa forma este tem uma estrutura mais fácil que a Parte 1 porque é bem definido. Com relação à cena em King’s Cross, acho que funciona e é bem comovente. Nís na verdade fizemos uma vez e a refizemos um pouco porque precisávamos refinar algo, e estou bem feliz por termos feito. É uma cena bem quieta e comovente, mas acho que deixa a série no tom certo. O único flashback nos qual alguém pensa é o de Snape, quando Harry vai à Penseira e vê a sua história, e isso será definido, mas será muito comovente. Uma coisa que eu amo acerca do trabalho de David Yates é que ele é muito preocupado com a vida dos personagens. Sim, há muita ação já que a série está acabando, sim, há bum-bum-bum quando chega ao final, mas ele também guarda um tempo para humanidade. É isso que eu gosto na Parte 1, o luxo de termos aquele tempo para usar com os personagens. Mesmo nesse, que é mais um pacote de ação, há tempo para cobrir isso, o que é ótimo.

Você tem um momento favorito na série?
Há tantos. Eu tendo a gostar dos momentos melancólicos, os ótimos momentos silenciosos. Eu gosto da dança em Parte 1, que eu sei que nem todos gostam, mas acho que ela diz tanto. Eu amo algumas coisas que Alfonso fez, eu adoro a sequência do vira-tempo no terceiro. Eu adoro a fala, “Não estou indo pra casa, não mesmo” no fim do primeiro filme. Mas há tanto mais; há pelo menos um momento em cada filme.

O que vem depois, pós-Potter?
Estou fazendo um filme para a TV com David Hare, e tenho Gravity, que começamos a filmar em maio com Alfonso Cuaron, e esperançosamente estou com The Curious Case Of The Dog In The Night Time com Steve Kloves, e estou esperando para que ele me entregue o roteiro. Estou esperando por um longo tempo! Mas espero que o receba em breve! E então terei outras coisas.