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Em memória de Lord Voldemort!

É no último dia do ano, data marcada pelos preparativos de Ano Novo em diversas culturas, que Tom Servolo Riddle celebra mais um ano de sua tão estimada vida.

Vida esta pela qual Voldemort destruiu famílias, torturou covardemente e promoveu até um “genocídio” pela purificação do sangue mágico, ato político que não é de se estranhar do psicopata do qual devemos nos lembrar neste dia.

Se a criança que conhecemos através das memórias de Dumbledore já apavorava os coleguinhas com sua habilidade de fazê-los sentir dor, o adulto se tornou menos que um homem, dilacerando a própria alma e se tornando em pura vileza, quando, derrotado pelo amor de uma mãe que (como fizera Mérope antes de morrer) buscou desesperadamente a salvação de seu filho, é forçado à mais miserável das vidas, sem direito sequer a um corpo para habitar.

Lílian e Mérope, duas mães desesperadas que, à beira da morte, clamam pela vida de suas crianças. A primeira recorreu a magia antiga, a poderosíssima força do Amor; a segunda, do alto de sua descendência Slytherin, entrega sua criança a um lar trouxa. O paralelo do nascimento (31 de julho e 31 de dezembro, respectivamente) e da infância entre Harry e Voldemort é claro, e coube ao caráter de cada uma das crianças, às suas escolhas, o adulto em que se tornaram.

O simbolismo desta data no mínimo sugere-nos alguma reflexão acerca do valor da vida. O fim do ano é mera marcação para um ciclo regular, marca também o nascimento daquele que desrespeitou a natureza da morte, que deformou esta regularidade. Dumbledore, em sua imensa sabedoria, alertou ao jovem herói desta saga: a morte é apenas uma aventura seguinte. Devemos aceitar e acolher o fim desta estadia quando a hora chegar.

Façamos, pois, como Voldemort sempre almejou em sua enorme arrogância: comemoremos a sua data, a sua vida. Não como alguém que deva ser lembrado por algum ato nobre, mas por um personagem tão bem construído que nos incita a esta valiosa reflexão.