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A crônica da separação

Ilusões e decepções amorosas são situações que todos passam na vida e ainda mais emocionais quando envolvem um casamento mal-sucedido. Além dos percalços para fazer um relacionamento dar certo e admitir que ele chegou ao fim, é possível ter uma conversa honesta com o ex-amado(a) três meses após a separação?

[meio-2] São os dilemas que o cineasta e escritor Arnaldo Jabor trata em “Eu sei que vou te amar”, um trabalho cinematográfico adaptado à literatura lançado em 2007. Leia a resenha de Débora Rezende e não esqueça de deixar o seu comentário.

“Eu sei que vou te amar”, de Arnaldo Jabor

A crônica da separação Tempo: para ler de um tiro só no fim de semana
A crônica da separação Finalidade: para pensar
A crônica da separação Restrição: não suporta melodramas
A crônica da separação Princípios ativos: relacionamentos, reconciliação, casamento, literatura brasileira

A crônica da separação

Na dura tarefa de fazer um relacionamento dar certo, a hora mais temida é a discussão da relação. O que dizer? O que esconder? Quando a omissão se torna uma mentira? Esses são apenas alguns dos dilemas que se passam na cabeça de um casal em crise. Mas quando duas pessoas separadas se reencontram, verdades podem vir à tona e papas na língua podem ser perdidas para sempre. É o que narra “Eu sei que vou te amar”, escrito em 2007, do famoso colunista Arnaldo Jabor, inspirado no filme homônimo de grande sucesso, dirigido pelo próprio autor do livro e estrelado por Fernanda Torres.

A crônica da separação

Depois de três meses de separação, o casal principal da obra se reencontra pela primeira vez em um apartamento, na tentativa de dar uma nova chance ao relacionamento ou colocar de uma vez por todas um ponto final na história. Escrito em um único capítulo, o livro transporta o leitor para dentro dos pensamentos do casal, mostrando sua insegurança quanto ao reencontro e suas tentativas de se mostrarem seguros e bem resolvidos. Tentando entender o que deu errado no relacionamento, revelações passam a surgir, traições, mentiras e pensamentos há muito escondidos.

Na ânsia de provar que o culpado pela separação é sempre o outro, até mesmo a instituição do casamento passa a ser questionada, colocada pelo casal conflitante como sua opressão e que, depois da separação, sua vida se tornou melhor e mais produtiva. Em meio à brigas e discussões, verdades e mentiras, o casal acaba sucumbindo ao desejo que ainda nutrem um pelo outro, fazendo com o que o leitor se questione sobre os limites do desamor e da paixão.

Além de fazer com que o leitor se sinta na pele de um casal que poderia facilmente ser você e seu companheiro (a), “Eu sei que vou te amar” traz reflexões profundas em cada diálogo e cada pensamento sobre o verdadeiro sentido de estar junto a uma pessoa, e os sacrifícios feitos para manter o relacionamento. Em todas as páginas do livro o leitor pode se deparar com um mesmo questionamento: o que se deve dizer e o que se deve fazer calar na hora de fazer um relacionamento dar certo? Brincando com a psicanálise do casal, o autor também nos faz perceber as várias maneiras que a afeição pelo outro desabrocha dentro de nós mesmos.

Resenhado por Débora Rezende

136 páginas, Editora Objetiva, 2007.

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