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Magia no Brasil

Nenhum verdadeiro fã de “Harry Potter” poderia jamais esquecer cada citação do Brasil nos livros. A mais especial, feita no “Cálice de Fogo” faz a maior revelação de todos: existe uma escola de magia e bruxaria aqui, no nosso país!

[meio-2]Infelizmente, nós, trouxas, não podemos fazer mais nada além de sonhar e imaginá-la. A nova coluna de Mariana Elesbão é nosso ponto de partida para criarmos nossa escola brasileira. Quem sabe assim não enxergamos melhor a Plataforma? Deixe seu comentário e descubra!

Por Mariana Elesbão

Miríades de motivos nos fazem apaixonados por Harry Potter. São muitos os porquês de tanto amor dedicado ao Menino-Que-Sobreviveu e pensando no panorama familiar e reconfortante do mundo secreto dos bruxos, chego à conclusão de que o charme do clima europeu seja um dos fortes, junto com as mensagens preciosas que Jô Rowling escreveu em nossos corações. Com tinta permanente, claro.

A Europa, com todos os adornos das descrições de Jô, e especificamente a Inglaterra, com seus hábitos cavalheirescos e seus eternos ares de romance, conseguiram tornar o mundo bruxo mais irresistível ainda. Ou foi a história criada por Jô que tornou a Europa mais instigante?

Cada lugar europeu em que Jô tocou com suas mãos mágicas tornou-se querido para nós, como um canto aconchegante. O tipo de lugar para o qual fugimos quando queremos nos sentir seguros.

No mundo bruxo europeu podemos caminhar pela clássica King’s Cross, descrita pelos dedos mágicos de Jô com feitiços que nos fazem querer estar lá de qualquer maneira. Que inveja dos londrinos que podem tentar adentrar a plataforma 9 ¾ no caminho para o trabalho.

Passear pelas casinhas quadradas de gramados bem cuidados de Little Whinging. Pois, por mais que saibamos que o bairro é mais uma das criações da imaginação de nossa querida autora, tanto nos lembra os verdadeiros bairros de Surrey, com seus jardins floridos e seus famosos moradores abastados, que lá nos sentiríamos percorrendo a Rua das Magnólias e tantas outras ruas em que Harry zanzou, seus pés já o levando aos lugares preferidos.

Andar pelas ruas movimentadas de Londres procurando a discreta entrada do Caldeirão Furado. Tentar se comunicar com manequins abandonados em lojas de departamentos londrinas mais abandonadas ainda, na esperança de encontrar por lá curandeiros vestidos de verde, com ossos e varinhas cruzados estampando suas roupas. Testar todas as cabines telefônicas de Londres, até achar aquela que o engoliria para dentro da terra, para dentro do Ministério da Magia.

Se lugares aparentemente normais para os trouxas já fazem nosso coração querer mudar o ritmo de sua dança, imagine então poder visitar os lugares escondidos magicamente por bruxos e bruxas. Quem nunca se imaginou em uma guerra de neve nos terrenos de Hogwarts?

Serpentear pelas verdejantes colinas dentro do aconchegante Expresso de Hogwarts.
Procurar pela Toca, escondida nos campos de Ottery St. Catchpole, na Inglaterra.
Comprar todos os doces imagináveis na Dedosdemel, visitar a Casa dos Gritos ou tomar uma cerveja amanteigada no Três Vassouras em Hogsmeade. Visitar a Gemialidades Weasley, a loja do Sr. Olivaras ou encarar os mal-encarados duendes do Gringotes no Beco Diagonal.
Talvez se nossa Tia Jô tivesse criado um Harry Potter não-europeu, ele não fosse tão… Tão Harry Potter. Harry, com sua educação e elegância tipicas de um britânico.

Sem o mapa do metrô de Londres no joelho de Dumbledore, sem pastelão de rins e sem a tradicional e famosa cerveja amanteigada. Como seria um mundo bruxo sem nossas coisas bruxas preferidas? Como seria um mundo bruxo com Dumbledore’s sem barbas – impossíveis de se manter em clima tropical -, com feijoadas e pinga amanteigada?

Jô falou (rapidamente, mas falou) sobre o Brasil em três de seus livros. Passagens rápidas, provavelmente esquecidas por qualquer habitante de outro país, mas guardadas fundo em nossas almas brasileiras.
Nos acostumamos com o mundo bruxo deles, com os costumes e hábitos deles. Mas e o nosso mundo bruxo? Ora, também queremos varinhas, vassouras e caldeirões no Brasil!

Nos apaixonamos pelos lugares onde Harry pisou e desejamos com todas as nossas forças receber a carta de convocação de Hogwarts. Queremos estar em King’s Cross no dia 1º de setembro, aguardando ansiosamente pela maria-fumaça que nos levará ao melhor lugar do mundo. Como nós, do outro lado do oceano, ficamos nessa história? Será que o porteiro do prédio onde eu moro entregaria uma carta amarelada com o brasão de Hogwarts, endereçada a Mariana Elesbão Vieira, no cômodo mais bagunçado da casa?

Todo fã um dia desejou, nem que seja um pouquinho, estar em Hogwarts. Aprender os segredos da magia. Será que teríamos que atravessar o Atlântico para nos sentirmos em casa, como Harry se sentia em Hogwarts? Segundo Jô, não. Não teríamos que ir pra outro continente para ter nossa tão desejada educação bruxa, pois Jô nos presenteou com uma surpresa muito agradável:

“- Devem freqüentar alguma escola estrangeira – sugeriu Rony. – Sei que há outras, mas nunca encontrei ninguém que estudasse nelas. Gui teve uma correspondente em uma escola no Brasil… Isto foi há anos… E ele quis ir para lá numa viagem de intercâmbio, mas mamãe e papai não tiveram dinheiro para bancar a viagem. A moça ficou toda ofendida quando ele disse que não ia e mandou para ele um chapéu enfeitiçado. As orelhas dele murcharam.” (Harry Potter e o Cálice de Fogo, Capítulo 7)

Enquanto nós nos contentávamos com as descrições cativantes de Jô sobre o seu mundo, criado tão detalhadamente, e alguns mais sortudos viveriam uma experiência mais real no Mundo Mágico de Harry Potter, a autora que faz nossos corações baterem mais rápido e até perderem uma batida ou outra criou uma escola de magia ao nosso alcance, talvez na mesma cidade em que moramos. Enquanto estamos em nossas vidas secas de magia, bruxos e bruxas podem estar aprendendo Feitiços, Transfiguração e Defesa Contra as Artes das Trevas.

Ok, talvez nem tanto. Porém, saber que Jô pensou em nós enquanto escrevia, saber que ela queria que o Brasil não estivesse isolado do mundo criado por ela acalenta nossos corações e atiça a nossa imaginação. É perceber que o mundo bruxo não está limitado à Europa. Ele também é nosso. Um mundo bruxo tropical.
Mas nem tudo são flores e creio que Jô não disse mais sobre a tal escola, pois simplesmente não sabia como encaixar o mundo de Gui no mundo de sua correspondente, nossa conterrânea. Tentar isso renderia outro livro.

As implicações em transportar o mundo bruxo de um ambiente onde ele se molda perfeitamente para um completamente estranho são muitas. Será que o Brasil importaria hábitos bruxos gringos, como já faz com hábitos trouxas gringos? Ou o nosso mundo bruxo seria totalmente diferente e exótico, assim como nosso país?

Como funcionaria, por exemplo, a Rede de Flu no Brasil? A importação de hábitos dos países mais desenvolvidos trouxe algumas lareiras para o Brasil, mas só os mais abastecidos de galeões teriam essa opção. O Ministério da Magia brasileiro teria que botar a cachola para funcionar.

A questão de moradia bruxa talvez seja mais simples de solucionar. Mesmo sendo o 5º país mais populoso do mundo, o que não faltam são grandes extensões despovoadas no Brasil. Os bruxos não teriam grandes problemas para instalar suas famílias, o Ministério da Magia, um Hospital Bruxo, todas as lojas necessárias para uma vida bruxa tranqüila, e claro, uma escola de magia e bruxaria.

E falando em Ministério da Magia, como ficaria a questão da política em um país tão corrupto? Será que a desonestidade que toma conta da maioria de nossos políticos também se infiltraria na política bruxa? Sabemos que o Ministério da Magia britânico não era totalmente limpo. Já foi mencionado que Lucius Malfoy trocava alguns de seus muitos galeões para ter suas liberdades no Ministério. Esses atos duvidosos não afetaram a “limpa” relação Ministro da Magia / Primeiro Ministro Britânico, mas, como será que nosso companheiro, Excelentíssimo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, se comportaria? Será que o segredo da bruxidade estaria a salvo? E a educação de nossos pequenos bruxinhos, estaria garantida em um país que tem a educação trouxa na situação do nosso?

O diretor da misteriosa Escola de Magia Brasileira talvez fizesse algumas mudanças em nosso sistema de educação bruxa. Por exemplo, em um país onde as origens da magia estão principalmente enraizadas na cultura indígena, onde os pajés das tribos utilizam plantas e materiais naturais para suas feitiçarias de cura da mente e do corpo, Herbologia seria uma matéria fundamental.

Transportar o mundo bruxo, com suas questões solucionadas com base na cultura européia, para nosso querido país talvez não seja tão simples quanto parece em nossa mente. Mas, eu apostaria minha coleção de cartões de Sapos de Chocolate que cada fã incluiria todo seu conhecimento bruxo nessa empreitada de sonhos.

E então, alguma sugestão de como adaptar nosso país às maravilhosas invenções bruxas?

Mariana Elesbão daria todos seus galões, sicles e nuques para tentar se inscrever no Mobral da Escola de Magia e Bruxaria Brasileira.