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Harry on telly

No ido ano de 2001, uma euforia sem tamanho tomava conta do coração de todo pottermaníaco: Merlim, nosso livro favorito ia virar filme! Hoje, encontrar com Harry nas telonas é uma ansiedade natural, mais contida, às vezes dispensada por alguns fãs.
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Mas já pensaram em assitir “Harry Potter” em casa? Não pelo DVD — um seriado baseado em “Harry Potter”? Quantos detalhes encobertos nos filmes poderiam ser mostrados? Quão mais fiel poderia ser? Compartilhe esse sonho com nossa editora Sheila Vieira em sua nova coluna e nos diga, nos comentários, como você gostaria que fosse essa nova ideia de adaptação.

Por Sheila Vieira

Assistindo aos prêmios Emmy no último fim de semana, percebi que muitas das experiências mais interessantes, em termos de temática e forma no audiovisual, estão sendo feitas na televisão, não mais tanto no cinema. Enquanto os filmes para TV, os seriados da HBO e mesmo as produções mais populares saem do convencional, os grandes estúdios, em grande parte, apenas reciclam fórmulas bem-sucedidas.

O que “Harry Potter” tem a ver com a história? Bom, não seria interessante, daqui a algum tempo, ver uma adaptação da obra de Rowling na telinha? Uma das grandes vantagens da TV em relação ao cinema é o maior tempo para desenvolver o enredo, sem precisar fazer os cortes arbitrários que vimos nesses últimos 10 anos. Seria a única chance de realmente ver uma transposição mais fiel dos livros.

Por exemplo, cada livro poderia ser dividido em quatro episódios de uma hora. Imagine a história de “Pedra Filosofal”, por exemplo. Se tivéssemos uma hora para mostrar o que acontece até o Harry entrar em Hogwarts, poderíamos ver as cenas dos bruxos após a queda de Voldemort, a reação de Petúnia ao ver o bebê em sua porta, Harry e Duda na escola, enfim, entender mais o quanto a vida do protagonista era miserável em Surrey e por que ele aceitou tão prontamente sair dali.

Não estou dizendo que os dois primeiros filmes foram muito diferentes dos livros, pelo contrário, foram até mais fiéis do que o necessário. Mas, claro, um projeto como esse, para ser diferente dos filmes, teria que ser comandado por um diretor mais criativo do que Chris Columbus. Muitos fãs sonhavam com Tim Burton para os filmes, mas acho que sua marca autoral é forte demais e “descaractezaria” demais os personagens, como eu acredito que ele fez em “Alice”. (Imagina se ele coloca o Johnny Depp para fazer o Dumbledore?).

Acho, porém, que Alfonso Cuarón seria um nome interessante, mas sem seguir o modelo de roteiro muito apressado de “Prisioneiro de Azkaban”. Nesse “capítulo” então, poderíamos passear mais por Hogsmeade, explicar de verdade a história dos Marotos e fazer a parte do vira-tempo em tempo real (desculpem a repetição).

Provavelmente, em quatro horas de “Cálice de Fogo”, não seria necessário reduzir a Cho Chang a uma tosquinha dedurona (ninguém gostava dela, mas forçaram a barra, né?). Em “Ordem da Fênix” então, poderíamos acompanhar a maravilhosa conversa entre Dumbledore e Harry após a morte de Sirius, quando o mestre explica a profecia e dá várias respostas a respeito do destino do jovem.

E quem sabe um “Enigma do Príncipe” mais centrado na história das Horcruxes, sem abrir mão dos romances? Sobre “Relíquias da Morte” não vou opinar, porque o livro será dividido em dois e o primeiro, principalmente, será bem diferente de tudo que vimos até agora, segundo os relatos.

O principal empecilho desse meu devaneio televisivo será, como sempre, o orçamento, muito menor para as emissoras do que é para a Warner, por exemplo. Quando se trata ainda de um enredo que exige cenários exuberantes, elenco gigantesco e efeitos visuais a todo momento, viabilizar um projeto como esse fica ainda mais complicado. Mas não custa imaginar — afinal, duvido que Rowling imaginava que seus escritos seriam levados ao cinema quando pensou em Harry pela primeira vez.

Sheila Vieira nem ao menos cogitou uma novela (à la mexicana!) baseada nos livros.